Capítulo 1: Entre as Sombras da Tragédia

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A aurora despertava timidamente no horizonte, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja

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A aurora despertava timidamente no horizonte, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja. Sâmia, despertando do sono, sentiu seu coração acelerar, uma mistura de ansiedade e pesar envolvendo sua alma jovem. Era o dia do aniversário de sua mãe, um dia que costumava ser repleto de sorrisos e abraços calorosos. No entanto, a nuvem negra da tragédia pairava sobre sua vida, roubando-lhe a inocência e deixando um vazio doloroso em seu peito.

Apenas um dia antes, Sâmia testemunhara a escuridão que se abateu sobre sua família. 

Enquanto todos ainda repousavam em sono profundo, ela, como uma borboleta ansiosa em busca de néctar, escapuliu sorrateiramente de sua cama. Seus passos leves e furtivos a levaram até a janela, onde um vislumbre do jardim adormecido a convidava a aventurar-se na noite.

Movida por um amor inabalável e um desejo de demonstrar gratidão à sua mãe, Sâmia ansiava por presentear-lhe com uma rosa delicada e vibrante, símbolo de seu carinho e admiração. E assim, impulsionada por um propósito secreto, ela pulou graciosamente pela janela, adentrando a escuridão que envolvia a casa.

Entretanto, naquela mesma noite, as teias do destino se entrelaçavam com o véu traiçoeiro do mal. Traficantes cruéis e implacáveis, cegos pela violência e pelo ódio, confundiram a humilde moradia de Sâmia com o covil de um rival. Sem saberem das vidas inocentes que residiam ali, invadiram a casa como uma tempestade feroz, desencadeando uma tragédia que mudaria o curso da existência de Sâmia para sempre.

Inconsciente dos horrores que ocorriam nas sombras, Sâmia, com sua pureza infantil e coração repleto de amor, colhia cuidadosamente a rosa, seus dedos tocando suas pétalas aveludadas com reverência. Ela caminhou pelo jardim, os raios da lua iluminando seu caminho, alheia à tempestade que se formava além de seu refúgio.

Ao adentrar novamente a casa, uma sensação incômoda envolveu Sâmia. As portas estavam entreabertas, como suspiros de um segredo inquietante que aguardava para ser desvendado. 

Um medo silencioso começou a florescer dentro dela, fazendo seu coração pulsar com um ritmo descompassado. Ela chamou por sua mãe, sua voz ressoando pelos corredores vazios, buscando aconchego e consolo.


Contudo, o eco de suas palavras se perdeu no silêncio opressor que preenchia o ar. O que encontrou foi um cenário macabro, um quadro de horror que se desdobrava diante de seus olhos inocentes. A rosa recém-colhida escapou de suas mãos trêmulas, caindo em câmera lenta no chão de madeira, onde as pétalas delicadas se misturaram ao caos que reinava.

Os corpos de seus amados irmãos e pais, outrora cheios de vida e alegria, jaziam imóveis no cenário sombrio. Seu pai, com sua silhueta imponente, repousava de bruços, uma enxada ensanguentada ainda firmemente segurada em sua mão. Sua mãe, uma figura frágil e amorosa, estava deitada entre as portas dos quartos de Sâmia e Ketlen, sua irmã mais nova, cuja vida foi tragicamente ceifada ao lado da mãe. Uma angústia insuportável envolveu Sâmia, suas lágrimas se misturando ao desespero que inundava seu ser.

Em meio ao horror e ao caos, Sâmia se viu imersa em uma cena macabra e aterrorizante. Os gritos rasgaram o ar, ecoando pela casa silenciosa. Seus olhos arregalados testemunharam a visão devastadora dos corpos inanimados de seus três irmãos e de seus pais.

Um grito angustiado escapou de sua garganta infantil, como um lamento primal em resposta à brutalidade que testemunhara. Suas mãos trêmulas cobriram sua boca, tentando conter o desespero que ameaçava consumi-la. Ela balançou a cabeça em negação, incapaz de aceitar a terrível realidade diante de seus olhos inocentes.

Sâmia caiu de joelhos, lágrimas inundando seu rosto infantil. Seu choro desesperado ecoou pelas paredes vazias, uma expressão de dor inexprimível. O coração frágil da criança pulsava com medo, confusão e um profundo sentimento de perda.

Em sua angústia, Sâmia tentou falar, mas apenas soluços e palavras entrecortadas emergiram de seus lábios trêmulos. Ela balbuciou o nome de seus entes queridos, implorando por um milagre, pela volta daqueles que ela amava. A dor e o desespero reverberaram em sua voz infantil, uma súplica lancinante que ecoou pelos corredores vazios.

Em meio ao cenário sombrio, Sâmia se viu mergulhada em um abismo de desespero. Seu choro se misturou ao silêncio angustiante, uma triste melodia que ressoava em seu coração partido. A cena à sua frente, uma ferida aberta em sua alma infantil, a lembrava da fragilidade da vida e da crueldade impiedosa do mundo.

Naquele momento, Sâmia experimentou o terror e a perda em sua forma mais pura. Seus gritos ecoaram além das paredes da casa, alcançando os céus e levando consigo a dor indizível que só uma criança inocente pode conhecer.


Ciente de que a escuridão ainda a cercava, Sâmia não tinha consciência dos perigos imediatos, mas o instinto de sobrevivência a impulsionou a agir rapidamente. Com uma mistura de medo e determinação, ela se lançou para fora da casa, buscando desesperadamente escapar do pesadelo que se desdobrava atrás de suas costas. Correndo pela noite fria, Sâmia procurou refúgio em um local seguro.

Enquanto corria em meio às sombras, seus gritos doloridos e desesperados ecoaram pelo ar noturno. A comunidade local, tocada por sua angústia, foi atraída pelos sons de sua aflição. Entre a multidão preocupada, uma senhora de semblante gentil e compreensivo se destacou. Seu nome era Tereza, uma mulher que sempre estava pronta para amparar aqueles que precisavam.

Com olhos cheios de empatia, Tereza se aproximou de Sâmia e, com cuidado, a pegou nos braços, envolvendo-a em um abraço acolhedor. Enquanto as lágrimas de Sâmia continuavam a rolar por suas bochechas, Tereza sussurrou palavras suaves em seu ouvido.

"Se acalme, pequena", disse Tereza com ternura. "Essa dor é avassaladora, mas eu estou aqui com você. Deixe as lágrimas fluírem, pois é através delas que sua dor encontrará algum alívio. Juntos, encontraremos a força para superar essa terrível provação."

Sâmia passou horas chorando nos braços acolhedores de Tereza, suas lágrimas lavando a angústia que se acumulava em seu coração. Aos poucos, o cansaço e o consolo gentil de Tereza começaram a acalmar a criança exausta. Finalmente, com o amparo amoroso de Tereza, Sâmia encontrou algum conforto e conseguiu adormecer, enquanto sonhos tumultuados preenchiam sua mente.



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