treze.

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Janeiro iniciou-se ainda gelado. Aquela sexta-feira em questão, um dos primeiros dos dez dias que não foram cobertos de neve mas sim, de chuva.

As duas primeiras semanas passaram-se tão velozes quanto letárgicas, com todos os dias parecendo iguais, porém calmos o suficiente para não haver nenhum susto desagradavel em curso, cujo a vida rolava gradativamente para dentro do beco sem saída que era a Beckett Street e posteriormente, para o edifício número 32.

Precisando se aquecer de alguma maneira, Namjoon fez um saldão de livros e Jin, junto a Yoongi, se achegou no duplex para ajudarem na Sarang com cappuccinos e orientação extra.

A princípio, Jungkook estava provando-se um excelente barista e padeiro, na confecção de biscoitos e café, usando seu talento e a firmeza de suas mãos para produzir desenhos delicados e ternos por sob os doces e a espuma de leite e creme quentes. Quando ele, todavia, quis estender mais o leque da sua curiosidade sobre o sempre constante fluxo de pessoas, os aficcionados por novelas, calhamaços, contos e outras quinquilharias vintages que a livraria oferece, colocou a prova seu novo conhecimento adquirido, e começou a interagir com todo tipo de cliente da Sarang, de homens adultos desorientados a procura do romance favorito das pessoas amadas até senhorinhas de idade avançada, com seus cabelos brancos e macios como teias de seda, e que adoravam lhe apertar as bochechas ou afagar seu cocuruto quando sua ajuda era de fato, muito útil.

Jungkook ainda se abria somente para os mais chegados, porém, adotou uma conduta profissional e simpática inapta, cativante e ágil, compensando sua falta de palavras com a sua habilidade de encontrar qualquer título perdido nos milhares de outros que Namjoon possuía. Taehyung o chamava de anjo sempre que tinha tempo e oportunidade, o professor em aguardo do momento que ele iria choramingar para que JK se juntasse ao quadro de funcionários escassos da Sarang, e Yoongi o ensinava sobre uma história que ainda não tinha lido, esbanjando suas experiências em particular com textos bons e outros ruins. Educando-o como classificar um achado promissor e dispensar completamente algo que não valia a pena perseguir.

Era certo que no final do dia, Jungkook sempre se munisse de pelo menos um material de leitura antes de dormir, as vezes, adentrando pela madrugada de tal maneira que Namjoon, desperto em uma espécie de semi vigilância que adquiriu inadvertidamente desde que seu hóspede mais adorado chegou, um sexto sentido tão apurado quanto de qualquer híbrido, se fosse seu caso, era levado a luz acessa de seu quarto emanando pelo corredor, e o som das páginas virando em uma empolgação concentrada, ou uma e outra reação que lhe arrancava uma risada.

Quase às 22h da noite, Namjoon foi atraído para a voz suave que reverbera pela porta aberta de Jungkook, ecoando pelo piso e pelas estantes de madeira, e não foi discreto o suficiente em sua cautelosa proximidade pelo corredor no escuro.

O pitbull, no entanto, não só não se intimidou como sorriu enquanto continuava a ler uma passagem de Sucessão, um romance francês traduzido para inglês e com classificação mais madura do que ele estava acostumado a ter usualmente em suas aulas, o tenor tilintante e fresco em tom sussurrando as passagens com engajamento enquanto o barulho da chuva batendo contra o vidro da janela fechada, transportava Namjoon diretamente para o cáustico verão provençal do início dos anos 2000, andando pela idílica vila labiríntica do Gard onde ficava a casa de família de um dos protagonistas, mas precisamente de sua avó materna, que ao ir recuperar souvenirs de seu passado, acaba encontrando seu futuro amor. O professor falou sobre esse texto para seus alunos estrangeiros na Universidade de Londres quando deu aula sobre romantismo.

Cão de Briga | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora