≈Amanda•
Saio do banho rindo e encontro Antônio encarando a panela queimada, aperto o roupão no meu corpo e balanço a cabeça encarando ele.
— Parabéns, masterchef.
— A culpa foi sua! - ele responde erguendo uma sobrancelha.
— Minha? Você que invadiu meu banho.
— Você ficou me beijando e me distraiu.
— Ah, não beijo mais então. - faço biquinho me fingindo de ofendida e vejo ele se preparar para correr até mim.
A cena a seguir é como uma câmera lenta, Antônio escorrega no piso molhado da cozinha e bate em uma taça de vinho vazia que estava no balcão, os dois vão para o chão e um sangue vivido se espalha ao redor deles.
— ANTÔNIO! - grito assustada.
— Calma, foi só um corte.
Vejo ele se levantar e o ajudo para desviar dos cacos. A lateral do antebraço dele pinga sangue e eu corro para estancar. Coloco uma toalha limpa ao redor do ferimento.
Antônio se enrola em outro roupão branco enquanto eu junto os cacos de vidro.
— Meu Deus, que perigo!
— Calma, não foi nada grave.
— Foi sim, Antônio. Vou limpar e costurar mas teremos que ficar de olho, a quimio deixa seu sistema imunológico fraco, se você contrair uma infecção por causa desse corte poderemos ter muitos problemas.
Antônio me encara com os olhos assustados e busco meu kit de primeiros socorros. Sentamos no sofá e ele me olha atentamente enquanto higienizo toda a extensão do ferimento, retirando um caco de vidro pequenininho.
— Vai doer um pouco, vou passar uma anestesia local mas ainda assim você sentirá.
Antônio concorda e fecha os olhos quando inicio a sutura. Ele morde o próprio lábio fazendo careta e penso que ele parece um menininho travesso.
— Bom menino. - brinco elogiando o desempenho dele em não reclamar da dor.
Ele sorri fraco. Finalizo e entrego um comprimido anti-inflamatório para ele.
— Ainda bem que foi no braço, imagina se é na bunda, como que eu ia explicar isso?
Dou uma risada sincera pensando na cena.
— Seria maravilhoso suturar sua bundinha.
— Que bunda? - ele fala rindo.
— Ah tem uma bundinha sim, pouca, mas tem.
— Você passou na sua e na minha vez.
— Antônio! - balanço a cabeça e sinto ele me puxar. Deito no peito dele e ele me abraça.
— Obrigado por cuidar de mim.
— Sempre! Como você está se sentindo?
— Está tudo bem mas eu acho que preciso dormir um pouco, vamos almoçar e tirar um cochilinho?
Concordo e comemos conversando amenidades. O celular dele toca e uma dona Wilma nervosa fala alto do outro lado.
— Eu sei mãe, eu sei. Não tinha o que fazer mãe, eu precisava ir la. Eu sei mãe. Tá bom, mãe. Eu estava de máscara, mãe. Sim, mãe. Ela está aqui.
Ele me encara e passa o celular, arregalo os olhos.
— Oi, dona Wilma... - falo baixinho.
— Oi, Amanda. Tudo bem, minha querida?
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...