Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
MARINA, 2006.
—— Gente, tá tranquilo. Acho que rola da gente sair.
Henrique e eu tiramos os olhos do computador de César e encaramos Anita, a cacheada estava espiando o pátio da escola através das frestas da janela.
—— Tem certeza? Você sabe como esses garotos do terceirão são. Suspirei, me colocando de pé. — Eu lembro de quando o babaca do Eduardo picotou minhas revistinhas em quadrinhos.
—— A gente pode sair e correr para o portão. Sugeriu o moreno.
Ainda hesitantes, deixamos a videoteca para trás. Anita tomou a frente e começou a nos guiar pelos corredores vazios e por alguns segundos, eu realmente acreditei que nós iríamos nos livrar da rodinha da humilhação.
Claro que eu estava totalmente enganada.
—— Gente, ei! Pode vir, eles são gente boa! —— Carol gritou de repente, ao lado de Eduardo.
Paralisei na escada, encarei os garotos e segurei com força a alça da mochila. Droga, eles iriam zombar de mim e dos meus amigos outras vez.
—— Calma, Carol. Não é bem assim. —— Fabrício sorriu, se aproximando do nosso grupinho. —— Você tá protegida, mas seus amiguinhos nerds com certeza vão pra a rodinha de humilhação. Principalmente a ruivinha.
Fabrício parou seu olhar em mim, sorrindo zombeteiro. Senti vontade de chutar o garoto, mas isso pegaria mal para alguém de trinta anos.
—— Chega aí, rodinha dos calouros!
Pareceu como se todos os alunos do IECET estivessem esperando a deixa, eles se juntaram em volta dos calouros em questão de segundos. Seus olhos e sorrisos entregavam que estavam loucos para que a humilhação começasse.
Mas ela não veio.
Anita não deixou vir, arregalei os olhos quando minha amiga roubou a palavra de Eduardo e Fabrício e começou a humilhá-los. O resto dos alunos pareceu gostar disso, pois estavam rindo até o ar faltar de seus pulmões.
—— E só pra você saber, Eduardo. Meu cabelo é mara, tá?! —— Anita desfez o coque e seus cachos caíram em volta de seu rosto.
Os olhos da garota caíram sobre mim e ela piscou, me puxando para o seu lado.
—— E o da Mari também! Apenas 2% da população mundial tem cabelo ruivo natural. Além de lindo, o cabelo dela é raro!
Senti vontade de chorar quando todos aplaudiram. O primeiro dia de colegial havia ficado gravado em minha memória como um dos piores dias da minha vida, mas Anita conseguiu mudar isso.
Puxei o gorro da minha cabeça e passei a mão entre os fios avermelhados, sorrindo de orelha a orelha.
—— Sabe o que você faz com a cenoura picada no seu bolso, Eduardo? Enfia no...
