O recomeço depois do fim

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≈SEIS MESES DEPOIS≈

≈Antônio•

A vida havia voltado ao mais perto de normal possível, o acompanhamento estava sendo realizado conforme o cronograma médico, o que me garantia um check up total a cada dois meses. Tudo estava mais do que perfeito, ao ponto do meu caso estar na em análise para se tornar objeto de estudo médico. Minha melhora exponencial havia surpreendido até mesmo Amanda, que eu considerava ser minha médica mais otimista.

Aliás, ela estava cada vez mais empolgada com a vida de blogueira médica, o que nos garantia alguns finais de semana tumultuados com palestras e planejamentos. Gravação de conteúdo e muito estudo, era lindo de observar o empenho e paixão.

A vida andava calma e isso era o mais próximo de perfeito que poderíamos querer depois de um ano de muita emoção.

Levanto da cama e vejo o relógio marcar uma da manha. Perco o sono e resolvo beber um chá. Sento na sacada olhando a noite iluminada da metrópole que nunca dorme.

Parecia que, afinal, eu estava tendo a oportunidade de um recomeço. Agradeço o silêncio, sem lágrimas e medos. A noite suave, sem temores. As orações cheias de agradecimentos e não súplicas. Agradeço por ela estar aqui. Pela vida da minha filha que foi também minha cura.

— Amor? - Amanda chama me fazendo olhar.

— Oi, amor - sorrio - tudo bem?

Estendo minha mão chamando e ela caminha até sentar no meu colo.

— Está tudo ótimo... só - suspiro - estou sendo grato.

— Parece que os dias de glórias chegaram.

— Até que enfim! Estávamos apanhando direitinho.
- ela ri.

— As vezes penso o quanto nossa vida mudou ao longo desses meses... - ela respira fundo - parece que vivemos dez em um.

— E agora quero viver mais cem com você pra compensar.

— E ainda assim seria pouco.

— Por que você acordou?

— Nada... só acordei. Vamos para o rancho no fim de semana? Estou com tanta saudade.

— Seria ótimo, amor.

Ela sorri e beija meu lábio em um selinho rápido, ficamos em silêncio observando a lua até que o sono nos atingiu novamente.

≈Amanda•

Minha mãe não atende o celular, estou ficando preocupada.

— Pode ser o sinal, amor. - nossa playlist da estrada havia sido substituída por mundo bita e uma Aurora empolgada que gritava batendo palmas a cada musica nova.

— Mas ela sempre atende, isso está estranho. Meu pai também não responde. - falei confusa.

— Calma, quando chegar no rancho a gente vê.

O sol estava alto e nossa barriga já roncava pela hora do almoço. Antônio acelerou um pouco mais e vi Aurora pegar no sono. Insisti mais algumas vezes mas meus pais realmente não atendiam.

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