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Alguns dias se passaram desde o incidente e Felix já estava acordado, mas estava apático, não queria comer nem conversar, apenas deitado na cama, olhando para o cobertor branco como se lembrasse de sua noite com o demônio. Claro que doeu, foi desconfortável, foi estranho, ele não queria levantar de lá, apenas se fosse para ir ao banheiro, porém não tinha coragem nem de se olhar no espelho e encarar seu reflexo abatido, por dentro e por fora. Na verdade, passava direto por ele. Ele sentia pontadas na região do pescoço, no local da mordida, era ardente e ainda conseguia sentir os dentes perfeitos cravados ali. Era horrível.

Depois que Felix acordou, jisung não parava quieto e ficava perguntando: “Você está bem?” a cada dez segundos. Ele estava preocupado, e havia razões óbvias para isso, mas o sardento ainda achava que era um exagero. Eles não conversavam muito, o Lee queria ficar sozinho para limpar sua mente confusa e, embora o menino entendesse perfeitamente sua vontade, sempre havia o medo de que algo pudesse acontecer com ele, o que acabou por deixá-lo inquieto.

A atmosfera entre eles era estranha, como se algo os impedisse de falar um com o outro. Chan e Seungmin iam até lá de vez em quando, ele não queria falar nem mesmo com o casal, ele se sentia culpado por preocupar a todos, mas ele estava sozinho consigo mesmo. Sentia que realmente precisava daquele tempo. Como os pesadelos o tornavam mais complicado, adormecer era ainda mais difícil e Jisung teve que lhe dar pílulas com efeitos soníferos para ajudá-lo a dormir melhor à noite.

Naquele momento, ele estava sentado em sua cama de costas para a parede branca, olhando pela janela as nuvens que passavam lentamente, seu corpo dolorido latejando e tentando suportar a dor. Mas um acontecimento inesperado o atingiu, ele se levantou tonto e com vontade de vomitar, correu para o  banheiro, abriu a tampa do vaso sanitário e começou a jogar tudo fora,
Naquele instante, Jisung entrou na sala, ouviu o barulho e imediatamente correu até ele. — oh, meu deus! — ficou aflito, segurando os fios de Felix e massageando suas costas ele o ajudou.

Quando o mais velho conseguiu se acalmar um pouco, o Han lhe ajudou a se deitar e saiu em busca do seu médico. Seus pensamentos estavam confusos, mas achava que o vômito fosse por conta da sua falta de alimentação, já que não se preocupava muito com ela. Jisung e o doutor entraram no quarto e foram até ele. — Sr. Lee, você está bem? Seu primo disse que acabou de vomitar. — Ele disse. —  Estou bem. — Ele respondeu com um olhar incompreensível. — Só vou fazer um rápido checape para ver se está tudo bem. — disse ele sem acreditar, ajustando o estetoscópio na orelha e preparando a outra ponta para descansar em seu peito, pronto para ouvir os batimentos cardíacos do jovem.

Preocupado que a condição do menino tivesse piorado, Jisung os observou nervosamente. O homem de jaleco franziu de leve as sombrancelhase e retirou o aparelho, ele pegou uma pequena lanterna do bolso do jaleco e a ligou. — mostre os olhos, por favor. —
Lee fez o que lhe foi dito, a luz forte quase o cegou, ele analisou seus olhos azuis relutantes contra a iluminação por um tempo e depois a desligou. — okay, Felix. Pode me dizer o que está sentindo? — ele preparou sua prancheta. — Estou me sentindo cansado, com sono e enjoado. — ele aponta. — algo mais? — Felix pareceu pensar por mais alguns segundos. — Tonturas, dores no pescoço e nas pernas. Só isso. — escreveu no papel e o olhou de novo. — certo, vamos analisar. Eu venho aqui com você mais tarde. Enquanto isso, coma alguma coisa e descanse, você está muito fraco. — ele indica e deixa a sala, Han o olha com o olhar que o mais novo conhecia muito bem. — hyung, você está bem?



— Han, não se preocupe comigo. Eu estou bem. — volta seu olhar a janela. — como não ficar preocupado? Você está em uma cama de hospital a mais de uma semana e acabou de vomitar, como espera que eu me sinta? — expresssou Jisung com as sombrancelhas juntas. — eu já disse que estou bem! — exclamou em um tom elevado, assustando minimamente o primo, não esperava aquela atitude. — apenas....me deixe só. — foi o que ele pediu, e antes de passar pela porta, Han olhou para o rosto dele e se afastou com o coração pesado quando ele viu seus olhos prestes a explodir em lágrimas, e foi o que aconteceu.

Quando a porta se fechou, ele pôde chorar de alívio. Ele não queria ser tão rude, nem estava ciente de seus sentimentos, francamente ele fez algo para ter que passar por aquilo e definitivamente foi ter se mudado para aquela casa. A mordida, ela ainda latejava mais que o resto do corpo, era insuporto a dor, ardia como fogo. Ele fez um esforço para se levantar e ir ao banheiro e se viu completamente diferente pela primeira vez. Ele não podia acreditar que aquele reflexo era seu. olhos escuros fundos e pele alva em outro nível. Mas quando seus olhos se moveram para o pescoço, podi ver uma mancha preta aparecendo sobre a mordida dos dentes perfeitos, como uma tatuagem formando uma lua crescente. Percebendo que as lágrimas já haviam escorrido, ele se olhou no grande espelho e mirou fundo em seus próprios olhos, sua cabeça começou a se encher de pensamentos ruins. Uma figura ensanguentada de pele azulada com cabelos escuros, um rosto familiar ardendo em ódio e desespero, os olhos pretos o perfuravam como um alerta quando voltou a visão para lá, sua mão fria e suja pressionada contra a camada de vidro com força.



É TUDO CULPA SUA!



Ela estava gritando do outro lado. Sua voz era rouca e quebradiça, como se ela estivesse gritando há muito tempo, mas ainda alta. Felix cobriu os ouvidos para abafar o zumbido irritante, com olhos sempre fechados para evitar encarar os de Jackson, aquela enorme ferida no pescoço ainda sangrenta, ele não se aguentou ouvir os gritos e se desequilibrou, as pernas fracas e coração pulsante, a adrenalina correndo em cada um de seus músculos, um arrepio na espinha e o choque lhe acertou. Ele gritou, não conseguindo aguentar aquele peso em seu peito, aquela dor, aquele pânico mexia com sigo, era pavoroso, a ilusão de que tudo ao seu redor iria desabar lhe rondava, as mãos movimentando-se em um tremor extremo, os soluços eram mais altos que o próprio choro. Quando o vaso enfim quebrou, os gritos se cessaram. Há sangue em alguns cantos, e um ser inocente que nunca quis nada daquilo, tinha sua alma ferida. Aquela coisa sempre o destruiu, ele não tinha posse dela, apenas podia berrar e mesmo com seus esforços não conseguia manter-se bem.



Como sua mãe reagiria a isso?....

Your Body Your Soul || Hyunlix Onde histórias criam vida. Descubra agora