Capitulo 2

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Acordei no dia seguinte aos berros. Ao que parece eu esqueci de colocar o relógio para despertar e eu já estava atrasada.

- Valentina levanta dessa cama agora e vai tomar banho antes que eu tenha que trazer o banho até você! - pulei da cama sem nem pensar duas vezes e corri para o banho. Essa mulher sabe como me tirar da cama. - Não acredito que você vai chegar atrasada no seu primeiro dia na UCL.

Eu não ligo em perder eu aula, eu ligo em ser a atenção da turma porque cheguei atrasada. Então Peguei a primeira roupa que eu vi pela frente, amarrei meu cabelo em uma trança bagunçada e desci as escadas correndo.
- Cadê a Ana?
- Ela já foi, não queria perder aula. - típico.
- Tudo bem mãe, eu descubro o caminho e vou correndo até lá. - disse, com um sorriso sínico no rosto.
- Deixa de ser idiota, entra logo nesse carro.

O caminho em si demorou uns 10 minutos, acrescente mais 15 pelo fato de eu ter que ir pegar meu horário de aula na direção e a chave do armário. Calculando tudo eu havia perdido 20 minutos de aula. Perfeito.

Eu estava correndo pelos corredores desertos procurando a sala quando uma muralha bate em mim e eu caio com tudo no chão.
- Puta merda!
- Do que você me chamou?
Quando eu olho para cima eu percebi que não bati em uma muralha e sim em um menino com um sotaque perfeito e cabelos loiros como o feno. Olhos verde me fitavam com confusão e graça enquanto um sorriso torto começava a surgir no rosto do menino.
- Nada, só me ajude a levantar já que isso tudo é culpa sua.
- Culpa minha? Você bateu a cabeça com muita força? Quem veio correndo foi você, meu bem. Não viu as placas de "proibido correr nos corredores"?
- Se você não ficasse parado ai sem fazer nada eu não teria batido. Não era para todo mundo estar na sala agora? E não, tava ocupada demais para chegar na sala que não notei.
- Você é nova aqui não? Seu sotaque é estranho.
- Eu não sou daqui, gênio. Para onde fica a sala 38?
- Olha que sorte, eu to indo pra lá agora. Eu te levo! - maravilha. - Se você continuar com essa cara eu não te levo para canto algum em.
- Cala a boca e me mostra o caminho logo.

Andamos por 1 minuto e chegamos na sala. O loiro entrou antes e foi se sentar no fundo, eu meio que fiquei parada sem saber o que fazer até a professora me notar. Ela não me apresentou para a turma como eu achei que faria (como nos filmes). Ela simplesmente disse "bem vinda, eu sou a professora de biologia. Pode se sentar agora" e apontou para um lugar no fundo, o único vazio na frente do ruivo, puxa que sorte!

A professora começou um discurso sobre o proteínas e célula humana enquanto eu procurava um caderno para anotar. Acho que eu deixei no corredor quando eu cai ou sei lá.
- Ei - disse uma voz parecida atrás de mim.
- Que foi?
- Acho que isso é seu. - disse o loiro encostando algo nas Minhas costas. O meu caderno. Virei e agarrei com tudo murmurando algo parecido com "obrigada".

A aula seguiu normalmente e passou rápido até. O sinal tocou indicando o seu fim e eu comecei a arrumar as Minhas coisas quando eu noto uma sombra na minha frente.

- Qual sua próxima aula novata?
- A novata tem nome e a minha aula não é da sua conta.
- Ei, só To tentando ser legal. Você sempre fica na defensiva? Como você se chama?
- Valentina. Do Brasil.
- Valentina do Brasil. Gostei, mas é muito longo, vou procurar um apelido para você.
- Que sorte eu tenho então. - disse com sarcasmo.
- James.
- O que que tem?
- É o meu nome manezona. Mas eu deixo você me chamar apenas de J.
- Ok, apenas J.
- Qual seu curso?
- Nao tenho muita certeza, mas algo relacionado à biologia. Talvez psicologia.
- Legal, eu também.
- Que novidade.
- Você não me disse sua próxima aula.
- Eu tenho horário vago agora, para falar a verdade.
- Eu também!
- Isso só pode ser perseguição!
- Mentira, mas eu mataria essa aula para mostrar o colégio para você.
- Não precisa não, eu consigo me virar aqui.
- Tudo bem. Então a gente se vê por aí, Valentina do Brasil.

Fiquei observando aquela sombra loira ir embora enquanto eu tentava decidir se eu ia para direita ou esquerda. Não demorei para achar a cantina. Ela era enorme e cheia de mesas e bancos. Fiquei o resto do período lá e depois fui para aula. Não vi mais o loiro pelos corredores, ele simplesmente sumiu, não que eu tenha ficado procurando, é claro. O dia passou rápido e eu pude voltar para a casa com a minha irma, que assim como qualquer boa menina já tinha feito amigos. Entrei em casa, tirei tudo e fui tentar estudar alguma coisa. Quando eu abri o caderno de biologia vi que tinha um recado:
" Ta aqui meu número, esquentadinha. Caso você tenha alguma problema em se adaptar ou então queria alguém para te mostrar a cidade. - J."

Não podia ver verdade. Porque diabos esse menino me deu o número dele sendo que a gente nem se conhece direito? Eu não ia ligar. Não ia dar esse gostinho. Ou eu ia? Ele é meio que a única pessoa que eu conheço aqui.

Cold coffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora