Capítulo V

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≈Antônio •

Amanda cantava a plenos pulmões ao meu lado o que me fez rir ainda mais. A clássica música do filme as branquelas deixou o ambiente, que já estava cômico, ainda mais. Ela fazia o isqueiro de microfone e desafinava de uma forma incrível.

— If I could fall into the sky
Se eu caísse no céu
Do you think time would pass me by?
Você acha que o tempo passaria por nós?
Oh, 'cause you know I'd walk a thousand miles
Pois você sabe que eu andaria mil milhas
If I could just see you tonight
Se eu pudesse apenas te ver essa noite

Eu batucava no volante do carro enquanto a rodovia ganhava o movimento caracteristico da luz do dia. Meus olhos buscavam os de Amanda involuntariamente e meu sorriso surgia cada vez mais amplo apenas de olha-la. 

— Eu preciso fazer xixi, Antônio, ferrou. 

— Calma, vou dar um jeito. 

— Não vou no mato, se esse for o seu "jeito" - ela fez as aspas no ar e eu gargalhei. 

Avistei um restaurante de beira de estrada e levei o veículo até lá. 

— Fica aqui, fecha as portas, eu já volto. 

Amanda concordou e fez um jóia no ar. Entrei no restaurante e agradeci a Deus mentalmente ao ver que havia uma área em que vendiam roupas de banho devido aos lagos e cachoeiras próximos. Comprei uma saia/vestido não sei muito bem o que era, mas era bonito. Voltei para o carro com o saco e encontrei um homem parado próximo ao veículo.

— Algum problema amigo? 

Amanda me olhava assustada de dentro do carro e eu não entendi bem o que havia ocorrido. O homem me olhou de cima abaixo e desistiu do que quer que estivesse fazendo, pois só pediu desculpas e abaixou a cabeça se afastando a passos rápidos. 

— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? 

— Vamos sair daqui por favor. 

— O que houve, Amanda? - Perguntei sentando no carro e entregando a sacola a ela. Os olhos marejados me deixaram em alerta. 

— Ele tentou abrir a porta quando você saiu, se assustou ao me ver aqui dentro e acabou vendo que eu estava sem calça, tentei me cobrir com as sacolas mas ele ficou falando besteira pela janela e perguntando se eu não "queria dar uma" com ele. Fiquei com medo dele tentar abrir o carro. 

— Filho da puta! Eu vou la falar com ele. - Quando fui abrir a porta Amanda me puxou e apenas me abraçou fungando baixinho. 

— Não vai não, não aconteceu nada, mas me assustou. Eu fiquei tão aliviada quando você veio andando. Parecia que eu estava vendo um anjo. 

— Eu estou com você! Não vou deixar nada acontecer. Achei esse treco que eu não sei bem se é um vestido ou saia, coloca que eu descobri um local aqui perto que você vai amar. 

Amanda sorriu limpando uma lágrima discreta e beijou de leve meus lábios em um selinho, o ato me fez sorrir junto. Ela vestiu a saia.

— Não é das mais bonitas mas da para o gasto.

— Você fica linda até com um saco de pão amarrado na cintura, mulher. 

Amanda gargalhou jogando a cabeça para trás e percebi que o susto havia passado. 

— Você quer ir ao banheiro aqui ou prefere que procuremos outro local? 

— Podemos ir para outro? Eu prefiro... - a voz dela sai baixinha e eu concordo. 

Dirijo por alguns segundos e vejo ela se remexendo no banco do carro, acelero um pouco o veículo e localizo outro restaurante logo a frente. Chegamos rápido e a acompanho até o banheiro, esperando na porta até que ela tivesse terminado. 

— Obrigada por me esperar. 

— Não vamos correr mais riscos. Está com fome? 

— Estou um pouco sim. 

Seguro a mão dela e caminhamos até a área de self service do restaurante, pegando os itens para o café da manhã. Amanda estava com uma blusa preta de brilhos e uma saia de renda branca. Não sou muito conhecedor de moda mas não parecia algo que combinasse. 

— Eu estou muito inimiga da moda. 

— Para com isso, você está linda. 

— Linda? Antônio eu com certeza seria presa pela policia da moda.

— Fizemos o melhor que deu com o que tinhamos. Não fica envergonhada, eu to achando incrivel. É história para contar. 

Ela riu e mordeu o pão com ovo e muito queijo, me fazendo sorrir e saborear o momento levinho que estavamos vivendo. Ela era uma excelente companhia. Pensar sobre isso fez o meu coração apertar, eu sabia que ao voltar para São Paulo tudo acabaria, meu desejo era permanecer viajando com ela para sempre. 

— Você gosta de lagos e cachoeiras? A mulher do restaurante anterior me contou que tem uma aqui perto. 

— Eu amo mas morro de medo.

— Eu te salvo. 

Amanda sorri e concorda bebendo um golinho de café. Pago nossa conta e caminhamos até o carro, puxo ela próximo a porta e dou um beijo nos lábios dela. 

— Beijo com gosto de ovo. 

— Quem se importa com o gosto quando tem a disposição esses lábios, Amanda? Pelo amor de Deus.

Ela balança a cabeça e abro a porta para ela entrar. Circulo o veículo e vejo ela colocar uma nova playlist enquanto partimos rumo a cachoeira. 

— Quando é o seu próximo plantão? 

— Amanhã a noite, precisamos chegar em São Paulo pelo menos amanhã de manhã para que eu consiga descansar um pouco.

— Ta certo, voltamos hoje a tarde e chegamos a noite, se não for problema para você. 

— Não é não, pode ser assim.

A primeira placa surge indicando que o local estava há 15 minutos e Amanda se empolga como uma criança ao meu lado. Ela tagarela sobre como faziam anos que ela não ia a uma cachoeira e como isso era comum na sua infancia. Nesse momento descobrimos que frenquentamos os mesmos locais em salvador, o que choca a nós dois. 

— Parece coisa de filme, a infância inteira indo aos mesmos locais  e não nos conheciamos. Nos conhecemos na mesa de um bar e viajamos juntos no mesmo minuto. O destino, até que enfim, conseguiu nos juntar.

— Obrigado Universo. - sorrio beijando a mão dela.

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Boa tardeeee,

Uma atualização gostosinha, mais tarde tem mais ♥ 

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