"Ao fugir de seus captores, cansado de ser usado como instrumento de violência em lutas clandestinas, Jungkook, ou JK, um híbrido de pitbull, em uma turbulenta noite, acaba indo parar com o Prof°. Kim Namjoon, um homem solitário, gentil e altruísta...
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Quando a data chega no dia seguinte, uma paz momentânea se espalha, como um arauto em pausa para anunciar os espíritos festeiros novo e velho reunidos, e determinados a tornar o final daquele ano regado a inerente felicidade.
Tanto o duplex de cima quanto a Sarang estavam banhadas em luz dourada e decoração branca e prateada de Natal.
A lareira é acesa e a quentura que emana pelo ambiente é de um aconchego quase egoísta em contraste de como o clima beirando ao glacial do lado de fora aos poucos tornara-se, dando aos metros quadrados, a aparência de um cardigã recém lavado e seco à um sol de outono. Tudo estava impregnado de uma névoa âmbar - acastanhada que dançava com o açúcar de confeiteiro das comidas variadas, e aparentemente deliciosas, já dispostas em uma mesa larga e ampla, flutuando aromas de canela e maçã assada. Risadas e alegria constante.
A música que toca é um pop moderno e sussurrante, quase não rivalizando com as conversas animadas que se espalham pelo espaço que ainda nem estava cheio o suficiente, já que Min Yoongi estava preso no trânsito com sua moto e seu uísque tradicionalmente sul-coreano, e vários presentes, e Moonbyul com a van, trazendo Coco e outros filhotes mais velhos, e que não foram abrigados com tutores para as festas, animados com a apresentação de seu coral ensaiado com esmero.
Jungkook, no entanto, ainda estava confinado no quarto de Namjoon, do qual o humano lhe cedeu para se arrumar e fugir momentaneamente da cacofonia animada dos convidados. E mesmo que amasse a ideia de comer todas as guloseimas agridoces para assim guardar na memória afetiva de seu paladar tal explosão de prazeres feitos por Jin, brincar com Coco ou se vestir com as roupas novas que Taehyung lhe deu, tricotadas por suas mãos com ternura e cores vibrantes, algo o travava um pouco, como uma parca sensação de que alguma coisa nova estava prestes a acontecer e ele ainda não havia decidido se era bom ou ruim.
Fita-se no espelho de corpo inteiro, observando a gola mais baixa do que o usual de seu suéter. A coleira de aço grosso reluz de maneira opaca contra a lâmpada baixa do abajur de cabeceira e era feia em comparação a suas roupas limpas e cheirosas— não se ajusta naquele tom de índigo cinzelado do moletom por baixo da lã lavanda — e a presença dela o incomoda a ponto de enraivece-lo.
Sem perceber, seus olhos se enchem de lágrimas, algo que em sua condição de cachorro não seria possível de acontecer, e o choro que interrompe por seus pulmões menos poderosos, doem. Chorar dói, os sentimentos doem naquela capa de carne e ossos, macia onde antes ele era áspero e grosso, e forte onde ele era frágil e cicatrizado.
Jungkook se lamenta em seus arquejos e sufocos, e pelo crescente pânico, que apesar de tão raro em dias como aquele, sempre o paralisava. Roubava seu fôlego como um ladrão e o deixava à deriva de seu próprio desespero e angústia para se afogar de novo e mais uma vez num ciclo interminável de pavor e medo cego debilitante.
Neste instante, alguém bate à porta duas vezes. Contente demais para alertá-lo.