1. INFÂNCIA, Quando tudo começou.

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Desde muito jovem tenho absorvido relatos épicos das jornadas heroicas de meus pais, cultivando em meu ser uma paixão inabalável por todas as histórias de aventuras.

Nossa morada situava-se na serena Vila de Libã, ponto de encontro para destemidos aventureiros que exploravam o vasto bosque.

Libã, um refúgio pacífico a dois dias de jornada da grandiosa Capital Luance, abrigava contos que transcendiam a realidade, envolvendo-se nas sombras místicas do bosque e nas façanhas dos intrépidos aventureiros.

A última vez que um formidável monstro de Rank C assolou nossas terras foi a quase uma década atrás, quando meus pais e seus companheiros de equipe, tomados de muita bravura, contribuíram para sua extinção.

Minha mãe, uma paladina que usava uma espada encantada com fogo de um antigo dragão, e meu pai, um mago de batalha dotado de habilidades curativas e encantamentos, ambos de Rank A, integravam a ilustre equipe denominada Asas de Anjos.

Aos três anos de idade, testemunhei pela primeira vez minha mãe caçando um diminuto coelho de chifres. Inicialmente assustada e lacrimosa, mas logo me habituei.

A partir desse dia, sempre que possível, eu empunhava o arco ancestral que ficava suspenso em nossa varanda.

- Pequena mocinha, isso é perigoso! Se soltar essa corda, causará ferimentos. Poderá até perder um olho. Teu pai é hábil na cura, mas nem tanto nesse tipo de ferimento! - advertiu minha mãe ao retirar-me o arco.

- Quero caçar e ser uma aventureira como você, mamãe!

- Sua hora chegará! Por ora, divirta-se com algo diferente.

Descontente por não poder "treinar" com o arco, refugiei-me em casa. Ansiava por aprender, minha sede por aventuras estava aguçada por inúmeras histórias.

- ELENA LIZ SANT! Não lhe disse para brincar com outra coisa? - proferiu minha mãe, interrompendo meus devaneios.

Minha atenção estava tão voltada para a espada que dei um salto com o grito repentino de minha mãe.

- Ué! Isso não é outra coisa? - respondi, inocente.

- Oh, meu Deus, o que faço contigo? - minha mãe tirou a espada de minhas mãos, colocando-a sobre um guarda-roupa.

- Eu vou ter cuidado, a senhora, nunca permite que eu veja sua espada de perto!

- Claro! Ela é encantada com fogo. Quantas vezes você não se queimou só em retirar uma pequena parte da bainha? -apesar de chateada eu havia de concordar, eu não possuía mana suficiente para dominar aquela espada.

- Um dia você será minha! - murmurei para a espada, como se ela pudesse compreender, arrancando um sorriso de minha mãe.

- Venha, vou levá-la até a farmácia. Hoje, você está impossível, e preciso terminar de limpar as caças.

Minha mãe me segurou no colo, conduzindo-me até a nossa modesta farmácia, onde meu pai passava a maior parte do tempo.

Meu pai, alem de mago era um exímio farmacêutico, mesmo que sua magia não fosse suficientemente forte para regenerar um membro amputado, era poderosa o bastante para curar fraturas ósseas e lesões profundas.

Ele sempre me levava ao Grande Bosque quando ia coletar ervas, compartilhando conhecimentos sobre cada planta que surgia em nosso caminho.

Meu pai, em uma ocasião, compartilhou que magos suporte possuem o poder de curar desde feridas abertas, envenenamentos, sangramentos, ossos fraturados e até mesmo membros amputados. Entretanto, para doenças naturais como gripes, medicamentos eram essenciais. Assim, dedicávamo-nos a aprender sobre as diversas ervas existentes.

Quando a farmácia transbordava de clientes, eu escapava para o bar do tio Ri. Zion era seu nome, mas era conhecido como Ri, por ser eternamente sorridente.

Aquele lugar encantado era meu refúgio para ouvir histórias épicas de aventureiros recém-chegados do imponente Grande Bosque.

- Pestinha fugiu da farmácia de novo!- exclamou o tio Ri, me dando um peteleco na cabeça, enquanto sorria.

- Ai! Não fugi! Desta vez, pedi ao papai! - retruquei, massageando o local dolorido.

- E ele permitiu? - indagou, sorrindo.

Fingi não ter ouvido, até meu pai aparecer na porta do bar.

- ELENA! - ele exclamou, claramente esbaforido. - Você me assustou... por que sempre faz isso? Filha, mesmo sendo uma vila pequena, é perigoso andar por aí. Há muitos forasteiros nestes últimos dias.

O tio Ri gargalhou alto ao ouvir aquilo.

- HAHAHA! Sabia que era uma pestinha. Carlos, pode deixá-la aqui. Cuidarei dela até fechar a farmácia. E você, mocinha, não faça mais isso, ou vou proibir-te de entrar aqui!

Sempre que eu escapava sorrateiramente, o tio Ri proferia suas ameaças cômicas, e meu pai, resignado, concordava, reconhecendo que eu era irreverente demais.

Quando celebrei meu sexto aniversário, minha mãe iniciou meu treinamento em técnicas de combate, enquanto meu pai me instruía nos misteriosos estudos teóricos da magia.

Ansiosa para atingir a marca dos dez anos, almejando a tão aguardada aquisição de uma profissão, ansiava por explorar o vasto horizonte que se abria à minha frente.

As profissões, detentoras de um encanto mágico, eram alcançadas por meio de um artefato situado na Academia de Batalha, reservado apenas para aqueles que atingiam o nível 10 de experiência. No entanto, o contador de nível só despertava quando a criança completava sua décima primavera.

Nascemos com atributos iniciais, alguns direcionados inteiramente à magia e mana, outros à força, agilidade e destreza, e assim por diante. São esses atributos que dão pistas sobre nossa futura profissão.

Um valor inicial de 10 em algum atributo sugere que a criança não evoluirá para outras características. No meu caso, nasci com modestos 5 em todos, uma raridade.

Às vésperas de meu décimo aniversário, a vila foi assolada por um ataque surpresa. Um monstro de Rank A liderou uma horda de criaturas das Rank D e E, ceifando inúmeras vidas.

Meu pai, durante o ataque, utilizou uma pedra de comunicação, clamando por reforços à capital. O capitão da guarda real, atento ao chamado, prometeu enviar reforços imediatamente, numa resposta crucial para conter a ameaça que pairava sobre a nossa amada vila.

As Crônicas De Elena - e o Passado Esquecido!Onde histórias criam vida. Descubra agora