Escolhi errado a minha decisão de deixá-la, e agora eu me arrependo. Me arrependo muito!
Quando fui embora para fazer uma faculdade na Alemanha, senti remorso de mim mesmo. Eu vi que as minhas palavras contra ela foi de raiva, mas eu não.... simplesmente não aguentava mais sua tristeza.
— Sofia, é melhor terminarmos aqui. Eu não consigo viver mais assim. A pressão, a sua angústia batem em mim e não sei mais o que fazer. Eu estou indo embora. Espero que tudo melhore. Vai ser até melhor terminarmos. Você não vai ficar sobrecarregada, eu não vou ficar sobrecarregado.
E aquele dia, fechei a porta de sua casa, deixando uma Sofia gritando sozinha.
Sei que a partir daquele dia, ela passou a me odiar. Suas palavras me atingiram como flechas:
— Você é um covarde! Eu não acredito que deixei isso passar! Oh meu Deus!
Mas eu mereço.
E agora, depois de três anos, aqui estou eu de volta, cheio de energia. Tive os meus casinhos com as alemãs (que eram muito gatas!), mas eu nunca esqueci Sofia. Ela foi meu alicerce quando eu passei dificuldade em casa. Foi ela que alegrou os meus dias com seu sorriso contagiante e lindo. Era divertida e sempre alegre. Só que quando o seu pai estava doente, não aguentei vê-la sofrendo por ele. Ela tinha murchado.
E meu mundo foi descolorindo. Teve um dia que até ficou com febre, de tanta sofrência. E, o que eu não queria achar, acabei colocando dentro de mim: pena. Eu sabia que Sofia não queria pena de ninguém, mas eu tive.
Lembro-me do primeiro dia que a vi. Nós éramos crianças ainda e estávamos na Igreja. Ela com seu vestido florido dançando junto com o seu pai, e sorrindo sem os dentes da frente. Seus olhos verdes pequenininhos pela sua risada sonora. Na sala das crianças eu comecei a puxar papo com ela e viramos grandes amigos. E com o tempo, Sofia se tornava uma mulher linda e desejável. E claro, eu não fiquei para trás. Comecei a me sentir estranho em relação à ela e quando percebi, estava apaixonado pela aquela mulher com espírito de menina.
Me declarei com coração e pulmões e para a minha surpresa, ela também gostava de mim. A alegria não cabia em mim e começamos a namorar logo, ela com 18 anos e eu com 22. Seu pai meio que não aceitou no início, mas ele percebeu como estávamos apaixonados.
Mas, depois de alguns meses, tudo começou a desmoronar. A bolsa que eu tinha ganhado, seu pai doente, os problemas com minha mãe. Tudo.
E quando a vi de novo, eu me apaixonei novamente. Seus olhos tinham um brilho diferente, parecia... Paixão? E foi quando eu o vi. Peter e seu sorriso enorme, as mãos cravadas em sua cintura, e eu me remoendo de raiva. Como ele a conheceu?
Os momentos que nós passamos juntos veio à tona. Quando saímos pela primeira vez, aos quatorze anos, no cinema; nosso primeiro beijo; o pedido de namoro. Veio como flashes. E vi Peter beijando sua cabeça com carinho. E quase desmoronei.
Como eu sou fraco!
Não aceitei ir no restaurante com eles, eu simplesmente não iria aguentar a felicidade estampada no seu lindo rosto.
Saí vagando pelas ruas de São Paulo. A vontade de gritar para todos que ainda a amava com toda as minhas forças e voltar, agarrá-la e tascar um beijo na sua deliciosa boca. Parecia que os hormônios da juventude voltaram à flor da pele e a queria, por Deus, como eu a queria!
Uma ligação me fez sair do transe.
Era Evelyn.
(Conversa em alemão)
— Oi, meu amor — a loira alemã disse com sua voz sensual.
— E ai, Eve — disse animado. Quando é que uma gata pode estar no seu pé algum dia?
— Eu tenho uma novidade! — ela disse energética. Tinha vozes que pareciam do alto falante e eram em... português. — Estou no Brasil!
Congelei. Como assim?
— A-ah. Onde você está? — digo meio nervoso.
— Eu estou no aeroporto, gatão. Acabei de chegar. Você pode vir me buscar?
— Que coincidência. Eu estou perto daí. Chego em mais ou menos 10 minutos.
— Tudo, tudo bem, meu fofinho. Eu vou estar te aguardando ansiosamente. Um beijo — ela diz com a voz melosa.
— Tudo bem. Beijo.
Eu estou com sorte!
Mas, espera aí... o que Evelyn está fazendo aqui? O que ela pretende fazer aqui?
Deixo essas questões de lado e me concentro na estrada.
Chego exatamente 10 minutos, como o previsto.
Vejo cabelos brilhantes no vento e logo a reconheço com a sua pele branca como a neve.
Saio do carro e me aproximo da loira. Ela observa cada movimento meu e antes que eu fale alguma coisa, ela me pega pelo pescoço e me beija euforicamente.
— Ai, meu docinho, como eu estava com saudades de você! — ela diz mexendo nos meus lábios.
— Eu também, Eve. Deixa eu pegar suas malas — saio de perto meio embriagado pelo beijo.
As malas cor-de-rosa pink chamam atenção no aeroporto e as coloco dentro do porta malas.
— Aonde você vai ficar? — pergunto curioso.
— Eu não faço a mínima ideia — ela ri. — Eu meio que vim sem rumo. Só que o motivo principal de estar aqui foi você. Até fiz aulas de português!
— Ah é? Fale algumas palavras.
— Depois — ela esconde um sorriso travesso.
— Eve, por favor.
— Você mora sozinho? — ela desvia do assunto.
Desisto de tentar.
— Sim. Desde que voltei, eu moro sozinho.
— Legal — ela tenta fingir desinteresse.
Penso e acho que não terá problema de hospedar Eve...
— Você... quer ficar um tempo comigo?
— Eu adoraria! — ela diz rápido. — Quero dizer... se não for incômodo...
— Não há problema. Eu também vou adorar.
— Ótimo — ela beija meu pescoço, me fazendo cócegas.
Eu rio e sigo para casa.
Chegando lá, pego todas as suas coisas e deixo na sala de estar.
— Bem vindo ao meu humilde lar! — estendo os braços pelo cômodo, apresentando minha casa.
Mas ela nem liga. Pega o meu rosto com as pequenas mãos brancas, me encara intensamente e sorri furtivamente.
— Eu te amo, Tiago. — ela diz em português.
€€€€€€€€€€€€€€€€€€
EITA!
Oi pessoas! Peguei vocês!
Estou aqui na minha humilde viagem (mentira, aqui é ó ), e vim fazer uma surpresa! Sabe porquê, POR QUÊ?
Porque hoje faz um mês de Às Avessas! UHUUUUULLLLLLL.
É isso aí, um mês de AA.
Gente, eu to muito feliz.
Vocês me devem um crédito, viu.
Mas e aí, gostaram do POV surpresa? Eu gostei. O que acharam da Evelyn lacradora? Votem e comentem!
Kisses, H.D.
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Às Avessas
Teen FictionPeter convivia com sua linda namorada, Lisa, em Nova Iorque. O que não esperava era que ela lhe deixasse, sozinho e desamparado. Não aguentando mais, Peter volta para sua cidade natal e sua antiga vida. Mas, o que não esperava era encontrar uma garo...