Era claro que Tom sabia o que estava rolando entre nós. Talvez por estar suficientemente óbvio, talvez por algum tipo de conexão maluca e meio sobrenatural que gêmeos possuem. De qualquer forma, eu e Bill estávamos sendo encurralados naquela manhã durante o café por um Kaulitz questionador acompanhado de Georg e Gustav.
- O que vocês fizeram ontem?- Ele disse apontando a colher que usou para adicionar achocolatado em seu leite em nossa direção, como se fosse um detetive que aponta a arma na cara de seus suspeitos para pressioná-los.
- Nada.- Eu disse de imediato, comendo uma grande fatia de pão logo em seguida para manter minha boca ocupada e evitar ter que responder qualquer outro questionamento.
- Então porquê desapareceram do nada lá na piscina? Buscamos vocês por todo o hotel na madrugada.- Foi a vez de Georg bancar o investigador.
- E daí?- Bill rebateu.- Saímos de lá porque estava entediante ver vocês brincando como crianças...
- E então vocês decidiram ir brincar como adultos.- Tom acrescentou malicioso antes de ser acertado por um merecido tapa vindo do irmão, enquanto eu pude sentir meu corpo queimar de vergonha somente de pensar nessa possibilidade, quase como se eu estivesse prestes a entrar em combustão espontânea.
- Fala sério, você é patético.- O Kaulitz mais novo revirou os olhos não aparentando estar tão apreensivo quanto eu.
Ao fim da refeição, eu tive de ir embora a contragosto para encontrar minha mãe no nosso hotel e embarcar de volta até a Alemanha, infelizmente deixando para trás o sonho de consumo que Las Vegas era.
A despedida aconteceu ainda onde os garotos estavam hospedados, já que eles não poderiam ir até o aeroporto conosco por terem uma entrevista agendada naquela tarde.
Quando eu estava prestes a entrar no táxi, fui surpreendido com Tom me puxando para um último abraço repentino, e próximo a minha orelha eu pude ouví-lo dizer:
- Eu sei o que tá rolando entre você e o meu irmão, cara, o clima gay é bem palpável quando vocês estão juntos. Apenas o trate direito, pois qualquer coisa eu posso quebrar seu rostinho, mesmo te considerando um monte.- Foi com essa sutil e fofa ameaça que desvinculamos do abraço, e eu apenas sorri para ele como confirmação de tu o que foi dito.
- Até mais.- Eu me despedi de todos com um aceno e entrei no táxi, lançando um último olhar acalorado para Bill.
Pouco antes de embarcar no avião, percebi o celular vibrando em meu bolso. Era uma mensagem de voz deixada na caixa de entrada.
Macky :)
"- Boa viagem, Rick. Espero que você chegue seguro em Magdeburgo junto à tia Iolanda. Se servir de consolo para que você não morra de saudade, saiba que eu estou planejando algo para você.- Não conte!- Ouvi a voz de Tom ao fundo.
- Certo, certo.- Eu não estava lá, mas podia ver claramente seus olhos revirando somente pelo seu tom de voz- Enfim, quando você estiver pelas nuvens, lembre-se de que o céu é o nosso limite. Até mais, cara."
Mensagem encerrada. Deseja ouví-la novamente?
Eu sorri, fechando o flip phone e deixando ecoar diversas vezes na minha mente a voz de Bill pelo celular. Imaginei algumas possibilidade para o que os gêmeos aparentemente estavam pensando em aprontar, e no acento do avião encarando a janela, lembrei do que o Kaulitz havia dito por último: "O céu é o nosso limite".
- Que bicho te mordeu? Você não para de sorrir.
Virei para minha mãe, notando o quanto ela tentava me decifrar com os olhos e fazer uma leitura das minhas emoções, já que essa era uma de suas especialidades.
- Eu apenas estou feliz, mãe. Muito feliz.- Respondi jogando minha cabeça sobre seu ombro sem tentar disfarçar qualquer resquício de paixão. Ela sorriu meio cúmplice logo em seguida e deitou a própria cabeça sobre a minha.
- Que bom. Se te faz bem, eu estou contente.- Eu não sabia ao certo se estávamos falando sobre a mesma coisa, mas fiquei grato ao ouvir aquilo. Não demorou muito para que eu pegasse no sono ali naquela posição.
Acordei já em Magdeburgo, meu inferno particular. Desembarcamos, pegamos nossas malas e seguimos de táxi até o complexo de apartamentos onde morávamos, para enfim voltarmos à nossa velha vida.
Nada obviamente havia mudado por lá durante os poucos dias que passamos em Las Vegas, mas eu estava tão reluzente que pude ver brilho até nos defeitos que tomavam o ambiente. Nem mesmo o carpete mal colocado das escadas que nos levavam até o nosso andar ou as paredes com a pintura mal acabada poderiam me desanimar. O amor realmente nos deixa cegos, e isso é perigoso.
Nota da autora: Esse capítulo foi bem menor do que os outros que eu costumo postar, mas eu prometo que o próximo virá recheado de muito mais conteúdo 🥲
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Ready for love- Bill Kaulitz
Novela JuvenilO sucesso traz consigo prazeres indescritíveis, mas também pode carregar uma bagagem de arrependimentos. Bill Kaulitz, antes de tudo acontecer, tinha somente seu irmão gêmeo para o que der e vier, até conhecer Éric Magalhães, um estrangeiro latino r...