Capitulo 3

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Se tem algo que eu abomino mais do que falar com alguém no telefone é falar com alguém por vídeo. Eu entro em pânico, é natural já. Só que dessa vez não tinha jeito. Já tinha recebido uma bronca da Alice por não falar com ela no início da semana, então era melhor acabar logo com isso.

Já era sábado. A semana tinha passado muito rápido na UCL sem muitas novidades. O J continuou me perseguindo, os alunos continuaram barulhentos e tudo mais. Tinha me dado um desconto por estudar a semana toda e achei que já era tempo de conhecer essa cidade. Talvez achar uma boa loja de bolos ou um cinema perto... Não sei. Então peguei Minhas coisas e fui.

Quando eram quase 2 horas eu encontrei um Starbucks no meio de duas lojas de bolo. Aquilo era o sinal. Entrei e fui direto para mesa do fundo ligar o laptop e entrar no Skype.

- FINALMENTE VOCÊ ENTROU AQUI, SUA PIRANHA.
- Também tava com saudades Alice, queria que você estivesse aqui.
- Eu também, mas fica tranquila que eu vou nas férias. Vou ficar até você não me aguentar mais.
- Vai ser rápido então.
- Babaca. Mas me diz, como foi a primeira semana?
- Foi tudo normal, as pessoas são como as dai, só que com mais estilo. Aqui é o paraíso dos meninos loiros e casacos fofos, caso você queria saber.
- Arruma um loiro pra mim.
- Pode deixar. - ela e sua queda por garotos loiros.
- E como estão as coisas com a sua mãe?
- Vão indo. Ela ta fazendo de tudo para gente se acostumar. A Ana já ta se sentindo em casa e tem amigos, mas comigo vai ser um pouco mais complicado.
- Eu sei, mas você tem que dar uma chance para esse lugar maravilhoso.
- Tudo bem. Espera ai que eu vou pedir alguma coisa.

Andei até o balcão para pedir algum café. Mesmo o dia estando frio e as pessoas normais pedirem bebidas pegando fogo eu não conseguia, nada melhor do que um café gelado com chantilly.

Esperei alguns minutos até alguém aparecer no balcão, o que me deu tempo suficiente para formular a frase em inglês e pedir a bebida sem pagar mico.

- Desculpa a demora, ali trás ta meio bagunçado. - disse um menino com olhos azuis brilhantes e um cabelo ruivo bagunçado. Braço coberto de tatuagens e um sorriso torto estampado no rosto. Acho que eu fiquei muito tempo o observando porque ele perguntou outra vez sem tirar o sorriso do rosto.
- Hã, me desculpa. Já vou logo avisando que meu inglês não é muito bom, então se prepare.
- Não tem problema, aqui é o lugar que mais atrai estrangeiros que nem "oi" sabem falar, então você já está indo melhor que eles.
- Me sinto melhor então. Eu vou querer um frappuccino de chocolate, por favor.
- É pra já, pode voltar pra sua mesa que eu levo lá!
Dei um sorriso e caminhei de volta para Alice.
- Que demora garota.
- Tinha um ruivo lindo no balcão.
- Ah não, lá vai você e essa história de os-ruivos-são-melhores-que-todos. Cadê seu café?
- Mas eles são. Não posso fazer nada. O menino ruivo falou que trazia aqui.
- Você quer dizer esse ai atrás de você?
- Hã? Ah ta. Sim sim.
- Seu café senhora...? - disse o ruivo caminhando com a minha bebida.
- Valentina, mas pode ser Nina.
- Nina, ok. Aproveita, até mais!
- obrigada, até!

Ele caminhou de volta para bancada enquanto eu voltava para Alice, que estava impressionada.

- Tudo bem, se todos forem iguais a ele eu to indo para i agora.
- Cala a boca, sorte que ele não fala português.
- Grava esse lugar para gente voltar ai em.
- Ta ta, melhor eu desligar e voltar para casa, já ta meio tarde.
- Af, tudo bem. Depois a gente se fala então. Bjs e eu to com saudades.
- Ok, eu também To.

Comecei a guardar as coisas e me preparar para ir embora quando o menino ruivo aparece na minha frente.
- Já está de saída?
- Já, eu não avisei minha mãe que ia sair então melhor voltar.
- Você vai ficar em Londres por muito tempo?
- Quem sabe? Pelo menos por esse ano.
- Ah entendi. Se você quiser alguém para te apresentar a cidade sabe onde me encontrar.
- Tudo bem, depois apareço aqui então.

Dei um sorriso e simplesmente sai. Sem nem perguntar o nome dele. Como eu não perguntei o nome dele ou passei meu telefone? Por isso eu continuo sozinha. Agora ele vai achar que eu sai de lá correndo porque não queria. Perfeito.

Cold coffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora