𝟯.𝟬

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05 de Agosto de 2023
15:21

Organizava as milhares de pilhas de papel em minha mesa, não sei como isso pode se acumular em apenas uma semana. Olho a hora no relógio e parecia até mesmo que ele estava parado.

Já arrumei vários documentos mas parece que o tempo se recusa a passar. Meu celular não parava de vibrar e isso já estava me irritando, não estava dando conta de ver todas as notificações.

Contextualizando, algumas pessoas estão felizes por eu estar de volta, outras estão me odiando, como sempre. Andam fazendo até vídeos meus editados, com músicas de fundo e tudo, até parece que sou famosa, outras fazem comentários maldosos e desnecessários. Pego meu celular e o jogo dentro da bolsa, tentando minimizar o barulho.

Volto meu foco aos papéis mas algo não me permitia, um pensamento vem me assombrando há alguns dias.

Será que Tom assistiu as gravações? Com certeza só a da briga. Me incomoda pensar que algo tão íntimo está nas mãos de alguém que não tenho mais nenhum contato, sinto que somos estranhos novamente. Estou confiando gravações íntimas para alguém que hoje é desconhecido, isso me deixa extremamente insegura.

Preciso de um café para tentar afastar esses pensamentos. Então me levanto e vou para a pequena sala que tinha alguns aperitivos e sofás para descanso.

Não havia ninguém na sala e eu me sinto aliviada, queria ficar na minha, sem ninguém para conversar ou na minha companhia.

Me sirvo com o café e pego algumas bolachas, me sento no sofá e ligo a TV embutida na parede. Acendo um cigarro e me levanto novamente, agora para abrir a grande janela que era a maior fonte de iluminação da sala.

A abro e sinto o vento fresco bater em minha pele e esvoaçar meus cabelos, dou uma breve olhada em Downtown, todo aquele trânsito caótico e poluição sonora e visual.

Me sento e coloco o cinzeiro ao meu lado.

Olhava a propaganda passando na TV, meus olhos castanhos meio esverdeados olhavam diretamente para a câmera, parecia que olhava diretamente para mim, me julgando.

— Ultimamente anda fumando bastante— escuto a voz de Tom e rio, continuo olhando para o comercial.

Mas espera, ele está me observando?

— Cada um se mata de um jeito— o silêncio paira sob nós, mas logo em seguida é quebrado.

— Parabéns, o comercial ficou perfeito— me elogia e eu solto um pequeno e disfarçado sorriso.

— Obrigada, Will já conversou com vocês sobre o próximo?

— Sim.

— E o que acharam?

— Bom, muito bom, na verdade. Em quanto tempo você acha que dá para colocarmos em prática?

— Daqui uns meses, o primeiro foi muito bom, os próximos tem que ser tão bom quanto. Jamais decepcione o que orgulhou.

Era uma frase que sempre repetia para ele no passado, e na hora que terminei a frase ele se lembrou e me olhou com olhos de nostalgia. Desvio meu olhar e volto para a TV enquanto soltava a fumaça.

— Isso— diz baixo, desligo a TV e antes que pudesse sair da sala ele me pergunta— Quando irá casar?

Sua pergunta me arrepia, paro em frente a porta e olhando para o chão, respondo.

— Daqui quatro meses.

— Você sempre falou que tinha vontade de casar em dezembro mesmo— ri, você tem razão, Tom, porém era para ser com você— Eu realmente estou feliz por ver como você está hoje.

𝗗𝗔𝗥𝗞 𝗣𝗔𝗥𝗔𝗗𝗜𝗦𝗘 𝖳𝗈𝗆 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓Onde histórias criam vida. Descubra agora