Capítulo 11: Kibutsuji Muzan

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   Tomioka olhava para o Shinazugawa ainda um pouco confuso, Sanemi havia acabado de ter uma conversa com o vento? Mesmo que fosse estranho, Giyuu não podia negar que Sanemi falava sozinho da maneira mais natural possível, mesmo que Giyuu não conseguisse enxergar nada ali.

Sanemi não sabia como explicar, um misto de medo e vergonha. Tomioka já havia compartilhado com ele seu próprio dom, o poder de ver as últimas lembranças dos mortos, porém o poder que Sanemi carregava era um pouco mais sombrio e parecia estar aumentando agora que ele estava mais próximo de achar Nikuya.

As palavras daquela velha senhora ecoavam por sua mente, Nikuya possuía a ajuda de um espírito...Genya já lhe ajudava a um tempo, apontando pistas e o guiando por todo seu trabalho como detetive, Sanemi pensava que talvez Nikuya também tivesse ajuda de alguém morto que o guiava ou ajudava a encobrir seus crimes.

— Desculpa...é que... – Sanemi mordeu os lábios, ainda um pouco confuso sobre como revelar a verdade para Tomioka. – Não sei bem como explicar.

— Tudo bem...no seu tempo. – Tomioka disse tentando ser o mais compreensível que conseguia, afinal, Sanemi foi compreensível com ele também.

— Era uma senhora, uma velha baixinha com um kimono roxo. – Sanemi disse olhando ao redor na esperança de vê-la novamente. – Mas ela desapareceu antes que eu pudesse perguntar mais.

Tomioka não era idiota, uma velha que aparece e some de repente, Sanemi falando com o vento e sua total compreensão as visões de Tomioka. Era óbvio que o Shinazugawa entendesse exatamente o que Giyuu sentia, Sanemi era o detetive que estava mais próximo de capturar Nikuya, ele não era um detetive comum.

— Você consegue ver os mortos. – Tomioka disse quase em um sussurro, Sanemi deu os ombros, foi mais fácil do que esperava.

— É tipo isso... – Sanemi respondeu, ainda um pouco envergonhado, era a primeira vez em anos que conversava com alguém sobre sua habilidade.

— Então a senhora que você viu... era um fantasma. – Sanemi balançou a cabeça positivamente, enquanto Tomioka continuava a falar com ele. – O que ela te disse?

— Que Nikuya também possui um guia espiritual como eu. – Sanemi disse com as mãos unidas em oração, os olhos firmemente fechados.

Se aquela senhora estiver certa, então Genya é seu guia e será Genya quem vai guia-lo até Nikuya. Sanemi uniu suas mãos com força, se concentrando na lembrança do mais novo, no modo como ele sempre aparecia animado para brincar com ele. Sanemi fechou seus olhos, implorando para que Genya o atendesse.

"Vem me pegar, Nii-chan!"

A voz de Genya ecoou forte por todo lugar, o espírito de Genya aparecendo ao lado de um enorme container. Era a primeira vez que Sanemi olhava para o fantasma de Genya de forma minuciosa, suas roupas eram as mesmas daquele dia, ele tinha uma feição cansada porém alegre, seu cabelo cobria parte de seu olho, o olho que foi arrancado por Nikuya.

— Por aqui, Tomioka, vamos! – Sanemi agarrou o braço de Tomioka o puxando para entre os diversos containers.

— Onde estamos indo? – Giyuu perguntou, enquanto corria junto a Sanemi.

— Estamos seguindo Genya. – O Shinazugawa respondeu, enquanto corria desesperadamente atrás do irmão falecido.

— Quem é Genya? – Tomioka perguntou, porém sua resposta acabou não chegando a tempo.

Antes que Sanemi pudesse responder Giyuu, ambos viraram uma esquina entre dois grandes containers vermelhos, chegando a um contêiner branco escondido em meio aos diversos outros presentes ali. Genya já havia desaparecido, porém Sanemi sentia que era aquele contêiner que o levaria até Nikuya, visto que mesmo sem entrar já conseguiam sentir a energia sombria que aquela caixa de metal emanava.

Memórias daquele dia - Sanemi × GiyuuOnde histórias criam vida. Descubra agora