Mudança nos planos

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Agatha acordou pela manhã com o céu ainda tingido por tons dourados e rosados, testemunhando o nascer de um novo dia. O coração pulsava em seu peito enquanto pensava nas responsabilidades que a aguardavam. Ela precisava falar com seu chefe, Viccenzo, pois havia deixado-o sem notícias suas. Separando suas necessidades de resolução por "prioridades", ela se preparou para enfrentar o desafio que se aproximava.

Ao perceber Agatha se levantando da cama, Izabel, ainda sonolenta, perguntou com voz suave: "Agatha, você realmente precisa ir?". Agatha olhou para sua amada, sentindo uma onda de amor e relutância. Com um sorriso triste, ela respondeu: "Se Viccenzo não me matar, eu volto em breve". Elas trocaram um beijo manhoso, mas Izabel lamentou ter que se levantar, pois precisava abrir a cafeteria.

"Deveria ser pecado sair da cama hoje", disse Izabel em meio a um bocejo. Agatha riu, apreciando a doçura e a brincadeira de sua amada. Com uma voz suave e reconfortante, Agatha sugeriu: "Dê-se folga hoje, meu amor. Logo estarei de volta". E assim, Agatha saiu do quarto, deixando para trás o perfume amadeirado que a envolvia.


Após o som da porta se trancando, um silêncio denso preencheu o ambiente. Izabel permaneceu na cama, contemplando o vazio que Agatha havia deixado para trás. Mas, após exatos 20 segundos, esse silêncio foi brutalmente interrompido.


"IZABELLLLLLLL!" Uma voz infantil, carregada de angústia e desespero, ressoou pelos corredores da casa. Izabel se levantou bruscamente, seu coração acelerado e a intuição alertando-a para algo terrível. Ela correu até a janela, ansiosa para descobrir a origem daquela voz agônica.


Lá fora, uma movimentação estranha a esperava. Uma roda de caminhão se soltou, ganhando vida própria e se projetando em direção a Agatha, que estava saindo do prédio naquele exato momento. O tempo pareceu parar enquanto Izabel assistia horrorizada à tragédia se desenrolar diante de seus olhos.


A roda impiedosa atingiu Agatha com força devastadora, lançando-a para longe com violência e roubando sua vida de maneira instantânea. Izabel ficou paralisada, incapaz de processar a realidade do que acabara de testemunhar. Um grito gutural rasgou sua garganta, ecoando pela cidade silenciosa, em um lamento que se misturava com a dor profunda que a consumia.

Desesperada, Izabel correu em direção a Agatha, seus pés descalços cortando o chão áspero. Lágrimas desesperadas embaçavam sua visão enquanto ela se ajoelhava ao lado do corpo inerte de sua amada. "Agatha, abre os olhos, por favor, abre os olhos?", sussurrava Izabel com voz trêmula e desamparada.

O silêncio da morte envolvia Agatha, enquanto Izabel implorava por um milagre impossível. O desespero se misturava à incredulidade, e a sensação de ter perdido tudo ameaçava engolfá-la. Em meio à agonia, uma voz infantil se fez presente.


"Izabel, ela se foi, mas ela foi a mulher mais feliz que poderia ter sido". A voz da criança flutuava no ar, cheia de sabedoria além de sua tenra idade. Izabel olhou para a criança, perplexa, tentando encontrar palavras para expressar sua dor e incredulidade.Antes que pudesse reagir, uma mulher se aproximou e chamou a criança: "Terezinha, venha para cá agora!" A mulher olhou para Izabel com olhos cheios de compaixão e empatia, oferecendo um breve sorriso antes de partir. Izabel ficou para trás, sozinha em seu desespero e tristeza, sem conseguir compreender o que havia acontecido.

Em Busca da Própria VozOnde histórias criam vida. Descubra agora