Capítulo 8 - A Espera

2.4K 211 13
                                    

- Você está apaixonado.

Minha mãe denunciou quando entrei em casa, sorrindo que nem um bobo.

- Mãe, por favor...

- O que é isso, Peter? Lembra que eu sou sua mãe e você poderia dizer tudo o que estava acontecendo com você? Então, essa é a chance, já que nunca se abriu para mim quando era adolescente.

- Eu... eu estou saindo com a Sofia, aquela do casamento, lembra?

- Ah sim! A menina bonita. Eu vi uma foto dela com a Karina no facebook. Continue.

- Então, estão acontecendo umas coisas... - comecei a dizer tudo que estava preso em mim.

Sabe, eu nunca tinha me aberto tanto para minha mãe. É um sentimento estranho, porque parece aqueles assuntos que mulheres falam. Mas foi especial. Ela ouviu até a última palavra deixada da minha boca, silenciosa e pensativa. Só que como sempre, eu omiti algumas partes.

- Ela parece ser uma garota incrível - é a primeira coisa que ela diz.

- E é - sorrio.

- Eu quero te contar uma coisa: quando eu vi o seu pai pela primeira vez, uma sensação poderosa me invadiu e eu soube que era ele. Eu sei que éramos só jovens, com poucas experiências, mas se você sentiu alguma conexão com essa garota, é a sua chance.

Não consegui dormir, pensando no que a minha mãe dissera. E claro, Sofia.

Será que ela deve estar pensando em mim?

****

Na madrugada perdi o sono. Tive um pesadelo horrível, onde Sofia estava sendo levada por Tiago, com um sorriso malévolo. As mãos de Sofia estavam amarradas por cordas grossas, bem difíceis de escapar.
E o pior que eu não podia fazer nada. Parecia que eu estava dentro de uma caixa de vidro, impedido de salvá-la, a deixando ir como prisioneira do homem.

Estava tão angustiado com essa pesadelo, que saí do quarto. A sensação de tortura no meu corpo foi se dissipando aos poucos, e logo relaxei.

Fui direto para a cozinha. A última vez que comi foi um sushi doce e estava morrendo de fome.

Pelo relógio fluorecente da cozinha, vi que eram 4 horas da madrugada.

Fiz um chocolate quente e um pão com queijo. As minhas habilidades culinárias não vão se manifestar agora.

Depois de comer, fui para o sofá da sala, ainda não queria ir para o quarto. Fiquei olhando para o escuro por alguns minutos com a mente vazia. Quando estou num transe, tenho preguiça de voltar para o mundo real e encarar o mundo com os meus problemas. E foi aí que eu percebi que ainda não tinha contado minha situação para Sofia. Em nenhum momento me senti a vontade de conversar com ela sobre isso.

Será que estava apaixonado e não estava sabendo? Eu nem sequer neguei quando minha mãe o disse.

Minha mente voltou para horas atrás.

- Peter - meu nome saía tão sonoro da sua boca.

Sua testa estava colada à minha, depois mais uma sessão de beijos.

- Eu gosto de você também - ela olha nos meus olhos. - Muito, muito, muito e muito - e ri, abobalhada.

Beijo sua testa com carinho.

- É melhor você ir. Sua mãe deve estar preocupada - Franzo a testa imaginando o que a mãe dela pensaria de mim se a entregasse tão tarde.

Às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora