Herdeiros do Destino - Contos de Aranthia

O Lobo

Diferente de seu pai, que carregava o peso de uma maldição ancestral, Arya irradiava alegria e bondade, trazendo luz e esperança para todos que cruzavam seu caminho.

Sua presença era como um raio de sol em uma manhã cinzenta, e sua gentileza e disposição em auxiliar os outros eram admiradas por todos na aldeia. Seu coração, sempre transbordando de compaixão, era um verdadeiro oásis de amor em um mundo repleto de sombras.

Certo dia, movida por uma curiosidade inquieta, a bruxa decidiu explorar a floresta que se estendia além dos limites da aldeia.

Enquanto caminhava entre as árvores majestosas, cujas folhas sussurravam melodias antigas ao vento, um grande lobo surgiu em seu caminho. Seus olhos terrosos brilhavam com uma mistura intrigante de curiosidade e calma, enquanto ele observava Arya com uma intensidade que parecia transcender o tempo.

O coração de Arya disparou de medo inicialmente, mas sua intuição lhe dizia que o lobo não representava ameaça alguma.

Corajosamente, ela permaneceu imóvel, permitindo que o animal se aproximasse lentamente. Ele farejou o ar ao redor dela, como se buscasse entender quem era aquela jovem que ousava adentrar seu território. Por um breve instante, suas almas se encontraram em um elo silencioso de compreensão mútua.

De repente, um ruído distante na floresta quebrou o momento de conexão, fazendo com que o lobo afastasse-se rapidamente, desaparecendo entre as árvores como uma sombra fugidia.

Arya assistiu, maravilhada, enquanto ele se dissolvia na imensidão verdejante, ansiando pelo momento em que suas jornadas se cruzariam novamente.

Desde aquele dia, Arya voltava todas as noites à floresta, envolta pela esperança de reencontrar o lobo marrom de olhos terrosos que havia deixado uma marca indelével em seu coração.

Um mês se passou, e finalmente, Arya avistou uma figura familiar entre as árvores, era o lobo.

No entanto, algo parecia diferente.
A pelagem era negra e postura mais agressiva. Antes que ela pudesse reagir, o lobo negro avançou em sua direção, ameaçando atacá-la. O medo envolveu seu ser, e ela instintivamente liberou sua magia para se defender.

Mas no momento em que o perigo parecia iminente, o lobo marrom surgiu como um verdadeiro guardião, investindo contra o lobo negro com uma fúria destemida.

Uma batalha selvagem se desenrolou diante dos olhos atônitos de Arya, que observava desesperada, ansiando por uma maneira de ajudar.

Após uma intensa luta, o lobo marrom conseguiu afastar o lobo negro, que fugiu para dentro da floresta. A bruxa sentiu gratidão e admiração pelo lobo marrom, seu protetor inesperado, que havia arriscado sua própria vida para defendê-la.

A noite caiu, e Arya, exausta e cheia de emoções conflitantes, se encontrou adormecendo sob as estrelas, abraçada pela presença reconfortante do lobo marrom.

Porém, ao despertar com os primeiros raios de sol, ela se deu conta de que o lobo já não estava mais lá, apenas a sua memória permaneceu, como uma suave carícia em sua alma.

Na noite seguinte, enquanto o céu estava pontilhado de estrelas, Arya avistou uma figura se aproximando. Seu coração saltou de alegria quando reconheceu os olhos terrosos e a pelagem brilhante. Era o lobo marrom, retornando para perto dela, trazendo consigo a promessa de uma nova aventura.

A partir daquele dia, Arya e o lobo marrom estabeleceram uma rotina sagrada. Todas as noites, eles se reuniam na floresta, explorando juntos e desfrutando da companhia um do outro. 

Eles corriam livremente entre as árvores centenárias, descobrindo trilhas secretas e compartilhando segredos do coração. Na presença um do outro, Arya sentia-se verdadeiramente livre e em paz.

No entanto, no oitavo dia, o lobo marrom não apareceu, deixando Arya com uma sensação de vazio e tristeza. Ela procurou por ele incansavelmente nas noites seguintes, esperando vê-lo novamente, mas em vão.

Arya sentia falta da presença reconfortante do lobo e questionava por que ele não aparecia mais. Ela temia nunca mais o ver, e as noites se tornaram solitárias, onde ela passava horas na floresta, esperando e esperando, em busca de respostas e do lobo que conquistara seu coração.

Vinte e nove dias se passaram, e Arya nunca deixou de visitar a floresta, mesmo sem a certeza de que o lobo marrom voltaria. Mas, em seu coração, ela ainda nutria esperança.

E então, em uma noite estrelada, quando a lua brilhava intensamente no céu, Arya viu uma silhueta familiar emergindo das sombras da floresta.

Era o lobo marrom, retornando para perto dela, como se os laços entre eles transcendessem o tempo e o espaço.

Arya sentiu um alívio instantâneo e alegria transbordar em seu peito. Ela correu em direção ao lobo, que a recebeu com entusiasmo, expressando sua felicidade em vê-la novamente.

Naquela noite, Arya e o lobo marrom passaram horas juntos, explorando a floresta e desfrutando da companhia um do outro. 

Ela acariciava sua pelagem suave, sentindo a conexão entre eles mais forte do que nunca. Cada toque era carregado de ternura e gratidão, como se suas almas estivessem entrelaçadas em um abraço eterno.

Arya acordou ao lado de um homem desconhecido, sua pele era morena, seu cabelo marrom e olhos castanhos, que a encarava atordoado. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, pois os olhos dele lembravam os do lobo marrom com quem ela compartilhava um vínculo tão especial.

Com cautela, Arya se levantou e olhou para o homem. Ele parecia confuso e desorientado, como se estivesse tentando entender como havia chegado ali. Seus olhos encontraram os dela, e a bruxa sentiu um momento de reconhecimento mútuo...