≈Antônio •
Amanda cantava a plenos pulmões ao meu lado o que me fez rir ainda mais. A clássica música do filme as branquelas deixou o ambiente, que já estava cômico, ainda mais. Ela fazia o isqueiro de microfone e desafinava de uma forma incrível.
— If I could fall into the sky
Se eu caísse no céu
Do you think time would pass me by?
Você acha que o tempo passaria por nós?
Oh, 'cause you know I'd walk a thousand miles
Pois você sabe que eu andaria mil milhas
If I could just see you tonight
Se eu pudesse apenas te ver essa noiteEu batucava no volante do carro enquanto a rodovia ganhava o movimento caracteristico da luz do dia. Meus olhos buscavam os de Amanda involuntariamente e meu sorriso surgia cada vez mais amplo apenas de olha-la.
— Eu preciso fazer xixi, Antônio, ferrou.
— Calma, vou dar um jeito.
— Não vou no mato, se esse for o seu "jeito" - ela fez as aspas no ar e eu gargalhei.
Avistei um restaurante de beira de estrada e levei o veículo até lá.
— Fica aqui, fecha as portas, eu já volto.
Amanda concordou e fez um jóia no ar. Entrei no restaurante e agradeci a Deus mentalmente ao ver que havia uma área em que vendiam roupas de banho devido aos lagos e cachoeiras próximos. Comprei uma saia/vestido não sei muito bem o que era, mas era bonito. Voltei para o carro com o saco e encontrei um homem parado próximo ao veículo.
— Algum problema amigo?
Amanda me olhava assustada de dentro do carro e eu não entendi bem o que havia ocorrido. O homem me olhou de cima abaixo e desistiu do que quer que estivesse fazendo, pois só pediu desculpas e abaixou a cabeça se afastando a passos rápidos.
— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— Vamos sair daqui por favor.
— O que houve, Amanda? - Perguntei sentando no carro e entregando a sacola a ela. Os olhos marejados me deixaram em alerta.
— Ele tentou abrir a porta quando você saiu, se assustou ao me ver aqui dentro e acabou vendo que eu estava sem calça, tentei me cobrir com as sacolas mas ele ficou falando besteira pela janela e perguntando se eu não "queria dar uma" com ele. Fiquei com medo dele tentar abrir o carro.
— Filho da puta! Eu vou la falar com ele. - Quando fui abrir a porta Amanda me puxou e apenas me abraçou fungando baixinho.
— Não vai não, não aconteceu nada, mas me assustou. Eu fiquei tão aliviada quando você veio andando. Parecia que eu estava vendo um anjo.
— Eu estou com você! Não vou deixar nada acontecer. Achei esse treco que eu não sei bem se é um vestido ou saia, coloca que eu descobri um local aqui perto que você vai amar.
Amanda sorriu limpando uma lágrima discreta e beijou de leve meus lábios em um selinho, o ato me fez sorrir junto. Ela vestiu a saia.
— Não é das mais bonitas mas da para o gasto.
— Você fica linda até com um saco de pão amarrado na cintura, mulher.
Amanda gargalhou jogando a cabeça para trás e percebi que o susto havia passado.
— Você quer ir ao banheiro aqui ou prefere que procuremos outro local?
— Podemos ir para outro? Eu prefiro... - a voz dela sai baixinha e eu concordo.
Dirijo por alguns segundos e vejo ela se remexendo no banco do carro, acelero um pouco o veículo e localizo outro restaurante logo a frente. Chegamos rápido e a acompanho até o banheiro, esperando na porta até que ela tivesse terminado.
— Obrigada por me esperar.
— Não vamos correr mais riscos. Está com fome?
— Estou um pouco sim.
Seguro a mão dela e caminhamos até a área de self service do restaurante, pegando os itens para o café da manhã. Amanda estava com uma blusa preta de brilhos e uma saia de renda branca. Não sou muito conhecedor de moda mas não parecia algo que combinasse.
— Eu estou muito inimiga da moda.
— Para com isso, você está linda.
— Linda? Antônio eu com certeza seria presa pela policia da moda.
— Fizemos o melhor que deu com o que tinhamos. Não fica envergonhada, eu to achando incrivel. É história para contar.
Ela riu e mordeu o pão com ovo e muito queijo, me fazendo sorrir e saborear o momento levinho que estavamos vivendo. Ela era uma excelente companhia. Pensar sobre isso fez o meu coração apertar, eu sabia que ao voltar para São Paulo tudo acabaria, meu desejo era permanecer viajando com ela para sempre.
— Você gosta de lagos e cachoeiras? A mulher do restaurante anterior me contou que tem uma aqui perto.
— Eu amo mas morro de medo.
— Eu te salvo.
Amanda sorri e concorda bebendo um golinho de café. Pago nossa conta e caminhamos até o carro, puxo ela próximo a porta e dou um beijo nos lábios dela.
— Beijo com gosto de ovo.
— Quem se importa com o gosto quando tem a disposição esses lábios, Amanda? Pelo amor de Deus.
Ela balança a cabeça e abro a porta para ela entrar. Circulo o veículo e vejo ela colocar uma nova playlist enquanto partimos rumo a cachoeira.
— Quando é o seu próximo plantão?
— Amanhã a noite, precisamos chegar em São Paulo pelo menos amanhã de manhã para que eu consiga descansar um pouco.
— Ta certo, voltamos hoje a tarde e chegamos a noite, se não for problema para você.
— Não é não, pode ser assim.
A primeira placa surge indicando que o local estava há 15 minutos e Amanda se empolga como uma criança ao meu lado. Ela tagarela sobre como faziam anos que ela não ia a uma cachoeira e como isso era comum na sua infancia. Nesse momento descobrimos que frenquentamos os mesmos locais em salvador, o que choca a nós dois.
— Parece coisa de filme, a infância inteira indo aos mesmos locais e não nos conheciamos. Nos conhecemos na mesa de um bar e viajamos juntos no mesmo minuto. O destino, até que enfim, conseguiu nos juntar.
— Obrigado Universo. - sorrio beijando a mão dela.
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Boa tardeeee,
Uma atualização gostosinha, mais tarde tem mais ♥
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...