Capítulo dois

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semanas depois...

Liam Fletcher – 9 ANOS DE IDADE

Abro meus olhos com dificuldade com toda essa claridade e o quarto branco que cheirava à produto de limpeza., sentindo meu corpo inteiro doer, eu mal podia me mexer.

O que tinha acontecido comigo?

Me sento abruptamente na cama quando as lembranças voltam tão rápidas que se torna impossível acompanhá-las, sentindo dificuldade em respirar quando lembro daquela noite, do que cada um daqueles caras fizeram comigo, do momento que eu chorei pela dor que sentia, no momento em que eu gritei, mas ninguém apareceu para me ajudar.

Tudo era tão vívido, a dor que eu senti como se minha alma estivesse sendo rasgada por completo, o momento em que eu simplesmente me desliguei do mundo para não sentir porque sentia que estava morrendo aos poucos, porque eu podia me ver quebrar por dentro.

Eu não queria mais sentir dor, e é exatamente por isso que me desliguei, desistindo de clamar por ajuda quando entendi que ninguém iria aparecer para me ajudar, parando de chorar quando eu sabia que meu choro não iria fazê-los parar.

Engulo a seco, olhando para as minhas mãos machucadas e para a roupa de hospital em meu corpo, sentindo uma dor horrível em minhas regiões íntimas.

A porta se abre e me assusto quando uma mulher vestida de branco passa por ela com um sorriso gentil em seus lábios, mas eu não entendo porque ela ri.

— Você finalmente acordou! – ela parece feliz quando diz isso, mas, novamente, não entendo o porquê.

— Quem é você? – pergunto sério.

— Eu sou roseta, a enfermeira que está cuidando de você desde que chegou aqui.

— Há quanto tempo estou dormindo? 

— Há cinco semanas – arregalo meus olhos com sua resposta, encarando os lençóis da cama — Como você está se sentindo?

— Com dor.

Ela me olha com o que parece ser tristeza em seu olhar, mas não me importo o suficiente para tentar decifrar seus sentimentos.

— Que tal você me dizer seu nome? – a olho, hesitante.

— Não.

Ela ri outra vez, anotando alguma coisa em seu papel e pegando um copo de água para mim com um remédio.

— Ok, garoto sem nome, tome isto aqui.

— O que é isso?

— Um remédio para aliviar a sua dor.

Nego com a cabeça, abaixando meus olhos para o chão do hospital, apertando os lençóis com força.

— Acho que seu remédio não irá curar a minha dor, doutora.

Ela suspira, colocando em minhas mãos o remédio e o copo, e mesmo não querendo ingerir nada, eu tomo mesmo assim.

— Olha, por que você não toma um banho e depois eu converso com você?

— Conversar sobre o quê?

— Eu tenho uma proposta muito boa para você.

— Que tipo de proposta, doutora?

— Um lugar especial para você morar – aperto minhas sobrancelhas, confuso.

— Um lar?

— Sim, isso mesmo, um lar! 

— Um lar com comida? com comida de verdade?

Ela ri da minha pergunta e confirma com a cabeça, e eu arregalo meus olhos com a minha boca aberta.

THE ICE KING: beyond the darkOnde histórias criam vida. Descubra agora