Capítulo 4 - Gramado e dois corpos atrapalhados

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— Nossa, aquela é sua mãe? Não se  parece nada com ela — dou um sorriso e olho de relance para Sofia.

Estamos passando em frente ao Obelisco, quase chegando no parque. Mesmo de manhã, tem um certo número de pessoas – grande, devo dizer –,  que já estavam caminhando para dentro do parque.     

Conversamos bastante sobre assuntos aleatórios, o que era bom, pois eu a conhecia mais.

Vejo que ela fica desconfortável e quando abre a boca para falar, uma buzina soa atrás de nós e Sofia dá um pulo. Coloca as mãos no peito.

— Que susto! — ela respira fundo.

— Está tudo bem? — pergunto preocupado.

— Sim, só... a buzina... — ela se vira para trás.

Demoramos tanto para entrar, mas as vagas estavam vazias e o que víamos eram mais pessoas vindo em suas bicicletas do que em carros.

Saímos do carro e Sofia pega a cesta no banco de trás.

— Quer alugar uma bicicleta? — pergunto colocando o óculos de sol.

Ela fica parada olhando para mim, mas depois balança a cabeça.

— Claro.

A fila do aluguel estava meio cheia, mas mesmo assim entramos.  

Demora um pouco mas finalmente chega a nossa vez.

— Eu pago — decido sacando a carteira.

— Não, eu pago minha parte. Não tem problema — ela procura o dinheiro na bolsa.

— Eu insisto — coloco a mão no peito.     

— Não... quer saber? Porque você não paga o sorvete?

— Se quiser eu pago tudo.

Ela revira os olhos.                                 

— Paga o aluguel, que eu pago os sorvetes, tudo bem?

Concordo relutante e pegamos as bicicletas.

—  Esqueci do tempo instável que é aqui — passo a mão na testa, tentando inutilmente tirar o suor.

— É. Aqui é assim  — ela solta uma risada gostosa. — Por quanto tempo ficou fora?

— 3 anos.

— Uau é bastante tempo. Não ficou com saudade de casa?

— Ah, às vezes dava vontade de voltar. Quando tinha alguma dificuldade. Queria largar tudo e vim morar aqui novamente.

— No começo não devia ter sido fácil.

— E não foi, nenhum pouco.

Até Lisa aparecer.

Balanço a cabeça, enfiando tudo de ruim pro fundo da mente, querendo esquecer.

Subimos na bicicleta até acharmos um lugar apropriado para comer.

Paramos num lugar cheio de árvores vazias, e no contorno delas, folhas secas.

— Que lindo que está aqui! — Sofia diz e tira uma foto com sua câmera.

Depois de colocar uma toalha, eu sento e fuço a cesta.

— O que temos aqui, hein? — digo em brincadeira e pego uma garrafa térmica.

— Experimente! — ela diz empolgada.

Pego a tampa que serve de copo e me sirvo.

O gosto de abacaxi com hortelã e menta refrescam meu corpo em segundos.

Às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora