capítulo 31

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AYSHA BAIKER

LOS ANGELES, CA
05.10.2023
00H19AM

Assim que me abaixo para ajudá-la ela me espanta com um balançar de mão.

Fico parada esperando ela terminar de jogar tudo pra fora.

— Desculpa, prometo que não vou vomitar da próxima vez. — Ela limpa a boca enquanto se levanta e apoia num carro.

Próxima vez.

— O que foi aquilo tudo que misturou? Você nem costuma beber.

Ela me olha por tempo o suficiente pra me fazer desviar o olhar.

Olho para baixo e estranho quando noto algo em sua pele, saindo de dentro de sua calça jeans.

Uma tatuagem.

Allison Miller tem uma tatuagem secreta.

Eu não sei o porquê isso me surpreende mas eu só sei que surpreende pra cacete.

Desvio o olhar quando ela separa as costas do carro e começa a caminhar de volta para a praia.

— Ei, onde você pensa que vai?

— E você quem é, minha mãe? — Ela sorri sarcástica.

— Você está bêbada demais então não vou criar uma discussão.

Ela para me fazendo bater com tudo em suas costas e então se vira.

— O que você tem a ver com isso? Vai falar que está preocupada?

— Não estou.

— Então está apaixonada por mim?

— Você é muito engraçada mas não, eu não estou.

— E se estivesse? Se você se apaixonasse por mim, o que você faria?

Eu a olho e ela olha pra mim e nessa fração de segundos meu coração para e minha boca seca.

Tem perguntas que não devem ser feitas e nem respondidas.

— Procuraria um psicólogo porque eu com certeza estaria louca.

Ela sorri.

— Se eu me apaixonasse por você, eu não sei o que faria porque você é coisa demais pra mim e eu carrego coisas demais pra você.

Idiota.

— Você está muito bêbada, fica quieta.

— Eu com certeza estou. — Ela coloca a mão na testa como se estivesse com dor e fecha os olhos.

— Vamos.

Me apresso a sua frente e ela me segue em silêncio.

Assim que subo na calçada andamos lado a lado em silêncio.

A praia não está cheia, apenas a parte em que estávamos.

Já não está calor, os carros passam ao nosso lado com pessoas cansadas voltando pra casa, algumas nos olham curiosas, outras no automático.

Assim que vejo um quiosque do outro lado da rua aperto o botão para que o sinal pare.

— Me espera aqui.

Ela não contesta, apenas fica lá parada.

Assim que chego ao outro lado espero um cara ser atendido para chegar minha vez.

— Uma água e uma bala de cereja por favor.

Olho para o outro lado da rua para confirmar que está mesmo lá, está olhando pra mim.

AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora