Eu estava isolado no meu quarto tentando fugir da mídia que agora me perseguia como se eu fosse uma das novas celebridades do mundo teen.
Tive que desligar a TV para não ouvir os noticiários falando sobre nós e mandei três diferentes tabloides de notícia irem à merda ao tentarem me subornar pelo telefone desejando conseguir algum pronunciamento meu.
Falando em telefone, Bill não havia aceitado nenhuma das tentativas de ligação que eu o havia feito mais cedo, pouco depois da confusão.
Não era pelo contrato que eu estava me esquivando dos holofotes, mas sim pelo medo de todos passarem a saber sobre mim do dia para noite. Eu não era uma figura pública e sequer almejava isso.
Tokio Hotel tinha seguranças e fãs que os defendiam com unhas e dentes, já eu aparentemente não tinha ninguém e minha cabeça era incapaz de estipular o quão ruim seria se algum homofóbico louco ou qualquer hater da banda me trombasse pelas ruas.
Minha cabeça doía latente e eu gostaria de me convencer que isso não era devido às lágrimas que eu havia derramado em excesso remoendo todo o acontecido e odiando minha própria mente por ser incapaz de pausar os pensamentos intrusivos.
O entardecer chegou sem eu sequer notar, pois provavelmente cochilei sem querer nesse meio tempo em que passei bolando na cama. O fato é que agora eu podia ver, ainda do meu quarto, a luz da sala acesa. Isso significava somente uma coisa: minha mãe havia chegado.
Eu não achava que ela iria fazer algo de ruim contra mim, afinal, mamãe é a pessoa mais doce e compreensiva que eu já vi em todo o planeta, mas ninguém gostaria de ser tirado do armário a força e sentir toda a pressão para ter o diálogo clichê e supostamente obrigatório que assombra qualquer lgbt.
Eu respirei fundo, passei no banheiro antes para lavar meu rosto com água fria e fui até a sala, onde a encontrei na frente da televisão, comendo macarronada e rindo de uma novela alemã que era ainda mais brega do que as fatídicas novelas latinas.
Por um momento eu me permiti observar essa cena escondido, aproveitando enquanto minha presença não chamava sua atenção."Eu amo ela, não quero perder mais alguém agora", pensei. A pequena possibilidade de passar a ser rejeitado e escanteado pela única pessoa que eu sabia que estaria comigo durante a vida toda me fez tremer dos pés à cabeça.
- Ei, meu amor.- Sua voz feminina saiu doce quando ela me viu ainda escondido atrás da parede.- Eu fiz macarronada para a gente, igual no Brasil.
Concordei com a cabeça e me sentei ao seu lado no estofado, sendo fitado pelos seus olhos castanhos por um longo período de tempo enquanto um sorriso sereno estampava seu rosto. Por esse conjunto de detalhes eu sabia bem que ela estava esperando a minha atitude de falar sobre o que havia acontecido. Mamãe nunca foi boa em disfarçar.
- Você já viu as fotos, né?!- Baixei minha cabeça. Não era legal imaginar minha própria mãe me vendo naquela situação.
- Sim. Me mostraram quando eu estava no escritório.- Ah, ótimo! Agora até mesmo seus colegas de trabalho sabiam sobre mim.
- Desculpa por isso.- Me redimi sentindo seus dedos se enrolarem por entre os cachos do meu cabelo.- Desculpa também por não ter contado antes sobre Bill e eu.
- Você é um ser livre, não precisa se desculpar por nada, querido.- Pude finalmente respirar aliviado após isso.- Agora sobre vocês garotos, nós já sabíamos.
Meus olhos se arregalaram.
- Como assim? "Nós" quem?- Aspeei com os dedos.
- Eu, Simone e Gordon já debatíamos sobre essa possibilidade há um tempo.- Eu sorri desacreditado.- Não é como se vocês soubessem esconder.
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Ready for love- Bill Kaulitz
Novela JuvenilO sucesso traz consigo prazeres indescritíveis, mas também pode carregar uma bagagem de arrependimentos. Bill Kaulitz, antes de tudo acontecer, tinha somente seu irmão gêmeo para o que der e vier, até conhecer Éric Magalhães, um estrangeiro latino r...