Capítulo 2-

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Éric esperou Bill na frente de sua sala como o prometido no dia seguinte, e em todos os outros dias também. Agora os Kaulitz tinham uma terceira pessoa para os fazer companhia, e Bill possuía dois seguranças particulares que o defendiam de qualquer olhar ou piadinha maldosa.

Numa segunda feira atípica, Bill chegou sozinho na escola. Tom estava doente e sua mãe não havia deixado que ele faltasse junto ao irmão. "Mas somos gêmeos, precisamos estar sempre juntos!" O mais novo disse para tentar se safar. "Precisariam somente se fossem siameses, mas como não é o caso, hoje é dia de escola para você, mocinho." Infelizmente, sua mãe Simone sempre tinha uma resposta na ponta da língua.

Chegar sozinho naquele campo de guerra frio e nada convidativo era assustador e podia resultar em muitas tragédias. Bill sentia-se o centro das atenções da forma mais negativa possível, e seu peito apertava por saber que não era tão arisco quanto Tom, e que nada poderia fazer caso tentassem algo assim como no dia da piscina. Seu corpo arrepiou assim que lembrou de tudo aquilo, e junto à tal lembrança, veio em mente a imagem de seu novo protetor: Éric. Uma pena que o brasileiro não era responsável em questão de horários e conseguia chegar na segunda aula praticamente todos os dias, o que significava que Bill só o veria no intervalo.

Ele não podia se afugentar no banheiro masculino antes do sinal tocar, pois muitos dos valentões ficavam ali aguardando sua próxima vítima, como bully's genéricos de filmes adolescentes. Atrás da escola era o único local não tão exposto e repleto de pessoas, e foi para lá que Bill foi com sua mochila posta nos ombros guardando seu material escolar e o principal: uma carteira de cigarro para distrair a mente. O Kaulitz fumava constantemente desde os 12 anos, somente para sentir-se menos excluído no grupo de garotos mais velhos da sua rua. Sua mãe não sabia de nada, mas vez ou outra encontrava alguns cigarros soltos nas mochilas de ambos os filhos e acabava por aceitar a desculpa de que a droga lícita não pertencia à eles. Talvez Simone não quisesse lidar com ainda mais problemas visando a fase difícil financeiramente falando a qual estava passando. Ter dois filhos rebeldes era a última coisa que desejava para si.

Atrás de um pequeno arbusto, Bill acendeu seu cigarro torcendo para que o cheiro do tabaco não impregnasse por muito tempo no uniforme. Poucos minutos depois, ele conferiu o relógio de pulso constatando que faltavam 30 minutos para o toque.

- Ei!- A voz que atingiu seus ouvidos antes de ser reconhecida o fez estremecer. Podia jurar que era Margot, a diretora magrela e carrancuda que estaria ali prestes a lhe dar uns cascudos.- Não sabia que criancinhas já podiam fumar.- Ufa! Era Éric.

- As da cidade grande eu não sei, mas as do subúrbio já nascem expulsando fumaça.- Brincou, mas essa era a infeliz realidade.- Por quê você chegou cedo hoje?

- Talvez eu tenha pressentido que a donzela estaria sozinha.- Mentiu na cara dura. Não contaria que, na verdade, Tom quem o havia avisado pelo MSN que faltaria, pedindo que o brasileiro acompanhasse Bill durante o intervalo das aulas. Por mais que não demonstrasse tão descaradamente, o gêmeo mais velho era bastante zeloso.

- Você por acaso será meu cavaleiro?- Riu o oferecendo uma tragada no cigarro que já estava pela metade naquele momento, mas estranhou quando Éric se esquivou.

- Obrigado. Eu não uso.- Coçou a nuca.

- Nem fudendo!- Esbravejou começando a gargalhar.- Você nunca fumou?

- Qual o problema? Eu não sou uma das crianças genéricas do subúrbio. - Deu de ombros. Os europeus possuíam esse costume de fumar muito cedo, assim como os brasileiros bebiam bem antes dos 18. Mas Éric não era europeu, e sua mãe sempre condenou cigarros de todos os tipos.

- Tenta só uma tragada, vai!- O ofereceu novamente.

Bom, Iolanda ficaria decepcionada com o qual facilmente influenciado o filho foi. Mas que se dane, só se vive uma vez!
Éric pegou o que lhe era oferecido e colocou rente a boca, sendo fitado pelo olhar atento do Kaulitz. Colocar fumaça para dentro do próprio pulmão foi uma das piores coisas que ele já fez, e a sensação de estar sufocando resultou numa crise de tosse acompanhada de gargalhadas vindas do mais novo ali. O brasileiro nunca entenderia como tinha gente que levava aquilo como um passatempo.

Quando finalmente parou de tossir, sentindo o gosto amargo na boca, Éric encarou o amigo que estava com os olhos lacrimejando e com as mãos posicionadas no estômago tentando regular a respiração, indicando a intensidade das gargalhadas que havia soltado.

Ready for love- Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora