Capitulo 5

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- Vamos estabelecer limites aqui, ok? Não podemos ser amigos se você não gostar desse sanduíche. - Brindou ele. Estamos sentados em uma lanchonete que, aparentemente, era a favorita dele, assim como o lanche que eu comia agora.
- Mas eu já disse que gostei garoto! - e eu realmente havia gostado. Era como se fosse um Subway só que com um tempero 30 vezes melhor.
- É, disse. Mas acho que vale a pena ouvir você falar isso mil vezes para o lanche ter o privilégio que ele merece.
- Ta, tudo bem. ESSE É O LANCHE MAIS GOSTOSO QUE EU JÁ PROVEI. Feliz?
- Sim, muito melhor.
- Tudo bem, agora eu tenho o direito de te mostrar um lanche e você vai ser obrigado a amar.
- Pode mandar.
- Er, eu só preciso achar um.
- Que decepção senhora tina, que decepção. - ele gargalhou como se isso fosse a coisa mais engraçada.
- Já são quase 6 da manhã e eu já comi. O que você quer fazer agora?
- Vamos andar, tem um lugar legal por aqui. Já andou de metrô? Cumpriu o papel de turista e caminhou por todos os lugares e ficou perdida?
- Calma ai, eu to aqui faz pouco tempo, não deu nem tempo de decorar o caminho até em casa.
- Mas de metrô você já andou né?
- Sobre isso...
- Ah não, não não não - interrompeu ele. - Levanta vai, você vai andar de metrô e vai ser agora. Não pode falar que conheceu Londres de verdade sem andar de metrô. Preparada para um mundo misterioso e mágico?
- Acho que sim, mas é só um metro. Provavelmente um metro bem melhor que os do Brasil, mas ainda é um metro.
- Não é um metro, é o metrô. Aqui você encontra gente de todo o lugar, de todos os tipos e cores. Você vê amigos rindo, pessoas trocando olhares carinhosos e todo o resto. Quer saber? Não adianta falar, vem.

Ed me puxou pelo braço e fomos andando até a estação amais próxima. Ele me contou que estava trabalhando na Starbucks para juntar um dinheiro e conseguir comprar um apartamento e poder se sentir mais livre.
- Nem me fala disso, não queria morar com a minha família. Eu amo muito eles, mas eu quero um tempo pra mim. Eu meio que fui obrigada a vir pra cá, então...
- Você não queria estar em Londres?
- Longa história, depois eu te conto.

Caminhamos por uns 15 minutos e chegamos na estação, que para mim estava um pouco lotada para o horário. Era muito diferente de São Paulo mesmo, era tudo mais limpo, maior, nem parecia um metro. Caminhamos até a plataforma e entramos no vagão.

- Para onde nós vamos?
- Vou te levar para tomar o melhor chá da sua vida.
- Veremos.

Ele estava certo. Entramos em uma doceira e pedimos os dois um chá branco, que parecia que vinha com um pedaço do céu de tão divino.

- Ninguém conhecia muito esse lugar, então eu tive a sorte de encontrá-lo e fazer dele a minha parada final da noite, ou então só para pensar mesmo. Saindo aqui pela lateral tem uma pracinha linda, eu vinha aqui sempre.
- Porque não vem mais?
- Ta tudo muito corrido.
- Nem me fala. Mas o que você fica fazendo aqui? Observando as velhinhas? Seguindo as menininhas e jogando esse seu olhar matador? - brinquei fazendo-o corar.
- Eu venho compor, na realidade.
- Então além de café boy você também compõe?
- E todo violão... E canto.
- Nossa, ele ainda canta! Me mostra?
- Nah, quem sabe outro dia. Eu sou uma pessoa tímida e eu nem te conheço. Você pode ser uma psicopata e eu vou estar aqui cantando pra você.
- Manezao. - empurrei ela fazendo-o cair no banco.

Ficamos conversando até mais ou menos umas 7:30. Ele me contou um pouco mais sobre Londres e os lugares que eu não poderia deixar de ir até que chegou a hora de voltar para casa.

- Tem certeza que não quer que eu te acompanhe?
- Tenho. Vai saber se você é um psicopata maluco.
- Nossa, quanta criatividade senhora. Tente achar suas próprias piadas.
- O que??? Quem disse que é tua?
- Eu. Mas vamos lá, hora de ir para casa.

E foi assim a minha primeira noite andando pela cidade. Eu gosto disso. De não fazer planos. De sair andando por ai e a companhia foi muito boa também. Não que eu estivesse apaixonada, mas esqueci de pegar qualquer contato. Como eu vou achar esse menino! Eu sou muito burra, o jeito vai ser redescobrir o caminho até a Starbucks.

Cold coffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora