Herdeiros do Destino - Contos de Aranthia

Véu de Sombras

O crepúsculo mergulhava a paisagem em uma misteriosa penumbra, um cenário perfeito para a figura determinada de Sapphire, que avançava com passos firmes e o coração pulsando com a intensidade do fogo da vingança que a consumia. As sombras da floresta pareciam abraçá-la, tornando-se cúmplices de sua missão sombria.

Ela havia se tornado uma das mais temidas seguidoras das trevas, uma força formidável em busca implacável de poder e destruição. Seu rosto, antes inocente, agora exibia as marcas da dor e da jornada sombria que percorrera, e sua alma se confundia com a escuridão que a cercava.

Enquanto seguia pelo caminho sombrio, um arrepio percorreu sua espinha, um presságio da presença oculta naquele lugar. As árvores, testemunhas silenciosas, sussurravam seu nome em uma sinfonia de murmúrios inquietantes. As sombras dançavam ao seu redor, parecendo se deleitar com o turbilhão de emoções que a envolvia, como se a própria natureza reagisse à sua sede insaciável de vingança.

E então, como se invocada por sua sede de vingança, uma figura surgiu das trevas. Uma bruxa vestida de preto, seus cabelos negros como a noite e os olhos perversos que emanavam uma aura sinistra. Era uma seguidora das trevas, uma aliada do Príncipe Daeva, o ser sombrio cujo nome era sussurrado em temor e cujo poder parecia se entrelaçar com o próprio tecido do mundo.

“Sapphire…”, sussurrou a bruxa com uma voz serpenteante, um sorriso malicioso dançando em seus lábios escuros, sua presença irradia a sinistra aura da magia negra. “Venho trazer notícias que vão inflamar seu coração com a chama da vingança. Anarah, a traidora, foi a responsável pela morte de Zion, seu amado.”

As palavras atingiram Sapphire como lâminas afiadas. Sua respiração pareceu fugir, e a dor lancinante rasgou seu coração em pedaços, deixando um vazio profundo. Zion, seu amante, seu companheiro de escuridão, fora tirado dela por aquela que um dia jurou lealdade. As lembranças de sua paixão ardente agora se mesclavam à fúria incontrolável que a consumia.

Uma tempestade de emoções a varreu, uma mescla avassaladora de dor e fúria. A traição e o assassinato de Zion eram o estopim que acenderia a chama da sua vingança, consumindo-a por completo. Era como se o destino tivesse tecido seu caminho em meio à escuridão e ao caos que a cercavam.

“Anarah…”, murmurou Sapphire entre dentes cerrados, o nome da traidora saindo como um rosnado feroz. “Ela me pagará pelo que fez. Jurarei vingança a cada um dos traidores que ousaram manchar nosso legado.”

A bruxa das trevas assentiu, seus olhos brilhando de prazer perante o caos que ajudara a desencadear. Uma aura de perversidade envolvia-a, fazendo-a parecer uma criatura nascida das sombras, uma representante viva das forças das trevas.

No íntimo da floresta, sob o manto do crepúsculo, a determinação e a escuridão se uniam em Sapphire, moldando-a em uma força temível que marcharia através da escuridão, em busca de justiça e vingança. 

O destino estava traçado, e as consequências seriam terríveis e inevitáveis.

A escuridão e o fogo da vingança a envolviam, transformando-a em uma tempestade negra, pronta para devorar aqueles que ousassem cruzar seu caminho.

Cada fibra de seu ser parecia impregnada pela energia ancestral das trevas, guiando-a em sua busca por redenção e retaliação. Os sussurros das árvores, antes quase imperceptíveis, tornaram-se agora um coro de vozes ancestrais que pareciam sussurrar segredos ocultos e poderosos.

Os sentidos de Sapphire, intensificados pela sede de vingança, captavam cada detalhe da floresta ao seu redor. O aroma da terra úmida misturava-se ao cheiro adocicado das folhas em decomposição, criando uma atmosfera misteriosa e densa. O vento soprava suavemente, carregando consigo um frio cortante que envolvia sua pele como um abraço gelado.

O céu, tingido pelas cores do crepúsculo, parecia espelhar a turbulência de emoções que tomavam conta de seu coração. Um espectro de sombras e luzes dançava sobre o chão da floresta, acompanhando os passos determinados de Sapphire.

A medida que a escuridão avançava, revelava as silhuetas das árvores imponentes, que pareciam erguer-se como guardiãs do desconhecido. Cada folha sussurrava segredos antigos, e a floresta ganhava vida própria, como se compartilhasse o propósito de sua vingança.

O semblante de Sapphire, obscurecido pelas sombras e pelos traços endurecidos, revelava a tragédia que se apossara de sua alma. Seus olhos agora ardiam em intensidade, refletindo a chama que queimava em seu interior.

Com cada passo, suas emoções se entrelaçavam às sombras, e sua jornada implacável prosseguia. O futuro era incerto, mas Sapphire estava disposta a enfrentar todas as adversidades em busca do destino que lhe reservava a vingança.

O mundo dos vivos e o mundo das sombras se encontravam em seu interior, e ela se tornara a própria personificação da escuridão que um dia jurara combater.