Capítulo quarenta e um

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Com o corpo de Adriana deitado ao meu lado, sua perna passando por cima das minhas enquanto ela se enrosca e murmura manhosa enquanto dorme com a cabeça em meu peito, sinto meu coração acelerar apenas pela noção de que ela está aqui, comigo

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Com o corpo de Adriana deitado ao meu lado, sua perna passando por cima das minhas enquanto ela se enrosca e murmura manhosa enquanto dorme com a cabeça em meu peito, sinto meu coração acelerar apenas pela noção de que ela está aqui, comigo.

Acariciando suas costas nuas com a ponta dos meus dedos, encarando o teto quando solto um suspiro um pouco cansado, eu me sentia estranho.

Eu me sentia vulnerável.

Adriana sabia sobre mim, ela sabia sobre o meu passado.

Ela agora estava ciente do que me atormentava.

E aqui estava ela, deitada em meus braços, agarrando-se a mim como se estivesse com medo de que eu pudesse fugir dela em algum momento durante a madrugada.

Pensei em correr, confesso. Pensei em desistir muitas vezes desde que parei de chorar e senti essa sensação esquisita dentro de mim, como se qualquer coisa pudesse me deixar abalado. Como se agora, eu estivesse começando a aprender como as pessoas normais se sentem vinte e quatro horas por dia, mas ainda parecia diferente, porque ninguém queria chorar o tempo inteiro como eu queria agora.

Como se chorar não fosse o suficiente para retirar essa dor em minha alma.

Algo em mim foi aberto no momento em que Adriana fez aquilo comigo, mesmo ciente de que ela jamais me machucaria, foi impossível não sentir aversão depois de um tempo.

Não que houvesse algum problema com ela, mas sim comigo, as lembranças em minha mente estavam mais frescas e também mais vívidas, e talvez esse seja o motivo para me sentir tão... machucado.

Há muito tempo atrás, eu deixei de me deixar sentir dor quando pensava a respeito do que tinha acontecido comigo, a agonia sempre esteve presente, é claro. Mas eu já não me permitia chorar há tanto tempo que quando as primeiras lágrimas surgiram em meus olhos, achei que não pudesse aguentar a dor que elas carregavam consigo depois de tanto segurar a sombra do meu passado comigo, sozinho, durante todos esses anos.

Em um momento, passou pela minha cabeça de que talvez pudesse ser o momento de finalmente contar aos meus irmãos o que havia acontecido comigo.

Como eles iriam reagir ao saber sobre o abuso? eles iriam me perdoar por esconder isso deles todos esses anos?

Não dando tempo para desistir da ideia, pego o celular em cima da mesinha próxima ao sofá, tomando cuidado para não acordar Adriana durante o processo. Abrindo o aplicativo de mensagens, digito uma mensagem pedindo para que eles venham até mim amanhã após o almoço, frisando a todo instante na mensagem que precisava deles, e que o assunto era sério.

Ouvindo Adriana suspirar, desligo a tela do celular que iluminava a sala escura onde estávamos deitados e beijo sua testa. Ciente de que a acordei, murmuro em seu ouvido — Desculpe por acordar você.

Leva algum tempo até que ela realmente acorde, bocejando e se espreguiçando, ela diz.

— Tudo bem. Você estava acordado até agora?

THE ICE KING: beyond the darkOnde histórias criam vida. Descubra agora