40. Um breve treinamento

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Passaram-se meses desde a tentativa frustrada de resgatar as memórias perdidas. A mestra, envolta em seu silêncio, recusou-se a compartilhar detalhes, e assim, resignada, deixei que esse enigma se desvanecesse.

Após aquele dia, examinei cada tomo que existia na morada da Sabia, mas nenhum revelava os segredos da magia temporal. Os raros manuscritos que se aventuravam a discutir tal arte alegavam insanidade, dizendo que viajar no tempo era um devaneio sem retorno. Ao questionar Sara, seu sorriso tornou-se meu único guia, obscuro e enigmático.

— Hahahaha! Isso é inexistente, Elena! — ela me afirmou.

Então, optei por relegar ao esquecimento, ou ao menos tentar esquecer aquele episódio, talvez ele fosse apenas fruto da minha imaginação. Assim voltei minha atenção integralmente aos meus estudos.

O tempo deslizou velozmente, um ano completo desde o dia em que pisei pela primeira vez na colina. Durante esse período, devorei cada livro e absorvi inúmeras lições teóricas sobre as artes mágicas. Alguns volumes já se tornaram parte de minha memória, e mesmo com meu nível 1, consegui conjurar magia - uma modesta e diminuta esfera de fogo era o meu limite antes de sucumbir à exaustão. Contudo, era um progresso notável.

Num dia que parecia tão comum quanto qualquer outro, Sara se aproximou enquanto eu lia, interrompendo minha concentração. 

— Hoje, vamos caçar! — anunciou com entusiasmo.

— Como assim caçar? Está em falta carne? — questionei, fixando meu olhar nela. 

— Hahahaha! Não, querida. Temos provisões de carne por um bom tempo. No entanto, você precisa evoluir de nível para iniciarmos o treinamento real.

— Não sei se estou pronta para isso...— baixei a cabeça, assaltada pelas lembranças de minha vila e do campo de treinamento.

— Elena, você está prestes a completar 12 anos e ainda não subiu nenhum nivel. Embora os desafios não tenham sido leves até aqui, é crucial avançar. Todos devemos ascender de nível para forjar uma profissão, do contrário, corremos o risco de estagnar no tempo para sempre. O futuro aguarda, e é tempo de seguir adiante.

Algo dentro de mim clamava, embora eu não pudesse identificar exatamente o quê. Afinal, minhas lembranças eram escassas, limitando-se ao sombrio cenário da morte de Rayon e Alice. Como exatamente perderam a vida permanecia envolto em névoa, uma parte turva do meu passado.

Mesmo assim, reuni todas as minhas forças, decidida a avançar. Afinal, o anseio de ser uma aventureira sempre ardeu dentro de mim.

— Você está certa!— Entendido, vá buscar seus pertences. Iremos em direção à floresta. 

— Espere! Como pretendemos caçar aqui? Pelo que entendi, essa colina fica depois do coração da floresta, onde só habitam monstros robustos! 

— Exatamente! A teoria nos é ensinada pelos mais frágeis, mas é com os mais robustos que aprendemos a verdadeira arte da luta! Você já domina toda a teoria, agora é hora de colocar em prática o que aprendeu!

— Perdoe-me pelo que vou dizer, mestra, mas perdeu completamente o juízo? Se uma simples lagarta alada já representa um perigo, imagine um lobo em chamas ou, pior ainda, uma Quimera! — Indaguei, indignada. 

— KKKKKK! — Sara riu alto. — Mantenha a fé, Elena!

— Não se trata apenas de fé, mas de sanidade! A única habilidade que possuo é conjurar uma pequena bola de fogo, não maior que a chama de um isqueiro, antes de me exaurir. Imagine enfrentar algo assim!

— Calma, Elena! Aqui no meio também há monstros mais fracos. Você não precisa aniquilar os mais poderosos, apenas enfrentá-los. Lançarei sobre você uma magia protetora que impedirá que os monstros lhe causem dano. Segundo suas histórias, você é filha de uma paladina e um mago.

— Exatamente! Mas qual a relevância disso? - Perguntei, perplexa. 

— Até agora, você apenas absorveu a teoria da magia, como se estivesse destinada a ser uma maga. Mesmo tendo realizado algo notável, como conjurar magia ofensiva antes de escolher uma profissão. Contudo, devemos considerar a possibilidade de você ser uma paladina ou pertencer a outra classe guerreira. E como eu não sou hábil em combate corpo a corpo, essa é uma habilidade que terá que desenvolver sozinha, ou seja, através da prática!

— Mas, mestra...

— Sem "mas"! — Sara me interrompeu, evidenciando que essa era uma condição inegociável para ela.

Restou-me apenas concordar, embora pairassem dúvidas sobre esse método. Poderia eu, de fato, abraçar qualquer profissão? Os atributos forneciam apenas uma vaga ideia do que eu poderia me tornar, mas nenhuma profissão era 100% certa.

Preparei uma pequena mochila e a adaga que Sara me presenteou, já que ainda não podia empunhar a espada de minha mãe, e nenhuma outra lâmina estava à disposição.

Partimos adentrando a floresta. O local exibia uma vegetação majestosa, com árvores que se entrelaçavam a certa altura, formando uma densa copa sob a qual apenas poucos raios de sol conseguiram penetrar, criando um ambiente escuro e úmido. Era um cenário perfeito para criaturas monstruosas!

Segurei a adaga com firmeza em uma das mãos, recordando os movimentos de combate que minha mãe me ensinara. Apesar de passar um ano imersa nos livros, nunca negligenciei meus alongamentos e exercícios diários.

"Elena, o segredo de um bom guerreiro é nunca permitir que seus músculos se endureçam!" — minha mãe costumava afirmar.

Mal havia se passado 10 minutos desde nossa entrada na floresta quando um tigre cinza surgiu. 

— A hora é agora, garota! Vá em frente! — Sara exclamou, empurrando-me para a ação.

— E o que espera que eu faça? Simplesmente me atire na direção dele sem qualquer estratégia? 

— Ótima pergunta! Encantei sua adaga com uma magia de sono. Basta tocar no ponto vulnerável de algum monstro que você não consiga derrotar, e ele adormecerá instantaneamente!

Olhei para ela, quase suplicando por clemência, mas Sara não demonstrou piedade. Respirei profundamente e avancei em direção àquela imensa fera.

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⏰ Última atualização: Feb 21 ⏰

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As Crônicas De Elena - e o Passado Esquecido!Onde histórias criam vida. Descubra agora