Capítulo 10 - As famosas discussões que não levam a nada.

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As semanas passaram completamente rápido. As autorizações na empresa, o cargo, meu apartamento, meu "relacionamento" com Sofia... bem, estava tudo fluindo bom até demais.

Eu já tinha me mudado para o meu novo aconchego. As caixas ainda estavam embaladas nos cantos do apartamento. Tinha tanta coisa para fazer no trabalho, que nem sequer me lembrei de fazer isso.

E para - infelizmente - estragar tudo, o pintor ficou doente. Ele disse que esse tempo o deixava acabado e acabou pegando uma gripe. É claro que eu fiquei muito bravo, mas isso não ia curar o resfriado daquele homem. Com isso, eu fui à loja de tintas e comprei algumas latas, com a ajuda de alguns atendentes. A sala seria de um marrom cor de café, e os quartos de um bege meio escuro.

Pedi a ajuda de Sofia e ela aceitou, estonteante. Me dissera que quando o pai estava vivo, pintavam quadros para as crianças do hospital, onde ele trabalhava.

- Quando a pintura está boa, você tem que colocar uma luz sobre a parede e avaliá-la para saber se está boa, sabia disso? - ela encarava a parede da sala.

- Hum.. não - eu sorria. — Não tenho habilidades de pintura.

- Já experimentou para saber? - ela olhou para o meu rosto, onde eu mantinha uma careta. - Eu já sabia que não.

A acompanho com uma risada e começamos a pintar.

Coloquei umas músicas animadas para tocar. Dançávamos e pintávamos ao mesmo tempo, compartilhando gargalhadas.

- Viu, você tem uma pequena habilidade de  pintura - ela aponta para a parede. - Será que nisso também têm?

E me surpreendeu com uma pincelada na bochecha.

- Você não fez isso - olho ela com a boca aberta.

Pego o meu pincel e, Sofia prevendo o meu ataque, grita e sai correndo pela sala minúscula. Consigo atingir seu cabelo, mas ela é rápida para um cômodo pequeno. Paramos entre o sofá preto de couro.

- Acho que você não tem saída - inclino a cabeça para o lado.

Ela ri com a face adoravelmente vermelha.

- Acho que não - ela tenta fugir, mas sou mais rápido.

A peguei por trás pela cintura e a prensei na parede.

Sua respiração era ofegante, igual a minha.

A provoquei pintando devagar, começando pelo seu maxilar, subindo para as suas bochechas coradas, as têmporas e depois a testa.

- Eu queria fugir mas, Deus, isso é tão bom - ela ri com os olhos fechados.

- Eu queria te beijar agora, mas o seu rosto está todo coberto de tinta - eu ri. - Linda.

☀☀☀☀

Eu estava procurando uma caneta para assinar um papel que meu pai mandou, só que não conseguia encontrar nas caixas.

- Sofia? Você tem alguma caneta pra me emprestar? Por favor - eu digo alto, para ela me escutar do banheiro.

- Tenho, tem uma na minha bolsa, pode pegar - ela grita do banheiro.

Pego a bolsa grande e procuro uma caneta no meio daquela bagunça. Celular, chaves, carteira, agenda, livro. Livro?

O pego com cuidado, já que parece meio desgastado. Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Já ouvia falar desse livro pela minha mãe, que é amante de livros, e por Lisa.

Às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora