Capitulo 10

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- Você acha que ir para o bar dirigindo é uma boa ideia?
- Como assim, Nina?
- Quer dizer, vamos beber né, acho mais seguro voltarmos de metrô ou táxi ou andando mesmo.
- Tem razão. Vem, vamos de metrô. - ele pegou minha mão e foi me arrastando na direção certa.
- O que? Vamos andando até lá?
- Não, Nina, vamos voando.
- Idiota - disse empurrando de leve seu ombro. - mas é longe Ed!
- Não é não. Quem é que mora aqui? A gente aproveita e conversa mais.
- Ta.
- Você ta diferente.
- Diferente como?
- Sei lá, diferente.
- Pra bom ou para ruim?
- Pra bom. - ele parou e me encarou por alguns segundos antes de falar demovo - definitivamente pra bom.

Ele estava certo, demoramos uns 15 minutos até a estação mais próxima. Conversamos sobre sua playlist de hoje, ele iria começar com "The A Team" e fecharia a noite com "Give me love". Essa última eu ainda não tinha ouvido, junto com boa parte das outras.

Caminhamos de mãos juntas pela rua gelada de Londres, e eu não o impedi.
Quando chegamos a casa já estava um pouco cheia. Ela parecia pequena por fora, mas quando entramos se mostrou completamente diferente. Ela era rústica, com mesas grandes e um palco no meio, com algumas luzes viradas para ele. Pessoas andavam para lá e para cá com copos na mão, se divertindo.
- Tudo bem, eu tenho que me arrumar. Fica nessa mesa, assim eu te acho depois! Chamei o J também, daqui a pouco ele chega.
- Tudo bem. Boa sorte! - o abracei o mais forte que eu pude, para mostrar que eu estava com ele nessa. - ta nervoso?
- Um pouco, para falar a verdade. Sempre toquei em bares, mas acho que esse é o maior entre eles.
- Fica tranquilo. Se você ficar com vergonha é só olhar para mim.
- Tudo bem. Obrigado, sabe, por ficar.
- Quanto drama, eu quis ficar. Agora vai logo.
- Tudo bem, mandona! - ele saiu do meu abraço e me deu um beijo demorado na testa antes de sumir no meio das pessoas.

Fiquei sentada por um tempo olhando as pessoas passando. Eu ainda tava com o cheiro dele, tinha me acostumado a tudo isso. Ele cuida de mim, ele me quer por perto, acho que é por isso que eu gosto de ficar com ele. Ele é completamente o oposto do meu pai.
- Eu quero saber de tudo! Como assim você foi para casa com meu amigo ruivo!
- Olá J. Não aconteceu nada, só amigos. Eu acabei indo parar lá por beber um pouco mais da conta.
- E porque isso?
- Por nada ué. As pessoas bebem, você sabe.
- Sei. Não tem nada a ver com aquele ruivo no palco?
- Que? Claro que não. Agora fica quieto.
- Boa noite gente, eu sou Edward Sheeran e vou animá-los por aqui. A primeira música se chama "the a Team" . Espero que gostem!
Quando ele começou todos pararam para ouvir sua voz e prestar atenção na letra. A segunda música foi mais animada então as pessoas se soltaram um pouco mais. Ele cantou todas as musicas olhando para mim, piscando e sorrindo, até mesmo quando a letra era triste. Quando chegou a vez da última música, "Give me love", todos que gritavam pararam e ouviram com atenção. Como quando somos pequenos e alguém conta uma história sobre fadas e príncipes.

Assim como a primeira, essa era triste e nos fazia pensar. Deu para perceber que ele deu tudo de si nessa música, porque eu senti tudo o que ele cantou. Quando terminou de tocar o último acorde abriu os olhos e olhou bem no fundo do meu olho, sorrindo de orelha a orelha, pronunciando a palavra "obrigado". Todos aplaudiram de pé me fazendo sentir a pessoa mais orgulhosa do mundo.

Sai da mesa e caminhei até o bar para pegar uma bebida para o ed. Acho que depois de hoje ele precisava comemorar. Quando caminhei de volta para nossa mesa percebi que ela estava cheia de mulheres e bebidas. Acho que todas tiveram a mesma ideia que eu. Quando me aproximo mais vejo Ed se agarrando com uma morena alta. Ele não precisava de mim essa noite e ver isso foi como levar um soco no estômago.
- Parece que o Ed ta fazendo sucesso com todo mundo. Vai lá cara!
Não era obrigada a ficar lá, sai andando antes que ele me visse e sai do bar. Porque eu estava tão chateada com isso? Nos éramos só amigos, eu não tinha que me importar, nem conhecer ele eu conheço direito.

Caminhei sem rumo pelas ruas até encontrar um posto de gasolina. Só lá que eu vi que tinha deixado meu celular e meu casaco na mesa. Ótimo. Pelo menos tinha dinheiro. Entrei na loja de conveniências e comprei uma garrafa de vodka.
- Um brinde a você, Valentina. Que acha que as pessoas gostam mesmo de você.
Eu não podia estar com ciúmes. Eu não estava. Tudo isso era tristeza porque ele não procurou por mim. A AMIGA que ele queria que fosse hoje. Não tem nada a ver com a morena que ele estava enfiando a língua quando eu cheguei.

Afundei minhas mágoas da forma mais infantil possível: bebendo. Tomei toda garrafa sozinha e a última coisa que eu me lembro foi de pegar um táxi até minha nova casa. Quando eu acordei não tinha nenhum braço colorido em volta de mim. Só o lençol branco.

Cold coffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora