One

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Tony Stark foi sequestrado.

Pelo que acompanhei nas notícias, há mais ou menos um mês, Tony foi sequestrado e está sendo mantido cativo por uns compradores de armas de seu pai. Não sei como, mas eles acabaram vendendo para grupos que usam de suas armas para causar o caos e matar pessoas inocentes, não se sabe se ele está ferido.

Segundo Howard, seu pai, ele não tinha noção disso, o que particularmente acho que seja mentira. Como ele poderia vender para alguém e não saber quem são os compradores?! Odeio que ele seja pai de Anthony. Se não fosse por ele, Tony não teria sido feito de refém... ele tem tanto sangue inocente nas mãos, quanto seus compradores. Ele age como se nada tivesse acontecido! Anthony não merece um pai como ele.

Por boa parte do tempo, não se soube como andavam as negociações, mas há pouco tempo foi vazado para a imprensa que os sequestradores pedem uma grande quantia em dinheiro. O que para Howard não deve ser muita coisa, visto que é um dos homens mais ricos do país, fez sua fortuna vendendo armas para gente como as que sequestraram seu filho, o que é irônico.

Ele não mostra tanta preocupação quando fala com a imprensa. O que me faz pensar se Tony está seguro, óbvio que não no momento, mas no caso, falo de sobre estar seguro com sua família. Meu ser anseia que seus 21 anos cheguem logo, ainda não tenho dinheiro o suficiente para mantê-lo, muito menos para pagar o resgate, por isso não posso fazer nada. Também duvido que quando ele volte, esteja disposto a perder toda sua herança por namorar um homem. Bom, não sei como seu pai é nesse assunto, mas não quero arriscar. No momento só me resta esperar por boas notícias.

Me encontro na frente da TV do hospital, alguns médicos, enfermeiros e pacientes também estão acompanhando o desenrolar do caso. Ele é um adolescente carismático, várias enfermeiras suspiram por ele... na verdade, homens e mulheres, sua fama de Playboy atrai as pessoas. Ele só tem 18 anos e já tem essa fama.

"Isso é impossível", me lembro dele ter dito isso. Eu riria agora, se não estivesse muito aflito.

Ao que parece, o quartel dos sequestradores foi invadido hoje mais cedo, teve até a explosão de uma bomba.

- Deixe minha agenda livre. - Peço para a recepcionista do hospital. Não a olho, apenas passo por ela.

- Mas... - Tenta falar mas volto minha atenção rapidamente para a tv, e me aproximo da pequena multidão.

Quero deixar minha agenda livre caso Tony precise de cirúrgia, Deus queira que não, mas ouvir sobre a explosão me deixou receoso. Eu não acredito em um deus, mas oraria para ele se me dissessem que isso manteria Tony à salvo.

Faz um bom tempo que estou aqui, jamais pensei que fosse capaz de ficar tão aflito por uma pessoa. Eu sei que teve toda aquela promessa quando era jovem, mas não tenho uma ligação em sí com ele, apenas com a criança que ele foi um dia. Não deveria me sentir assim. Parece que perco parte de mim a cada segundo sem notícias.

Sinto que já andei quase uma maratona hoje, meu organismo está cheio de café para me manter acordado, venho de um plantão, mas não consigo dormir, desde que ele foi sequestrado meu horário de sono diminuiu drásticamente. Quero estar a pár da situação caso haja qualquer notícia. A aflição e ansiedade me sugam toda a energia.

Apesar de ser técnicamente "jovem" na área, - tenho 25 anos - eu sou o melhor no campo. Me formei em tempo recorde, graças à minha memória eidética. Não teria porquê chamar outra pessoa. Meu nome se torna cada vez mais reconhecido e se não fosse por ser mais jovem que a maioria, poderia sim, ocupar o lugar de melhor neurocirurgião.

Meu celular começa a tocar chamando minha atenção e atendo, é um número desconhecido.

"Alô?", Me afasto um pouco da pequena multidão, mas mantenho os olhos presos nas notícias. Me encosto em um sofá mais afastado deles.

"O filho de meu chefe sofreu um acidente, precisa de cirúrgia", solta o homem um tanto exasperado e meu coração dispara. "Ele paga bem, dinheiro não é pro-"

"Como se chama o filho?", Pergunto o interrompendo, torço para que não seja Anthony.

Ele fica em silêncio uns minutos, minutos que parecem horas, meu coração acelera a cada segundo, o silêncio se extende e sinto que vou ter um ataque de pânico, ouço vozes ao fundo, mas não consigo entender o que dizem.

"Edward", solta depois de longos minutos, " um acidente de car-" no mesmo instante o pai de Anthony aparece na tv chamando minha atenção.

"Anthony está a salvo, conseguimos resgatá-lo sem maiores ferimentos, mas precisará de um tempo de descanso, ele se manterá longe dos holofotes por um tempo..." Ele continua falando, mas já não escuto mais, ele não se extende muito na entrevista, parece apressado, mas já não presto mais atenção.

Sinto meu corpo amolecer depois disso, deixo meu corpo cair sobre o sofá deixando o celular ao lado, todo o cansaço que venho acumulando durante esse último mês sem notícias dele me atinge em cheio. Meu pequeno está bem...

Solto um suspiro aliviado, sinto que poderia largar tudo e ir até ele. Mas não poderia, nossa promessa dizia 21 anos e como disse, ainda não tenho dinheiro para sustentá-lo, meus pais eram bem de vida, mas não o suficiente para manter o nível Stark. Nem de longe.

Meus olhos começam a ficar cansados, acho que preciso de uma longa noite de sono, finalmente deixo meus olhos se fecharem, caindo no sono.

Novamente sonho com ele e sua promessa infantil, aquela que ele me fez quando tinha 9 anos e que me apego com todas as forças.

Me chamem de estúpido, mas não irei desistir de tê-lo. Ele é minha alma gêmea e não desejo ninguém mais.

- Ei, Stephen... - Ouço uma voz ao longe. - Stephen - parece a voz de Anthony. - Acorda, Stephen!

Acordo em um sobressalto, me deparando com alguém que não é Anthony.

- Stephen, sei que não tem dormido muito esses dias, acho que deve ir para casa.

- Crist- -

- É sério, Stephen. - Diz como uma intimação - você está dormindo há duas horas, realmente acho que deve ir para casa, todos já voltaram ao trabalho. Vi que está com a agenda livre, não precisa continuar aqui. - Apenas assinto tentando entender o que está acontecendo. - Quer que eu te leve para casa? Não parece estar muito bem...

Talvez eu esteja um pouco grogue de sono e cansaço, porque as coisas que ela diz demoram a chegar ao meu cérebro.

- Não, estou bem... - Digo por fim - Eu consigo, vou lavar o rosto e terminar de acordar e já vou. - Ela sorri de forma compreensíva.

- Tudo bem, se cuide. - Diz se virando e sumindo no corredor.

Nunca me senti tão cansado em toda minha vida, acho que a mistura do cansaço dos plantões e ansiedade por saber como seguia o desenrolar dos acontecimentos acabaram por me pegar de jeito.

Soulmates?² - Ironstrange Onde histórias criam vida. Descubra agora