Dois longos anos haviam transcorrido desde o momento em que os portais foram selados, mas a batalha ainda não havia chegado ao fim. Os dias eram marcados por uma tensão incessante, enquanto a Irmandade Ignis, os bruxos renegados e os vampiros continuavam a semear o caos e o terror pelo mundo.
Os guerreiros da Luz, incansáveis em sua missão de proteger os reinos e restaurar a paz, empreenderam uma busca implacável pelos quatro bruxos originais da Irmandade Ignis. Cada passo dessa caçada era meticulosamente planejado, cada pista seguida com determinação e fervor, como as batidas do coração que ecoavam em meio à calma antes da tempestade.
Com as informações fornecidas por Anarah, os guerreiros da Luz seguiram o rastro de Zion, um dos bruxos originais da Irmandade Ignis. As florestas sombrias e as terras esquecidas eram testemunhas de suas trilhas, onde o cheiro úmido da vegetação enredava-se com a ansiedade pairando no ar.
Quando finalmente o alcançaram, a tensão estava no ar como a eletricidade antes de uma tempestade. Anarah, com uma mistura de esperança e apreensão em seu coração, se aproximou do antigo aliado, oferecendo-lhe uma chance de redenção, como uma brisa suave que busca acalmar o calor opressivo do verão.
"Zion, eu sei que você está cheio de ódio e dor. Eu também carrego a culpa por nossas escolhas passadas, mas agora estou lutando do lado da luz. Eu te imploro, dê uma chance para redenção", suplicou Anarah, com a voz carregada de emoção, como uma canção que tenta alcançar o coração de alguém.
Mas em vez de aceitar, o que se viu nos olhos de Zion foi um ódio genuíno, uma fúria enraivecida pela traição, que ele só então ele se dava conta: Anarah havia mudado de lado, provavelmente ela quem ensinara aos guerreiros da luz a fechar os portais.
"Redenção? Você fala de redenção depois de ter nos traído? Você entregou nossos segredos para nossos inimigos! Como posso confiar em você novamente?", vociferou o bruxo, sua voz ecoando como trovões em meio à escuridão.
A traição dela o havia atingido em seu âmago, corroendo qualquer vestígio de confiança que um dia existira entre eles, como um dilúvio que afunda tudo o que encontra em seu caminho.
"Eu sei que errei, mas eu mudei. Encontrei meu Hoa Wairua, e ele me mostrou o verdadeiro caminho. Juntos, estamos lutando pela paz e pela justiça. Eu não posso mudar o passado, mas posso tentar fazer o certo agora", contou Anarah em uma voz calma e firme, suas palavras ecoando como um eco no vazio.
"Ah, você acredita mesmo nisso? O que você sabe sobre o certo?", vociferou Zion, sua fúria parecendo incandescente como chamas em brasa. "Eu me lembro do que eles fizeram, Anarah, jamais esquecerei."
Ele ergueu a mão, convocando uma esfera de energia sombria, cuja luminosidade era como um cintilar maligno.
"Você luta ao lado daqueles que nos feriram. Anarah, você nos traiu", proferiu, sua voz embargada pelo rancor e pela mágoa.
Sua mente estava tomada pela amargura e pela sede de vingança, como um poço profundo que nunca se esgota.
Anarah convocou um escudo ao redor de si, pronta para lutar, sua concentração era firme, como uma muralha impenetrável.
Mas ela queria tentar uma última vez: "Eu não desejo machucá-lo, Zion, mas não vou permitir que você continue espalhando o caos. A escolha é sua", declarou, sua voz ecoando como um último apelo ao coração do bruxo.
Ele não hesitou em lançar um ataque enraivecido contra a bruxa, usando cada gota de poder sombrio que possuía, como um furacão destrutivo que não respeita limites.
A batalha que se seguiu foi feroz, os feitiços colidindo no ar, as espadas chocando-se com força, como uma sinfonia de combate que ecoava nos campos sombrios.
Anarah lutava para se defender, mas também carregava consigo a dor de ter traído alguém que um dia chamou de aliado, como um fardo que pesa sobre os ombros.
Enquanto as faíscas mágicas iluminavam o campo de batalha, a raiva de Zion era palpável, sua ira como um vulcão prestes a entrar em erupção.
Seus olhos negros como a noite brilhavam com uma intensidade assustadora, refletindo seu desejo de vingança, como os olhos de uma fera prestes a atacar.
Cada golpe desferido, cada palavra de ódio pronunciada, alimentava ainda mais a chama da batalha, como fagulhas que se espalham em meio a um incêndio descontrolado.
Anarah, embora abalada pela violência do confronto, não permitia que o medo a dominasse. Ela sabia que aquela luta era uma prova de sua própria redenção, uma chance de provar que ela era mais do que as escolhas que havia feito no passado, como um teste de resistência de sua alma.
Enquanto a batalha se desenrolava, os outros guerreiros da Luz observavam com olhares sérios e determinados, sem interferir, como a própria Anarah havia pedido. Seus semblantes eram firmes, como rochas inabaláveis.
Gadiel, no entanto, não foi capaz de apenas observar sua amada. Ele se juntou à luta, sua espada brilhando tanto quanto seus olhos ferozes, como uma estrela incandescente no céu noturno.
A batalha não foi bonita, Zion lutava com ódio e determinação. Mas não foi o suficiente para superar a força da união entre Anarah e Gadiel, que lutavam em perfeita harmonia, como uma dança coreografada pelos deuses.
Com cada golpe certeiro, cada magia poderosa que entrelaçava suas habilidades, eles mostravam ao bruxo a verdadeira essência da luz e do amor, como um sol radiante que vence as trevas da noite.
Anarah percebeu que, ao se render ao ódio e à vingança, Zion se tornou uma sombra de si mesmo, consumido pelo rancor que o aprisionava em um ciclo interminável de dor.
"Eles podem ter feito coisas terríveis, Zion, mas perpetuar o mal não trará a paz que você busca. Se você escolher o caminho da redenção, poderá encontrar a luz que também existe dentro de você", disse Anarah, suas palavras ecoando como uma melodia suave.
Gadiel, com olhos serenos e voz firme, acrescentou: "Você ainda tem uma escolha, Zion. Abandone a escuridão que o aprisiona e permita que a luz brilhe novamente em seu coração."
A reposta do bruxo foi atacá-los com mais afinco, golpes descontrolados e enraivecidos. No final, Gadiel atravessou o bruxo com um golpe certeiro de sua espada, enquanto Anarah lhe atacava com magia.
Ao cair no chão, Zion parecia derrotado, o fôlego entrecortado enquanto lutava para processar a dura realidade que o cercava.
Ao olhar para o rosto caído dele, Anarah sentiu uma mistura de compaixão e tristeza. Ela sabia que seu caminho havia sido trilhado na escuridão, e agora ele pagava o preço por suas escolhas, como uma alma perdida que anseia por encontrar seu caminho de volta para casa.
Anarah se afastou lentamente, sentindo um misto de alívio e tristeza. Ela havia cumprido sua missão, mas o custo da traição ainda pesava em sua consciência, como uma névoa densa que envolve uma floresta silenciosa.
Enquanto caminhava de volta para os guerreiros da Luz ao lado de Gadiel, ela sabia que havia muito a ser feito para reparar o que fora quebrado, como um canteiro de flores que precisa ser cuidado após uma tempestade devastadora.
A batalha contra a Irmandade Ignis ainda estava longe de terminar, mas aquela luta contra Zion serviu como um lembrete doloroso das consequências de suas escolhas, como uma cicatriz que sempre estaria presente em sua jornada.
Ela estava determinada a continuar sua jornada de redenção, a se provar digna da confiança daqueles que lutavam pela paz e pela justiça, como um farol que brilha na escuridão da noite, guiando os perdidos de volta para casa.
E assim, com o coração pesado, mas o espírito inabalável, Anarah se juntou aos guerreiros da Luz, pronta para enfrentar os desafios que viriam, como um falcão que plana majestosamente pelos céus, sempre atento ao chamado do destino.
E, à medida que avançavam, a esperança florescia no horizonte, como as primeiras flores que desabrocham na primavera após um longo inverno, anunciando que o futuro estava repleto de possibilidades e que a luz da redenção poderia alcançar até mesmo os corações mais sombrios. E Anarah sabia que, mesmo diante das maiores adversidades, o amor, a compaixão e a coragem eram as armas mais poderosas na luta pela paz e pela transformação do mundo.
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Herdeiros do Destino - Contos de Aranthia
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