- A senhora pode me passar o sal, por favor? - pergunto sorridente para Letícia.
Nós estávamos reunidos em um almoço de domingo, todos estavam se deliciando com a comida da minha sogra. E quando eu digo todos, são TODOS mesmo.
Sofia estava com quase 38 semanas de gestação e ficava mais linda a cada dia. Nós discutimos um pouco sobre o nome do bebê, mas ela tinha decidido que não queria saber o sexo da criança, só na hora do parto. Tendo assim que escolhemos: Sarah para menina (homenagem para a avó dela, mas também por que o nome é muito bonito), e Mateus para menino. Ela gostou, eu gostei, então decidimos.
Até que eu ouvi um grito do meu lado, um apertão na mão e um líquido escorrendo do lado do meu pé.
- A bolsa estourou! - minha esposa diz com um fio de voz.
Daí tudo acontece muito rápido.
Os nossos parentes ficam totalmente desesperados e dizendo:
- Vamos chamar a emergência!!!
Só que eu fui mais rápido a pegando no colo e correndo para o carro. Não esperaríamos a emergência chegar em mínimos 30 minutos. A minha mulher já teria dado a luz.
Maldito seja esse caminho longo até a portaria.
Praticamente voo até o hospital. Sofia se contorce de dor e eu queria pegá-la um pouco para mim, se pudesse amenizar tamanho o sofrimento. Eu até deixo numa estação de rádio com uma música calma e relaxante, mas é óbvio que não funciona para nenhum de nós dois.
Quando chegamos, a maca já os esperava. Provavelmente meus pais tinham avisado.
- O senhor é o pai? - a moça pergunta enquanto corremos pelo corredor.
- Sim, sim - respondo rapidamente.
- O senhor quer assistir o parto?
- Sim - repito.
- Tudo bem, então me acompanhe - ela diz entrando numa sala e eu a sigo.
Só espero não desmaiar.
O obstetra me cumprimenta e sigo as instruções de higiene.
Quando chegamos, ela já está lá, quase gritando de dor. Mas não me nota.
- PETER! - ela me chama e eu corro do seu lado.
AH, MEU DEUS! VAI SER PARTO NORMAL?!
- Eu estou aqui, meu amor - eu digo beijando sua testa suada.
Ela aperta forte minha mão e grita.
- Tudo bem, Sofia. Pode fazer força! - Hugo, o obstetra diz.
Eu me sinto visivelmente desconfortável vendo Hugo olhando para as partes baixas da minha mulher, mas eu digo a mim mesmo que isso é pelo o bebê.
Sofia empurra com força e aperta a minha mão, gemendo.
- Continue, continue!!! - Hugo diz.
Ela faz de novo, só que com muito mais força.
- Eu estou vendo a cabeça! - Hugo diz esperançoso.
Quase desmaio.
- Oh, Deus! - Sofia para um pouco para recuperar o ar e olho para o seu pescoço vermelho. - Peter!
Ela grita e faz força de novo.
A sala fica em um silêncio mortal, mas é preenchido divinamente por um choro estridente.
- Ahhhhhhhh - Hugo diz, alegre. - É uma linda e saudável menina!
- É... u-uma menina? - Sofia pergunta sorrindo com os olhos fechados, mas lágrimas escapavam.
Eu estava chorando que nem um condenado desde o início.
- Nossa Sarah, meu amor - passo a mão pelo seu cabelo.
- Eu qu-quero vê-la - ela sussurra.
- Sarah - a enfermeira entrega um pacotinho.
A carinha de joelho era a coisa mais linda que eu já vi!
- Ela é linda - eu me pronuncio depois de um tempo a admirando.
- Ela é parecida com você - Sof ri.
- Nossa, eu vou levar como um elogio - eu rio também.
- Ela tem cabelinho, olha - minha esposa passa o dedo delicadamente pela cabecinha de Sarah.
- Crianças já não nascem com cabelo, mulher? - eu faço graça.
- Não. Eu mesma nasci careca - ela me olha, ri e mexe no meu cabelo.
- Você quer ter uma prole maravilhosa comigo? - eu pergunto, sério. - Vários filhos correndo pela casa e fazendo bagunça?
- É claro. Será um prazer ter mais filhos com você, sr. Quero-milhões-de-filhos. Essa é ainda o primeiro fruto do nosso amor, querido.
Tasco um beijo na sua boca.
- Eu te amo - digo sorrindo.
- Eu te amo, Peter pai - ela diz rindo maravilhosamente.
FIM.
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Às Avessas
Roman pour AdolescentsPeter convivia com sua linda namorada, Lisa, em Nova Iorque. O que não esperava era que ela lhe deixasse, sozinho e desamparado. Não aguentando mais, Peter volta para sua cidade natal e sua antiga vida. Mas, o que não esperava era encontrar uma garo...