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Descabelada, com frio e completamente sem esperanças, esses  eram os adjetivos mais adequados para Ale quando o defensor público a deixou sozinha pela manhã, o advogado ofereceu a ela a proposta de tentar um acordo com a promotoria, onde ela se diria culpada e pediria uma redução na pena se comprovasse endereço fixo e uma espécie de vinculo, como um trabalho ou filhos pequenos que precisariam dela, mas não trabalhar em algo convencional ou ter legalmente a guarda de Vik prejudicava a última parte. 

Se declarar culpada de um crime que não havia cometido não podia ser uma saída inteligente, jamais conseguiria uma vida decente depois que toda Europa conhecesse o rosto da assassina do patriarca de uma Oligarquia Russa, além disso, não duvidaria se houvessem planos para matá-la na cadeia, o ruivo ameaçador que conheceu por chamada de vídeo dias atrás controlava uma boa parte do submundo de Moscou e parecia disposto a vingar a morte de Artem, ainda que não fosse o melhor amigo dele.

—Tem um advogado querendo falar com você!—Disse o policial que ela mal tinha notado a presença—Seu caso tem chamado atenção!—Ele falou ao algemá-la e guiá-la do corredor a sala de paredes cinzas, onde o homem de terno azul, barba rala e cabelos baixos e pretos a esperava, Ale nunca tinha o visto na vida, mas ele sorria como se a conhecesse 

—Boa tarde!—Ele estendeu a mão e antes que ela pudesse apertar o policial a deteve 

—Nada de toques!

Ale anuiu em silêncio ao sentar

—Solicito uma conversa privada com a detenta, estou aqui como advogado!

O policial anuiu e o homem esperou ele sair da sala, está algemada de frente para um homem que não conhecia era assustador, ele podia ser o advogado que Artur Arnaturov prometeu a ela ou um homem disposto a matá-la a mando de Dmitry de Medev 

—Quem é você?—Ela perguntou, o encarando apreensiva 

—Kliment Ivanov e se você aceitar, serei seu advogado!

—Espera, então o Artur te mandou?

Kliment franziu o cenho e ela o fitou com estranhamento

—Eu não deveria falar dele? Desculpe, fizemos um acordo e...

—Quem é Artur?—Por ela não ter respondido ele decidiu explicar—Aleksandra, eu estou aqui porque sou amigo do Kazimir Abrayev, seu ex marido!

A ruiva empalideceu, nem em seus maiores sonhos via Kazimir como alguém apto a ajudá-la em uma situação como aquela

 —Como ele soube que eu fui presa?

—Conheci seu amigo, um rapaz chamado Eduard, ele e o Kaz pediram para que eu viesse ao seu encontro!

Aquilo era ainda mais improvável, Ed e Ka se odiavam, haviam brigado por causa dela há pouquíssimo tempo. 

—Como tem sido ficar aqui?

—Horrível e tem um policial que fica me olhando comer!—Ela disse—Eu quero muito ir para casa!—Passou a mão pelos cabelos, jogando os fios para trás

—O que é isso no seu rosto?

Ela arregalou os olhos, tinha esquecido completamente do hematoma, haviam tantas coisas ruins acontecendo que nem tempo de olhar para si ela tinha—Maus do ofício...

Kliment tirou alguns papeis da bolsa de mão que levava  —Vou ser sincero, seu caso é difícil e haveria uma audiência na  terça feira que os advogados do Arnaturov conseguiram evitar, o que me favoreceu um pouco já que terei até quinta para estudar tudo e fazer o pedido de habeas corpus.

As Justiceiras - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora