Capítulo 7 - Confissões e Beijos

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A maneira que Sofia olhou para o grupo foi de puro horror. Ela não conseguia falar nada. Sua expressão horrorizada foi a confirmação de minha mente.

— Tiago... — ela sussurra inaudível.  

— Mas o que... — intercalava o meu olhar entre Sofia e Tiago que, felizmente, não tinha nos notado ainda. — Você o conhece?

— Eu... — ela não consegue olhar nos meus olhos.

Levantei seu rosto delicadamente pelo queixo e ela finalmente me olhou.

—  Sofia, por favor... — suplico com os olhos.

— Sofia? — uma garota que tinha traços indígenas apareceu na nossa frente. Era muito bonita.

Os olhos cor de chocolate me encaram.

— Oi — ela sorri.

— Olá — devolvo o sorriso e ela me comprimentou com um abraço.

— Bem vindo! Você deve ser o Peter. Prazer, Lídia.
           
Vejo que a Sofia falou muito de mim... Olho para ela, que está forçando um sorriso.

— Sof! Você viu quem está aí? Tiago nos pegou de surpresa — os olhos de Lídia brilham e ela ri abertamente. — Ele não está um gato? Nem sei por que vocês terminaram.

Fecho a cara. COMO ASSIM TERMINARAM? Ele... ele era namorado dela?

A menina se deu conta do que falou e fica super sem graça.

— Desculpa, eu não sabia que vocês... — ela aponta para nós dois.

— Não! — eu e Sofia falamos juntos.

— Agora eu tô confusa — Lídia ri nervosa.

— Olha, Lídia, por que não conversamos mais tarde, hã? — Sofia dá batidinhas no ombro da garota e pega minha mão e me tira de lá.

— Como assim? Vocês eram namorados?

— Você o conhece? — ela arregala os olhos.

— Ele é o advogado que está cuidando de uns negócios na empresa do meu pai.  

— Deus! Por que justo agora? — ela passa os dedos na têmpora.

— Você não respondeu minha pergunta. Vocês eram namorados?

— Sim — ela abaixa a cabeça.

Suspiro exasperado.

— Boa noite pessoal! — um homem, que presumo ser o pastor, fala do palco. — Por que não vamos nos sentar para começar o culto?

Sofia me arrasta para um lugar afastado do pessoal e finge que eu não estou olhando para ela, querendo uma explicação.

— Depois conversamos com mais calma, por favor.

Assinto e esqueço por todo o louvor.

As músicas me envolveram completamente e eu orei. Orei pela minha vida, pela minha família. Pedi para Deus me dar uma direção, porque tudo estava em suas mãos. Só Ele sabia. Que situação caótica estava passando: um caso de amor totalmente fracassado. Uma garota que me encanta. O ex dela. A minha ex. Tudo. Lisa e as noites que passamos juntos, o compartilhamento de amor e carinho. Não vou julgar. Não vou dizer que me arrependi, pois não me arrependo de nada o que acontecera comigo e com ela. Foi muito especial. Só que, na verdade, eu mesmo sentia que iria ser desgastante. E o pior, não iria ter futuro. O que nós queríamos? Viver num apartamento em Nova Ioque e viver assim? Sem casamento, sem uma conta conjunta. Filhos. Filhos, meu Deus! Como seria se nós o tivéssemos? Simplesmente, um futuro vazio. O contrário de Sofia. Nunca, em nenhum momento da minha vida, eu pensei em sentir essa energia. Achar que iria dar certo. Que era o certo. Ela despertou o melhor de mim. Seu sorriso e sua risada gostosa me completaram. Será que Deus permitiu que isso acontecesse para que encontrasse Sofia? Viver em uma casa espaçosa, cheia de alegria. Uma conta conjunta. Filhos correndo pela casa. Uma vida preenchida de alegria e amor. E nossa! Agora eu percebi que estava desesperado para começar esse sonho. Acho que pressionei tanto Lisa, que ela caiu fora. Não queria uma família. Ela queria ser uma pessoa desimpedida, sem fardo, sem nada. Queria dizer para uma mulher que a amo todos os dias com todo o meu coração. (Ah sim, pode me julgar, eu sou das antigas.)

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