O Início

94 31 183
                                    

Houve um tempo em que os Deuses de Shangri-La buscavam criar um lugar perfeito para manifestar seu poder divino. Eles ansiavam por uma terra que representasse a harmonia, o equilíbrio e a bondade que emanavam de seus corações imortais.

Assim, decidiram dar forma ao primeiro mundo, chamado Abaddon.

Abaddon surgiu das mãos divinas como um lugar de beleza incomparável. Era um reino de paisagens majestosas, onde rios de águas cristalinas serpenteavam entre montanhas imponentes e vales floridos, pintando o cenário com cores vibrantes e encantadoras. O aroma das flores perfumava o ar, enquanto o canto dos pássaros enchia o ambiente com uma sinfonia celestial.

Os Deuses depositaram toda sua criatividade ali, espalhando vida e maravilhas por todos os cantos desse novo mundo. Cada detalhe tinha sido meticulosamente elaborado para despertar admiração e espanto em qualquer ser que o contemplasse. As árvores majestosas estendiam seus galhos em direção ao céu, parecendo tocar as nuvens que flutuavam com graça e serenidade.

Para habitar e proteger esse reino, os Deuses criaram sete seres poderosos e extraordinários. Cada um personificava um aspecto do poder divino dos Deuses e tinha uma missão específica a cumprir. Eles eram belos, sábios e possuíam dons excepcionais. Suas vestimentas brilhavam com as cores mais intensas e vivas, refletindo a energia e o esplendor dos Deuses.

Os Guardiões eram os protetores do lugar, com o poder de moldar o reino, mantendo o equilíbrio entre as forças naturais e as criaturas que o habitavam. Sua presença irradiava uma aura de paz e segurança, e seus olhos brilhavam com a sabedoria milenar que possuíam. Eles governavam com justiça e sabedoria, orientados pela vontade dos Deuses, e seu tom de voz era como um suave sussurro que acalmava até as almas mais inquietas.

No início, o reino florescia sob a proteção desses seres. A harmonia reinava e todas as criaturas viviam em paz. Os raios de sol dançavam sobre as águas cristalinas dos lagos, criando um espetáculo de luz e cores que hipnotizava a todos. O som do vento sussurrando entre as folhas das árvores era uma melodia reconfortante, enquanto os animais corriam e brincavam livremente pelos campos verdejantes.

Porém, com o passar do tempo, a essência maligna enraizou-se nos corações dos Guardiões. Movidos pela ambição e pelo desejo de poder, eles se rebelaram contra seus criadores divinos. A traição trouxe consigo uma mudança drástica na atmosfera de Abaddon.

A ira dos sete se manifestou de forma avassaladora. O esplendor de Abaddon desvaneceu-se rapidamente, transformando-se em um reino de trevas, terror e miséria. As cores vibrantes que antes embelezavam as paisagens foram substituídas por tons sombrios e opressores. As flores murcharam, e a vegetação se curvou sob o peso da maldição que agora pairava sobre o lugar.

Eles impuseram seu domínio cruel e implacável sobre o reino. Os céus foram encobertos por nuvens escuras, raios e trovões percorriam o horizonte constantemente, ecoando a fúria dos Guardiões. As criaturas que antes viviam em harmonia foram subjugadas e dominadas pelo terror, o som de seus lamentos ecoando pela terra devastada.

Os Deuses de Shangri-La, devastados pela traição de seus amados filhos, testemunharam com tristeza o destino que se abateu sobre esse mundo. Lágrimas de luz escorriam de seus olhos divinos, como uma cascata de esperança perdida.

Percebendo que sua criação primordial havia sido corrompida pelo mal, decidiram ser necessário criar um novo mundo, onde o equilíbrio e a bondade pudessem ser restaurados. Assim, nasceu Aranthia, o novo reino dos Deuses. Eles concederam aos habitantes do novo mundo a chance de restaurar a ordem no universo.

Com sua vivacidade e coragem, os mortais enfrentariam as trevas e lutariam pela redenção de Abaddon. Cada amanhecer em Aranthia era pintado com uma paleta de cores celestial, refletindo a esperança que os Deuses depositavam em seus novos protetores.

Enquanto os Deuses de Shangri-La criavam esse novo reino de esperança e redenção, a notícia sobre sua existência alcançou os ouvidos dos Príncipes, agora conhecidos como Daeva, em Abaddon. Furiosos e consumidos pela ambição, eles decidiram tomar Aranthia para si e levá-lo à destruição.

Os Daeva reuniram seus exércitos de demônios e marcharam em direção aos portais que ligavam os dois reinos. O solo tremia sob seus pés enquanto avançavam, anunciando sua chegada com um estrondo ensurdecedor. A escuridão que os envolvia parecia devorar a própria luz ao seu redor.

No entanto, os Deuses, cientes da ameaça que representavam, usaram todo o seu poder para impedir a passagem dos Príncipes e de seus seguidores malignos. As cores vibrantes do céu se fundiram com a luminosidade dos Deuses em uma explosão de poder, e os elementos da natureza rugiram em resposta, erguendo barreiras impenetráveis ao redor de Aranthia.

Apesar dos esforços dos Divinos, os terríveis Príncipes conseguiram abrir portais que conectavam os reinos. Os portais se abriram como abismos sombrios, revelando a sinistra passagem entre os mundos.

No entanto, havia um preço a pagar por sua transgressão. Enquanto os portais permitiam que suas criaturas malignas fossem enviadas para Aranthia, os próprios Daeva estavam presos em seu inferno. Eles eram incapazes de cruzar completamente o limiar entre os dois mundos. A sensação de impotência e frustração os consumia, pois, ansiavam por conquistar Aranthia e subjugar seus habitantes à sua vontade maléfica.

Frustrados por sua limitação, lançaram suas criaturas em um frenesi de destruição em Aranthia. Das profundezas dos portais, surgiram seres monstruosos e sombrios, com olhos faiscantes de ódio e garras afiadas como navalhas. Essas criaturas, enviadas através dos portais, espalhavam o caos e a escuridão onde quer que fossem, causando terror e sofrimento entre os habitantes do novo reino.

O céu outrora pintado com cores celestiais agora estava obscurecido pelo medo, com nuvens escuras que pareciam se contorcer sob o domínio dos Daeva. As estrelas pareciam perder seu brilho diante da presença sinistra dos invasores, e a luz da lua era ofuscada pelas sombras que engolfavam Aranthia.

Os Deuses de Shangri-La permaneciam vigilantes, sabendo que a batalha entre a luz e as trevas estava apenas começando. Seus olhos celestiais observavam com pesar a devastação que as criaturas malignas causavam ao reino que tanto amavam. Sabiam que os Daeva ainda buscavam uma maneira de superar suas limitações e levar a destruição total a Aranthia.

A batalha pela segurança e redenção do novo reino estava longe de acabar...

Herdeiros do Destino - Contos de AranthiaOnde histórias criam vida. Descubra agora