Capítulo XX

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≈Amanda•

Saio do banho rindo e encontro Antônio encarando a panela queimada, aperto o roupão no meu corpo e balanço a cabeça encarando ele.

— Parabéns, masterchef.

— A culpa foi sua! - ele responde erguendo uma sobrancelha.

— Minha? Você que invadiu meu banho.

— Você ficou me beijando e me distraiu.

— Ah, não beijo mais então. - faço biquinho me fingindo de ofendida e vejo ele se preparar para correr até mim.

A cena a seguir é como uma câmera lenta, Antônio escorrega no piso molhado da cozinha e bate em uma taça de vinho vazia que estava no balcão, os dois vão para o chão e um sangue vivido se espalha ao redor deles.

— ANTÔNIO! - grito assustada.

— Calma, foi só um corte.

Vejo ele se levantar e o ajudo para desviar dos cacos. A lateral do antebraço dele pinga sangue e eu corro para estancar. Coloco uma toalha limpa ao redor do ferimento.

Antônio se enrola em outro roupão branco enquanto eu junto os cacos de vidro.

— Meu Deus, que perigo!

— Calma, não foi nada grave.

— Foi sim, Antônio. Vou limpar e costurar mas teremos que ficar de olho, a quimio deixa seu sistema imunológico fraco, se você contrair uma infecção por causa desse corte poderemos ter muitos problemas.

Antônio me encara com os olhos assustados e busco meu kit de primeiros socorros. Sentamos no sofá e ele me olha atentamente enquanto higienizo toda a extensão do ferimento, retirando um caco de vidro pequenininho.

— Vai doer um pouco, vou passar uma anestesia local mas ainda assim você sentirá.

Antônio concorda e fecha os olhos quando inicio a sutura. Ele morde o próprio lábio fazendo careta e penso que ele parece um menininho travesso.

— Bom menino. - brinco elogiando o desempenho dele em não reclamar da dor.

Ele sorri fraco. Finalizo e entrego um comprimido anti-inflamatório para ele.

— Ainda bem que foi no braço, imagina se é na bunda, como que eu ia explicar isso?

Dou uma risada sincera pensando na cena.

— Seria maravilhoso suturar sua bundinha.

— Que bunda? - ele fala rindo.

— Ah tem uma bundinha sim, pouca, mas tem.

— Você passou na sua e na minha vez.

— Antônio! - balanço a cabeça e sinto ele me puxar. Deito no peito dele e ele me abraça.

— Obrigado por cuidar de mim.

— Sempre! Como você está se sentindo?

— Está tudo bem mas eu acho que preciso dormir um pouco, vamos almoçar e tirar um cochilinho?

Concordo e comemos conversando amenidades. O celular dele toca e uma dona Wilma nervosa fala alto do outro lado.

— Eu sei mãe, eu sei. Não tinha o que fazer mãe, eu precisava ir la. Eu sei mãe. Tá bom, mãe. Eu estava de máscara, mãe. Sim, mãe. Ela está aqui.

Ele me encara e passa o celular, arregalo os olhos.

— Oi, dona Wilma... - falo baixinho.

— Oi, Amanda. Tudo bem, minha querida?

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