THE ICE KING: beyond the dark

Capítulo um

Liam Fletcher – 9 ANOS DE IDADE

— SEU MOLEQUE LADRÃOZINHO! EU VOU CHAMAR A POLÍCIA! – gargalho com o velho barrigudo gritando atrás de mim, correndo e pulando pelos obstáculos em minha frente com um sorriso enorme em minha boca.

Eu tinha roupas novas!

Talvez eu tenha conseguido da forma errada, mas correr com essas botas era melhor do que correr descalço, sim! sim!

— ALGUÉM PEGUE ESSE GAROTO! – eu entro em um beco com a camisa grande farfalhando e estico meus lábios em uma linha reta vendo que era um local sem saída, virando abruptamente quando ouço passos próximos e vejo o homem chegando no beco também, chutando uma lata em minha direção com um sorriso feio e uma carranca desagradável.

— Senhor – digo ofegante, enxugando o meu suor com a manga da camisa preta — Eu preciso dessas roupas!

— Então pague por elas, seu moleque!

— Mas eu não...

— Se não tem dinheiro, não pode ficar com elas!

— Mas elas são minhas agora! – estufo meu peito, olhando ao redor do beco e vendo que seria um pouco difícil escapar com essa bermuda maior do que eu, amarrada com uma corda que consegui roubar antes de ser pego.

— Ora, seu moleque! eu vou chamar a polícia e você irá ficar encrencado!

— Essas roupas nem servem em você! você é gorducho!

— E nem servem em você também! – o homem parece zangado, e eu engulo a seco dando alguns passos para trás — Você está sem saída!

Ri rouco com meu peito sacudindo, correndo até a parede do muro e batendo meus pés na parede para pegar impulso, me lançando até conseguir agarrar o topo e fazer esforço para subir nele, sentindo-me ofegante demais, eu estava sem força, já fizera cinco dias que eu não tinha comido nada.

Eu nem sabia mais como era a sensação de se sentir satisfeito.

— O que você está fazendo!? – o homem pergunta, eu ri da sua cara, ficando de pé em cima do muro e mostrando-lhe a minha língua.

— Você não pode me pegar, gorducho! obrigado pelas roupas! – ri dele, subindo no telhado do comércio e correndo pelas telhas ouvindo seus berros, o vento sacudia meus cabelos e minhas mãos estavam machucadas pelo muro, mas eu não dava a mínima.

Porque eu tinha roupas novas.

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Chuto a pedrinha no chão com a minha bota nova e suspiro triste, sentindo meu estômago roncar. Aquela corrida contra aquele velho gordo tinha sugado toda a energia que me sobrava, e agora eu estava morrendo de frio e pior, fome.

Olho para o outro lado da rua onde uma criança passa segurando na mão de seu pai e sua mãe, e abraço meu próprio corpo contra o frio, era noite de chuva, eu odiava as noites de chuva.

Não tinha onde se esconder e se aquecer direito, e molhava todo o papelão onde eu dormia!

Eu estava com tanta fome, e roubar um restaurante agora não iria me ajudar, todos estavam atentos sobre o ladrãozinho que andava solto por aí.

— Ei, rapazinho! – ouço uma voz grossa me chamar, eu olho para o beco escuro vendo quatro homens parados lá, sentindo medo pela forma estranha que eles estavam sorrindo e me olhando.

— O que é? – pergunto rude.

— Você precisa de alguma ajuda? – o outro homem pergunta, ainda me olhando estranho e eu nego em silêncio.

— Você parece com fome – um deles diz, sorrindo amarelo — Você está com fome, menino!?

— S..sim – digo, apertando minha barriga quando sinto dor pela fome.

— Nós podemos te pagar uma comida, o que você acha?

Arregalo meus olhos, puxa vida.
Era o meu dia de sorte!

— Mesmo? – pergunto, esperançoso.

— É claro! por que você não vem até aqui.. e depois compramos sua comida?

Aperto minhas sobrancelhas sentindo uma sensação estranha em meu peito, mas eu estava com tanta fome que mal podia me importar agora, esses caras iriam me dar comida, e eu precisava muito disso!

Caminho devagar até eles, vendo os homens assustadores se levantarem juntos e engulo a seco, olhando para a mão esticada de um deles com meu coração meio rápido.

— Isso... me dê sua mão, nós vamos cuidar de você! – um deles diz, com um sorriso horrendo em sua boca e estico a minha mão pequena, olhando para trás.

De repente, a rua parecia silenciosa.
O mundo parecia ter parado e ficava cada vez mais distante de mim, como se o beco estivesse, lentamente, ficando longo e mais escuro à cada segundo.

Quando o homem fechou sua mão sobre a minha, foi quando eu percebi que era tarde demais.

Eu nunca mais seria o mesmo.

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Boa leitura! ❤

Hoje iniciamos uma nova etapa, um novo começo e com personagens novos e diferentes, e eu quero agradecê-las por todo carinho.

Tirando a parte triste desse primeiro capítulo, eu queria desejar feliz dia das mães para todas mamães que adoram ler meus livros, por vocês, hoje teremos mais capítulos, fiquem atentas! ✨