Capitulo 11

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Preciso anotar na minha agenda "nunca mais beber pra caralho e chorar por causa de garoto" na minha lista coisas-que-não-devo-fazer pra ver se assim eu aprendo de uma vez por todas. Ontem foi uma péssima escolha. Porque eu não fiquei em casa? No meu canto? Não, precisava sair com ele.

Eu bebi com o único propósito de esquecer tudo o que eu tinha visto, sentido, pensando... Só que eu me lembro de tudo isso, me lembro de tudo que eu fiz ontem e ainda To com a minha cabeça latejando. Maravilha. Perfeito. Pra piorar ainda são 6 horas da manhã. Parece que Deus me castiga por beber porque eu nunca consigo acordar tarde.

Quando deu umas 6:30 eu cansei de tentar dormir e fui tomar café quando a campainha de casa toca. Quem vai na casa dos outros essa hora da manhã?
- Finalmente ! você ta viva, ai meu Deus - disse o J invadindo a minha casa e me abraçando.
- Nossa, qual o problema? Não faz isso que minha cabeça dói.
- Como assim qual é o problema? Você some do bar sem falar com ninguém, não leva a porra do celular e não atende a porra da porta.
- Primeiro, não grita. Segundo, eu não estava me sentindo bem, ta legal? Achei melhor sair para pensar um pouco e acabei não levando o celular.
- Custava avisar alguém?
- O ed tava engolindo uma menina e você estava ocupado demais gritando, desculpa se não deu.
- Ah ta, entendi! Você ficou assim por causa dele!
- O que? Não!
- Para de teatro que isso não rola mais comigo. Você gosta dele.
- Não gosto.
- Tem razão, ama!
- NÃO!
- SIM!
- Eu não sei se eu gosto ta legal? Eu To confusa, porra! E ver ele com aquela menina me deixou mal, sai, enchi a cara e voltei pra casa.
- Porque eu não reparei nisso antes? Agora faz todo sentido! - ele disse, e confortando com um abraço apertado.
- Não conta pra ele.
- Mas...
- Não conta! Não quero perder a amizade dele sendo que eu nem tenho certeza.
- Tudo bem, mas você deveria ligar para ele, sabe, pra falar que ta viva.
- Ta.
- Não, você não tem noção. Depois que você saiu ele entrou em pânico. Ele procurou você por todo bar, perguntou até para o segurança. Eu tava meio bêbado então não levei muito a sério, falei que jaja você voltava ou alguma coisa do tipo. Como você não voltou ele bebeu quase tudo do bar e eu tive que voltar com ele desmaiado.
- Mas porque?
- Porque ele gosta de você!
- Cala a boca. Não gosta. Ele só não queria que eu morresse.
- Bom, você que sabe. Mas se você não ligar sabe que ele vai aparecer aqui né?
- Eu sei. Acho que vou lá. Aproveitar e levar chá, café, remédio e sei lá mais o que.
- Vai lá cuidar dele, menina apaixonada.
- Cala a boca. Vou esquecer qualquer sentimento fora do normal que eu tenho por esse menino, mas não vou deixar de ser amiga dele.
- Você que sabe então.

Depois que o J foi embora aproveitei para melhorar minha cara. Sorte minha que a casa estava vazia porque se eu chegasse bêbada em casa capaz da minha mãe me matar. Tomei um banho quente, arrumei minhas coisas e sai de casa umas 8:30 para comprar as coisas para o ed. Cheguei na casa dele só as 10 e obviamente ele ainda dormia. Peguei a chave reserva escondida nas plantas e entrei. A casa estava uma zona. Tinha comida para todo lado e uma garrafa de whisky na bancada. Ótimo, ele bebeu mais ainda.

Resolvi dar uma geral na casa, como forma de pedido de desculpas. Arrumei tudo em mais ou menos meia hora. Fiz pão torrado com nutella, coloquei um pouco de chá, café e remédio para dor de cabeça e levei tudo isso para o quarto dele.
- Bom dia. - ele ainda estava desmaiado na cama então coloquei as coisas na bancada e fui acorda-lo.
- Ed, ta na hora.
- Ah não mãe.
- Que mané mãe garoto.
- Nina? NINA PORRA! Você ta viva! - ele levantou e me agarrou, beijando cada canto do meu rosto.
- Sei que é meio decepcionante e tudo mais, mas estou. Do que você se lembra?
- De ter um beijo roubado por uma morena anta, depois você sumiu e ai eu entrei em pânico, depois acho que eu bebi um pouco.
- Um pouco? - como assim beijo roubado? Será que ele não queria? NINA, não! Você não liga pra isso.
- Tudo bem, bebi muito. Porque você sumiu? Queria comemorar com você.
- Ah, err, nada de mais, eu vi um ex no bar e acabei me sentindo mal.
- Serio? Porque não foi falar comigo.
- Você tava ocupado.
- Nunca vou estar ocupado pra você, neném.

Depois disso Ed reclamou de dor de cabeça, disse que nunca mais ia beber, vomitou e acabou indo tomar banho, enquanto isso eu tentava fazer o almoço. Um dia bem típico.
- Nina, que cheiro de queimado é esse?
- Como assim cheiro de queimado? - gritei da sala.
- Parece que ta vindo da cozinha!
- O que? - fui correndo para lá. Só me faltava queimar a cozinha dele, mas quando eu cheguei não tinha nada. Só cheiro de sopa quase pronta.
- Mas é um baba...- quando me virei para ir atrás dele ele estava atrás de mim, com o cabelo todo bagunçado e molhado. Olhos brilhando e um sorriso safado no rosto.
- Fala.
- Babaca.
Ele nunca esteve tão perto do meu rosto assim. Aqueles olhos penetrantes me fitavam sem nem piscar e eu não aguentava mais um segundo sem beijar aquela boca então eu fiz a coisa mais idiota que alguém poderia fazer: peguei a nutella que tinha lá e joguei na cara dele, para quebrar o clima.
- Você está definitivamente ferrada! É melhor correr e rápido.
- Não, me desculpa! Minha cabeça ta explodindo e eu preciso parar.
- Não ligo. - ele se me encurralou no sofá da sala e me encheu de cócegas até eu pedir perdão.
- Bom mesmo, agora vem cá. Me conta a verdade de você ter saído do bar ontem, eu sei que não foi por causa do ex namorado. - disse ele, me abraçando e colocando a cabeça no meu ombro. Como eu ia sair dessa?

Cold coffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora