As Justiceiras - Série Crianças de Moscou

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Denis tinha dormido ao seu lado novamente e quando isso acontecia, Mila precisava acordar um pouco mais cedo e mandá-lo sair para que não levantasse suspeitas, não que alguém daquela casa prestasse atenção neles, mas soaria estranho ter que dizer que dividia o colchão com o irmão, ainda que na mais fraterna das hipóteses.

Porém, daquela vez Mila não agiu como sempre, saiu da cama por volta das oito da manhã e tratou de trocar a calça do pijama por uma legging e colocou um suéter preto de gola alta, penteou os cabelos curtos e escovou os dentes, tudo da forma mais silenciosa possível, organizou seus pertences no armário e pegou a câmera dentro da mochila, a pendurando no pescoço com o cordão.

"Bom ângulo..."- Pensou ao parar de frente para a cama, então puxou a poltrona que ficava ao lado do armário e sentou-se nela, antes de remover a capa da lente e tirar algumas fotos do outro que dormia em sua cama

—O que está fazendo?—Denis perguntou, ouvindo os cliques da câmera, ele sentou-se na cama e coçou os olhos, ali Mila conseguiu o clique que a satisfez, o garoto de peito desnudo, cabelos jogados de forma desordenada sobre a testa, um dos olhos cobertos pelo dorso da mão, os lábios rosados entre abertos e o cobertor roxo que envolvia suas pernas dando o contraste perfeito entre a pele branca, os cabelos escuros e os olhos azuis 

—Não se mexe!—Ela disse ele tirou a mão do rosto e revirou os olhos—Eu falei para não se mexer!

—Você é psicótica!—Disse ao sorrir de lado e ouvir novamente o clique—Estou te inspirando? —Mordeu os lábios

Mila afastou a câmera do rosto e passou a ver as fotos que havia feito 

—Alguma ficou boa?

—Não!—Ela colocou um dos pés no assento da poltrona a qual estava sentada —Nenhuma delas mostra o que eu queria ver!

—E o que queria ver?—Denis perguntou ao bocejar—Seu olhar artístico me impressiona!—Comentou

—Queria ver sua deslealdade, congelar o momento em que notasse o quão traiçoeiro você é!

Denis paralisou e os olhos esbugalhados deram a Mila o que ela procurava, tinha um antes e depois, o olhar dele ao despertar do sono fisiológico e agora ao acordar da ilusão falha de tê-la a enganado

—Achou que eu te pediria para pegar a camisinha na bolsinha onde estava o celular do papai?—Ela fez biquinho —Como me subestima, como pareço tola!—Sorriu—Quando me disse que sabia que ouvi sua conversa com Artur...—Ela apontou para ele—Bem ali eu soube que você podia me trair

—Não te traí!

—Jura? Para quem diz que não joga meu jogo de poder—Ela balançou a cabeça—Tem sido uma bela peça no tabuleiro! 

Frustrado ele olhou para as próprias mãos, ela jamais entenderia seus motivos—Mila eu só queria te proteger

—Queria te proteger—Ela falou ao mesmo tempo que ele—Patético, eu não preciso ser protegida, achei que tinha deixado isso bem claro, que tinha comprovado do que sou capaz depois do enterro do papai quando Dirk me pediu um prazo para me responder sobre a aliança. Eles estão na minha mão e ainda assim você não confia em mim!

—Eu confio!—Ele se apressou em dizer ao inclinar o corpo para frente—Mas não gosto do que faz!

—E não precisa gostar, só não me atrapalhar! Você ouviu o Eugene me ligar ontem para dizer que eu possuiria os votos necessários para fazer parte do conselho e ainda assim entregou o telefone ao Artur, por que o ajudou? Por que não está ao meu lado?

Ele se livrou dos lençóis —Eu não estaria no lado de mais ninguém, sei que é capaz de conseguir exatamente o que quer, o Andrey também sabe e é por isso que ele quer te machucar! Fiz um acordo com o Artur para impedir que eles te torturem, ele me garantiu que o Andrey não encostará em você, isso te ajuda, torna seu plano maluco menos perigoso, mas não garante segurança, só ficará a salvo se desistir!