Capítulo 14

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Maya

📍 Condomínio Jardim Marapendi, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Eu estava exausta mentalmente de um jeito que acho que nunca me senti. Um nó na garganta. Um aperto no peito. As lágrimas escorriam dos meus olhos enquanto se misturavam com as gotas d'água no chuveiro. Saí transtornada, vesti meu pijama e tudo que eu mais precisava era de um abraço.


"Papai!"

Grito alto. Procuro meu pai no corredor já que seu quarto era tão perto do meu. A porta do seu quarto estava entreaberta e ele não estava lá. Peazinho certamente estava com a Bia e minha única alternativa era a minha avó que já dormia. Entro devagarinho, pego uma mantinha e me deito ali com ela, fazendo carinho nos seus cabelos. Uma lágrima teimosa insiste em cair e eu acabo ligando os pontos na minha mente.

"Meu pai foi atrás dela. Meu pai é loucamente apaixonado por ela e nem adianta ele vir me dizer que aquela cena de ciúmes na casa daquela mulher foi para me proteger. Meu pai foi gosta dela, infelizmente, ele gosta dela."



Suspiro e tento fechar os olhos com dificuldade. Naquela noite eu tive um dos sonhos mais esquisitos da minha vida, meu coração até latejou desejando que aquela realidade paralela fosse verdadeira.


Subconsciente da Maya on ~


A ansiedade para a minha primeira primeira apresentação de ballet como solista não me deixava dormir aquela noite, levantei, tentei posicionar o ventilador para mim mas suas antenas estavam quebradas. Suspirei e decidi beber água para vê se essa agonia saía de dentro de mim.


Maya: Pai?


Encontrei meu pai somente de cueca no meio da cozinha e achei sua postura minimamente estranha.



PA: Vim pegar uma água pra sua mãe. Tá sem sono é?



Maya: Uhum, tô ansiosa...


PA: Deixei um bolo de morango lá da padaria na geladeira, come um pedaço, vai te fazer feliz, vai dar tudo certo, pretinha...



Maya: Te amo, papai e amo quando sobra um docinho da padaria também hahahahaha.



Ele deu um beijo na minha testa e foi pôr a água para minha mãe. Parece que mamãe sabe quando eu estou pensando nela, porque minutos depois ela levanta belíssima numa camisola de seda, essa mulher nem de longe parecia que morava no centro da favela, mamãe tava mais para uma princesa dos contos de fadas...



Jade: Tá bom, preto! Não enche até a tampa não...


Meu pai deu o copo de água para ela que bebeu ainda mais elegante do que já estava.



Jade: Peazinho, nada preto?



Meu pai negou com a cabeça. Peazinho era o filho mais velho de nós três - Paulo André Jr, Maya Paula e Anna Paula- e como morávamos no Complexo da Penha a maior diversão que tinha era o tal baile da gaiola que meu irmão amava e minha mãe morria de medo. Peazinho era o motivo da insônia de minha mãe que como toda boa crente orava para ele desistir dessa "diversão".




PA: Ainda é uma e quinze da manhã, meu amor. Ele já deve tá voltando. O limite não é até às duas?



Jade: Eu detesto ele naquela antro de imoralidade, e o tanto que eu tenho medo?



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