Your Body Your Soul || Hyunlix

" 009 "

Felix...

Acordei em meio a madrugada fria com ruídos e sons estranhos, quando abri meus olhos não encontrei Hyunjin em lugar algum na sala. Me levantei ficando sentado encolhido no sofá, só então notei que as luzes da cozinha piscavam freneticamente e os sons desconexos continuavam a ecoar pela casa.

Algo estava errado...

Mesmo com receio, me levantei e segui nervoso até o início da passagem para a cozinha, eu olhei pelo corredor tentando ver se havia alguém lá, torcendo para que não houvesse, mas não dava para enxergar muito bem. Derrepente as luzes se apagaram por completo, deixando apenas a iluminação de tom laranja do pequeno abujur na cômoda na passagem, e no batente da porta eu vi os olhos brilhantes novamente. Era Hyunjin. As luzes voltaram ao normal mas ainda piscavam sem parar.

— Hyunjin?...—Tentei chamá-lo mas não me respondeu. Aqueles olhos penetrantes me aflingiam profundamente, pude jurar senti-los tocar em minha alma, engoli em seco no mesmo instante — Hyunjin, o que tá acontecendo?...— indaguei e não obtive resposta alguma novamente, tentei me aproximar já sentindo minhas pernas tremerem, só que imediatamente ele soltou um grunhido bravo e me afastei ligeiramente. Eu estremeci, logo escutei seus passos em minha direção, passos leves mas ameaçadores.

E assim que ele saiu das sombras, me deparei com alguém totalmente diferente do que eu vi antes. Suas orbes brilhavam intensamente transpassando um ar de superioridade, suas vestes brancas com algumas manchas de algo que julguei ser sangue, juntamente com seu rosto com respingos vermelhos, suas mãos ensanguentadas pingando o líquido vermelho pelo piso de madeira e sua respiração pesada era a única coisa que se ouvia dele. Me perguntava de onde vinha todo aquele sangue e a quem ele pertencia. Eu arfei de medo, meu estômago embrulhou e um dos piores arrepios subiu pelo meu corpo inteiro.

Ele parecia o próprio demônio...

Ele estava muito diferente e isso me preucupava. Me sentia um coelho diante de um predador faminto. Seus passos continuavam a seguir em frente e conforme ele se aproximava eu me afastava. O medo estava estampado em meu rosto, minha garganta secou e a única coisa que eu conseguia fazer era recuar.
-— h-hyun...— com um fio de voz tentei mais uma vez chamá-lo, mas foi em vão. Eu senti o sofá bater contra mim, me encurralando, eu poderia correr, portanto, ele me alcançaria de qualquer forma, e como eu estava sem saída parei os passos, mas ele não.

Ele continuou a caminhar até ficar a minha frente. Eu estava com medo, não sabia o que fazer, correr como nos filmes de terror não adiantaria, tentar lutar contra não ia impedir que me matasse, até porque ele era dez vezes mais forte que eu, seria como um suicídio.

Ele levantou uma das mãos e levou lentamente ao meu rosto, a sensação do líquido ainda fresco em contato com minha pele era agoniante, minha respiração estava acelerada, meus olhos tremiam com a visão que eu tinha dele, o que estava acontecendo, afinal?— eu estou cansado, lixie...— pela primeira vez ele disse algo com seu olhar baixo, mas fiquei ainda mais confuso — oque v-você fez...? — vi um sorriso perverso se formar em seus lábios e novamente, senti um arrepio — isso você não precisa saber agora, amor. Mas prometo que um dia saberá de tudo..— ele sussurou a última parte como se fosse um segredo. Minha curiosidade apenas atiçou mais ainda, todas as coisas que ele dirá eram confusas e mistériosas demais, eu não conseguia compreender aquela situação.

Ele mantinha o sorriso nós lábios enquanto eu tentava evitar sair correndo dali como se minha vida dependesse daquilo, porque talvez realmente dependesse. Hyunjin se aproximou mais ainda e chegando perto de meu pescoço, suas mãos rodearam minha cintura colando nossos corpos e me sujando também, senti seu nariz gelado roçar em minha pele, eu estava paralisado pelo pavor, minha respiração estava falha e meu coração batia com presteza. Ele parecia tão calmo, enquanto eu me mantinha sempre alerta. Eu só esperava não encontrar nenhum corpo ensanguentado em minha casa novamente.

— eu quero dormir com você...— me surpreendi — d-domir...comigo? — apertei mais meu punho.

Hyunjin se afastou mínimo e voltou a me encarar novamente, pegou minha mão e eu me segurei para não puxa-la de volta, ele me guiou até a escada e subimos até meu quarto. Lá ele soltou um suspiro e deixou minha mão de lado — espere aqui, baby. Irei tomar um banho, acho que estou precisando — comentou e riu como se fosse uma piada — não ouse dormir antes de mim, entendeu?...— eu não conseguia nem mesmo me mover quem dirá pregar meus olhos. Eu continuei em silêncio, me sentando na beirada da cama ele se aproximou — eu não vou demorar — fez um leve carinho em meu cabelo e depositou um beijo em minha testa, ao qual me causou calafrios, após isso ele foi para o banheiro e eu soltei o ar que nem percebi ter prendido.

Eu precisava entender o que estava acontecendo, Hyunjin não era nada normal, isso eu já sabia, e tinha a total certeza que ele não iria embora se eu pedisse. Eu precisava contar para Bang, pedir a ajuda dele para me tirar de lá, não poderia ficar na mesma casa que Hyunjin sabendo que ele era um assassino a sangue frio. Então procurei meu celular por todo quarto enquanto ele se ocupava no banheiro, portanto, não estava na estante, não estava na cômoda, não o encontrei nas gavetas e nem mesmo na penteadeira, não estava em lugar algum, eu fiquei inquieto, eu precisava ir embora dali.

— está procurando por isso?...— eu fiquei em choque, quando me virei, Hyunjin estava com meu celular em mãos e o mais impressionante era notar que ele já estava vestido, como ele conseguia fazer tudo tão rápido? Com uma cara séria ele me encarava friamente, minhas mãos tremeram e eu tentei me manter calmo — o que está fazendo com meu celular?
— eu sabia que você iria tentar fazer alguma coisa, eu te conheço, lixie...— respondeu e guardou o aparelho no bolso de sua calça moletom preta sem quebrar o contato entre nossos olhos — eu sei de muita coisa sobre você — ele caminhou em minha direção — o que você quer de mim? por que está aqui? — não consegui me manter, e então o silêncio se instalou.

— porque sou obscecado por você...

Oiie
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