Capítulo 3: Himejima Gyomei

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 Giyuu olhava para seu reflexo no espelho do banheiro, um algodão molhado de soro limpando ao redor do olho direito, o olho que Nikuya havia arrancado. Giyuu jamais conseguiu se acostumar com próteses oculares, incomodava demais e machucava algumas vezes. O barulho da buzina alta no lado de fora fez Tomioka se apressar para colocar o tapa olho, saindo correndo em direção a porta, se demorasse mais um pouco Sanemi talvez o mataria.

— Eu já volto, pai, mãe. – Giyuu disse já na porta de casa, recebendo um pequeno aceno e um sorriso de seus pais.

Ver o filho saindo de casa depois de todos aqueles anos era uma vitória, estavam felizes em saber que caçula havia conseguido fazer amizade depois de passar tanto tempo sozinho longe de qualquer contato humano. Tomioka desceu as escadas com pressa, Sanemi estava parado em frente ao portão conversando com sua irmã.

O detetive já estava a alguns minutos esperando por Tomioka na entrada no prédio quando a mulher mais velha chegou, ela se parecia muito com Tomioka, o mesmo cabelo escuro amarrado em uma traça firme, um vestido vermelho bonito combinando com o laço de fita em seu cabelo. Tomioka Tsutako, a irmã mais velha do sobrevivente do assassino Nikuya, que em breve seria mãe.

— Onee-san! – Tomioka acenou timidamente para a mais velha, que se virou olhando para o irmão, exibindo a barriga enorme carregando seu sobrinho.

— Finalmente! – Sanemi disse bufando, já não sabia quanto tempo iria ficar ali jogando conversa fora com Tsutako até o rapaz aparecer.

— Foi um prazer conhecê-lo, detetive Shinazugawa. – Tsutako disse com um sorriso, fazendo um pequeno carinho no rosto de Giyuu. – Boa sorte, maninho, qualquer coisa só ligar pra mim que eu vou correndo te salvar.

— Sim, Onee-san. – Tomioka deitou seu rosto sobre o afago da mais velho, indo em direção ao carro de Sanemi.

O detetive ligou o carro, dirigindo em direção ao açougue. O Shinazugawa pensava sozinho, sabia que Tomioka não saiu de casa nos últimos anos por conta do trauma que havia sido quase ser morto por Nikuya, Sanemi se perguntava se o surto de coragem de Tomioka não havia vindo por conta do bebê de sua irmã. Uma criança correndo o risco de passar pelo o que ele havia passado, um trauma que Sanemi não desejava para ninguém.

Sanemi parou com o carro em frente ao açougue, descendo junto a Tomioka para dentro do estabelecimento. Giyuu agarrou o braço de Sanemi enquanto caminhavam para dentro do açougue, ignorando a enorme fila. Sanemi puxou o distintivo do bolso, se apresentando para o homem alto e forte do outro lado do balcão. Tomioka observou o olhar assustado do homem ao ver o policial, parecia ser a primeira vez que algo como aquilo acontecia.

Himejima Gyomei, era filho do dono e agora havia assumido os negócios do pai, trabalhava no negócio da família há muitos anos. Gyomei também já tinha ouvido falar sobre Nikuya e o caso de Tomioka Giyuu, Himejima era um homem doce e muito sensível, ele havia começado a chorar assim que Tomioka revelou quem era. Toda a situação apontava Gyomei como inocente, mas Sanemi ainda tinha algumas perguntas.

— Você estava presente no açougue na época que Tomioka Giyuu foi atacado? – Sanemi perguntou, estavam na parte de trás do açougue, uma pequena área onde havia alguns tambores de lixo. – O que estava fazendo no dia?

— Acha que eu posso ser o assassino? – Gyomei arregalou os olhos ainda mais surpreso, também, quem não ficaria ao ver um policial lhe fazer diversas perguntas sobre algo que ocorreu a anos atrás.

— Não digo que você é o assassino, mas que pode ter visto ele. – Sanemi explicou, vendo Gyomei concordar com a cabeça.

A teoria de Sanemi sobre o assassino fazia sentido, a visão que tinham da fila do açougue era perfeita, pegava claramente a entrada e a saída dos alunos da Escola Koen. Sanemi havia ficado atrás do balcão, a visão do balcão não era tão boa quanto a visão da fila, Nikuya com toda certeza era um cliente, um cliente fiel do lugar. Gyomei contava sua versão da história, algumas coisas que se lembrava da época.

Se bem me recordo, meu pai e eu abrimos o açougue ainda durante a madrugada, costumamos fazer isso pra adiantar o serviço, fazemos isso acho que desde que abrimos aqui. Naquele dia não foi diferente, eu cortei e tirei os ossos maiores de algumas peças, limpei o balcão e esperei os clientes chegarem. Nós vendemos bem, a maioria dos pais dos alunos da escola Koen compram conosco, eu não me lembro dos clientes daquele dia, mas eu me lembro de estar pesando frango para uma senhora quando ouvi o barulho das sirenes, um casal entrou conversando sobre o que havia acontecido. – Gyomei suspirou, limpando uma pequena lágrima que escorria de seus olhos castanhos. – São tantas pessoas que entram e saem daqui, é difícil imaginar que uma delas seja o Nikuya.

— Eu imagino, Himejima-san. – Sanemi disse com um pequeno aceno, suspirando.

Não tinha nada que pudesse levar ele para mais perto de Nikuya, sua última esperança era encontrar algo no hotel que ficava na rua de trás da escola, a escada de emergência por onde Nikuya havia fugido. Gyomei se despediu do policial e de Tomioka, os acompanhando para fora do estabelecimento com um sorriso gentil.

— Muito obrigado pela ajuda, Himejima-san, se notar alguma coisa suspeita, ou alguém olhando demais para o outro lado da rua não se exite em me ligar. – Sanemi entregou um pequeno cartão com o número de seu telefone ao açougueiro, se despedindo do homem.

Tomioka se manteve agarrado ao braço de Sanemi durante todo o interrogatório, soltando apenas quando entraram no carro. Sanemi mais uma vez estava dirigindo em direção ao prédio de Tomioka, deixaria o rapaz em casa antes de seguir caminho para a delegacia, tinha que passar toda sua conversa gravada com Himejima Gyomei para seu superior e salvar uma cópia para si mesmo.

O detetive chegou em sua casa, já havia anoitecido completamente, todo seu trabalho na delegacia já havia sido feito. Sanemi esquentou sua comida no microondas como sempre, tomando um banho quente enquanto a comida congelada esquentava. Sua mãe o mataria se soubesse que ele estava a semanas comendo apenas marmitas prontas que ele comprava de sua vizinha no andar de baixo, mas o que ele podia fazer, cozinhar não era seu maior forte.

Sanemi acendeu o setimo cigarro da noite, o relógio já contava completas 04:58 da manhã, o Shinazugawa se sentou na poltrona em frente a parede de seu quarto, imagens e recortes de jornais pregados por toda a perte, anotações espalhadas, relatórios anteriores e um notebook ligado tocando diversas vezes audios e entrevistas do jornais locais. Sanemi soprou a fumaça para o ar, o cheiro da nicotina tomando conta do lugar, em poucos minutos ele estaria de volta a delegacia.

Continua...

Cap curto? Sim, mas é importante que vcs fiquem atento em tudo kk 

Vejo vcs em breve hehe

Memórias daquele dia - Sanemi × GiyuuOnde histórias criam vida. Descubra agora