18. Uma noite mal dormida.

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O tempo se desdobrava, e ainda não surgia ajuda; o cenário continuava aterrorizante e confuso. Ciente de que permanecer no mesmo lugar não alteraria sua situação, Elena optou por retornar à área da explosão, mesmo lembrando-se das palavras do misterioso jovem alertando sobre os perigos da magia instável que ainda permeava o local.

"Em situações desesperadoras, medidas desesperadas são necessárias!" - refletiu enquanto caminhava.

Ao alcançar a imensa cratera, Elena não conseguia discernir a presença da mana que antes pairava sobre o lugar, indicando instabilidades mágicas. Afinal, ela era apenas uma aprendiz, e seu conhecimento prático sobre a magia não era profundo.

"Onde estão os soldados que o rapaz disse que viriam? E os instrutores? Não há ninguém aqui também. Entre todos os lugares, este parece ser o mais seguro. Por que ele disse que aqui era perigoso?" – sua mente estava confusa e aturdida, transformando aquele dia em uma eternidade. Novamente, uma jornada que deveria ter sido memoravelmente positiva tornou-se um dia inesquecivelmente sombrio.

Sentindo-se solitária e desamparada, Elena começou a avançar em direção à suposta saída do bosque. Contudo, o caminho que antes recordava vagamente ter percorrido com seus amigos agora parecia muito mais extenso, como se estivesse caminhando em círculos.

A noite desceu, e a perspectiva de encontrar a saída daquele lugar desaparecia junto com sua fé de sair dali com vida.

Por sorte, Elena encontrou apenas monstros sem classificação, o que facilitava sua fuga. Seu corpo estava exaurido, sentindo fome e frio. Tentou descansar várias vezes sob árvores altas ou em cavernas rasas, mas lagartas noturnas e cobras peçonhentas sempre surgiam. Embora tenha sido picada algumas vezes, seguindo os ensinamentos de seu pai sobre ervas antídoto e usando sua débil magia de cura, conseguiu neutralizar o veneno, ainda que a dor persistisse.

A noite foi longa, e ela estava à beira do colapso. Sua mana, já limitada, estava se esgotando. Uma nova picada, seguida de uma tentativa de usar magia, poderia levá-la a um estado de insuficiência de mana, resultando em sua morte iminente. A imagem de Alice sendo consumida por slimes assombrava a mente de Elena, causando-lhe vômitos novamente.

Elena adormeceu sobre uma árvore alta, o vento noturno gélido queimava suas bochechas, e a pequena menina se encolhia para procurar calor.

Um ruído na calada da noite a despertou, e seus olhos assustados procuraram a origem do som. Foi então que avistou um homem, sua pele tão clara refletia a luz do luar, contrastando com seus cabelos longos e negros. Os olhos azuis brilhantes emitiam um olhar distante enquanto ele parecia procurar por algo na escuridão. Elena considerou descer e falar com o estranho, mas algo nele a fez hesitar.

O homem olhava ao redor, aparentemente confuso, até que seus olhos se fixaram em Elena, apoiada em um galho alto. Seus olhares se encontraram, e um calafrio sinistro percorreu o corpo da menina. Ela tentou se virar para se esconder, mas era tarde demais; o estranho já a tinha notado. Flutuou até ficar frente a frente com Elena.

— Encontrei você! Mas não está exatamente como eu queria... que perda de tempo. Quando a vi pelos olhos de Faylin, pensei ter visto algo... — o homem suspirou, — ...mas não se preocupe, você ainda vai me servir um dia. Por enquanto, apenas durma. — Com um gesto misterioso, o sujeito lançou uma magia estranha sobre Elena, que adormeceu novamente. 

A aurora emergiu, entretanto, a noite mal dormida deixou Elena ainda mais debilitada. Ela jurava ter tido um sonho estranho na noite anterior. Mesmo assim, persistia em prosseguir em sua busca pela saída daquele lugar.

"Preciso resistir, não posso desmaiar aqui. Até que eu consiga sair dessa situação, não posso entrar em colapso!"

Elena esforçava-se para manter-se consciente com pensamentos positivos, mas isso era extremamente difícil, pois já haviam se passado muitas horas e ninguém aparecera para resgatá-la. 

Após tanto correr e fugir, finalmente vislumbrou uma pequena luz entre as árvores, sugerindo uma possível saída.

Seus pés estavam repletos de bolhas e feridas, suas pernas completamente arranhadas e cobertas por picadas. Suas mãos exibiam várias escoriações devido ao atrito constante ao subir e descer árvores, além de escorregar em alguns lugares íngremes. No entanto, nada disso a impedia de continuar correndo, alimentada pela esperança de escapar daquele lugar.

Elena correu entre as árvores, atravessando finalmente as últimas que formavam um arco, encontrando a tão esperada saída do bosque. 

— OLHEM, ALGUÉM SAIU DE LÁ DENTRO! — exclamou uma voz feminina. 

Uma multidão se aglomerou ao redor do bosque, correndo em direção a Elena. 

— Como conseguiu sair? — perguntou uma mulher alta, de traços finos e elegantes, vestindo uma armadura reluzente, enquanto apoiava Elena em seus ombros. 

Atordoada com a multidão, e com o corpo fraco, Elena não conseguia responder às perguntas. 

— ALGUM MAGO DE SUPORTE, CUREM-NÁ IMEDIATAMENTE! — gritou uma voz masculina.

Aquelas palavras soaram como uma melodia nos ouvidos de Elena, indicando que finalmente poderia se entregar ao cansaço e descansar, pois Gian estava por perto. Antes de adormecer completamente, Gian apareceu diante de seus olhos.

— Elena! Você está bem? – Gian perguntou, aflito. 

— Por que não chegaram antes? O Rayon... ele quebrou o cristal de localização... e mesmo assim... ninguém veio e a Alice... — Elena sucumbiu ao cansaço e desmaiou antes de terminar de falar.

As Crônicas De Elena - e o Passado Esquecido!Onde histórias criam vida. Descubra agora