Epílogo

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2011

Éric apanhava os pertences que ele julgava como mais importantes pelo seu quarto repleto de caixas amontoadas. Iolanda, sua mãe, havia o oferecido ajuda para embalar os objetos que seriam enviados para a mudança, mas ele negou, afirmando que gostaria de avaliar cada coisinha por conta própria.

Aos 23 anos, o brasileiro se mudaria sozinho para Los Angeles dentro de poucas semanas e estava ansioso para finalmente ingressar em seu trabalho dos sonhos após concluir a faculdade de ciência da computação, criando soluções digitais em uma grande corporativa internacional.

Após esvaziar seu armário e empacotar devidamente todas as peças de roupa que eram guardadas ali, havia chegado a hora de desmontar as prateleiras que antes, nos anos 2000, guardavam discos de artistas populares da época e outras tranqueiras. Agora elas estavam sem personalidade e repletas de livros obrigatórios da faculdade, os quais ele finalmente poderia se desfazer na mudança.

Porém, no meio da bagunça, um objeto permanecia ali desde os primórdios de sua chegada na Alemanha:

- Toddy!- O homem disse pegando o Furby de algumas edições passadas em mãos, analisando seu pelo originalmente branco agora um tanto manchado e seus olhos esbugalhados que o deixavam
estranhamente adorável.

Pendurado em uma das orelhas do boneco estava o colar prata com pingente de mar, guardado há 6 anos. O brasileiro pensava se Bill ainda teria o seu par após tanto tempo.

Sua adolescência havia sido uma loucura, com emoção suficiente para uma vida inteira. O relacionamento que teve na época foi um divisor de águas que marcou diversas descobertas em sua vida pessoal. Mas para além disso, Bill foi uma das pessoas mais marcantes de sua história; uma daquelas inesquecíveis.

Ambos haviam errado em alguns aspectos no decorrer do processo, mas levando em consideração que na época eram jovens vivendo um romance proibido, complexo até mesmo para os mais experientes, eram compreensíveis os deslizes.

Depois do Kaulitz, veio somente Angelina em sua vida, na época da faculdade, mas o namoro não durou mais que um ano. Nenhum outro envolvimento chegava perto de ser tão mágico e intenso quanto o que tivera com o mais novo. Esse que parecia ter roubado todas as suas borboletas no estômago desde o dia em que se foi.

No começo, Magalhães sentiu que morreria a qualquer momento sem Bill ao seu lado, da maneira extremamente sentimental e exarcebada que todo adolescente costuma levar a vida. Mas, aos poucos, a ferida foi se fechando, deixando espaço para somente uma cicatriz eternizada em seu coração.

Há algo místico e romantizado sobre primeiros amores na adolescência. Talvez nunca seremos capazes de esquecê-los verdadeiramente em momento algum. Mesmo que outros cheguem e mesmo que a vida prossiga, a semente que se é plantada em um primeiro relacionamento avassalador nunca se desfaz, condenada a virar apenas uma lembrança repleta de saudades com o passar do tempo.

Ainda no meio da sessão nostálgica, Éric encontrou uma pasta repleta de fotos polaroids tiradas em diversos momentos importante de sua vida. Entre os registros mais antigos, os rostos de ambos os Kaulitz, Georg e Gustav estavam sempre presentes, eternizados nas mil e uma aventuras que os jovens faziam juntos.

Desde o dia em que terminaram, Magalhães teve contato com os demais integrantes da banda somente uma única vez, numa' ligação de despedida realizada não muito após seu ex sair pela porta da sala.
Bill era o ponto de conexão entre eles e, por mais que os outros três tivessem se tornado grandes amigos seus, não havia sentido em continuar os encontrando sabendo do clima que provavelmente ficaria.

Falando em Tokio Hotel, os garotos haviam anunciado hiatus há alguns meses, com nada além de uma despedida padrão e sem muita justificativa publicada no portal da banda.

Ready for love- Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora