Capítulo 14-

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Bill Kaulitz 🎤

 Minha primeira crise de ansiedade foi aos 15, quando eu me dei conta de que já não conseguia mais ver um espaço vazio em minha agenda sem sentir a necessidade de preenchê-lo rapidamente com algo voltado ao trabalho

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Minha primeira crise de ansiedade foi aos 15, quando eu me dei conta de que já não conseguia mais ver um espaço vazio em minha agenda sem sentir a necessidade de preenchê-lo rapidamente com algo voltado ao trabalho. A pressão era constante, exigiam de nós músicas novas a cada segundo e sorrisos falsos por todos os lados para agradar o público. Éramos brinquedos que poderiam ser facilmente descartados caso tivessem algum defeito aparente. Por causa disso, nos proibíamos de cometer qualquer falha e um erro, por menor que fosse, soava como o fim do mundo.

Fora dos palcos, quando toda a adrenalina por estar me apresentando para plateias imensas e sempre lotadas se esvaía, eu infelizmente voltava a ser Bill Kaulitz, sem o título de superestrela; um ser humano como qualquer outro que não era nem um terço de tudo aquilo que as fãs superestimavam. Com todas as crises existenciais e sentimento de não pertencer a canto algum, eu sentia que, no fim, as únicas pessoas que conheciam de cabo a rabo minha verdadeira personalidade eram somente Tom e Éric.

Gustav e Georg também eram muito presentes e importantes na minha vida, não me levem a mal, mas se não fosse pela banda provavelmente nunca teríamos feito amizade em qualquer outro contexto. Nossos interesses e personalidades eram distintos.

Em contrapartida, eu, Tom e Éric sempre falávamos com empolgação sobre as mesmas coisas de uma forma bizarra, como se lêssemos a mente um do outro. Minha mãe costumava dizer que Rick era o trigêmeo perdido que o destino se encarregou de colocar em nossas vidas.

Quando eu estava com eles na madrugada conversando sobre futilidades até chegarmos em tópicos profundos e filosóficos, ou apenas jogando despretensiosamente no computador, toda a confusão de ser uma celebridade parecia desaparecer. Esses eram os únicos momentos no anonimato em que eu me sentia verdadeiramente feliz.

No começo, Tom ficou receoso ao saber que eu gostaria de apresentar-lhe meu primeiro amigo para que formássemos um trio, já que sempre fomos somente eu e meu irmão nos esquivando do restante do mundo que parecia tão pouco receptivo conosco. "Acredite em mim, ele é legal, não é como os outros babacas de Magdeburgo! Tem algo de diferente na sua personalidade." eu justifiquei assim que Tom soube que passaríamos o intervalo acompanhados naquele dia de aula.

Não precisou de muito tempo, pois logo de cara ele gostou do novato latino simpático e não tão politicamente incorreto quanto nós adolescentes inconsequentes, mas ainda assim, legal e descolado por não agir como os demais alunos daquela escola que mais pareciam velhos conservadores e caretas.

Nós três precisávamos um do outro para termos um balanceamento perfeito na amizade. Trouxemos parcialmente Éric para o mau caminho, acrescentando um pouco de emoção na sua vida monótona- Desculpa, tia Iolanda-, mas também precisávamos dele com seu bom senso para nos colocar de volta aos trilhos quando excedíamos os limites. O último ano que eu passei estudando naquela escola foi em sua companhia, e nele eu praticamente não arrumei brigas ou fui mandado para a diretoria- minha mãe, ao contrário da dele, agradece-. Éramos o trio perfeito e imbatível!

Ready for love- Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora