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Lee Felix....



Eu li aquela frase muitas vezes e tive o privilégio de sentir meus olhos marejarem com a ideia de que não foi Betty quem escreveu o bilhete, causador da minha ansiedade neste momento. Aliás, faz um tempo que não a vejo. Se passou uma semana desde aquele dia e tive a chance de perguntar sobre ela para Jisung, mas ele não sabia me dizer por onde ela estava.

Me resuso a pensar que ele tenha feito algo à ela. Mas, talvez eu não a veja passar por aquela porta novamente.

Talvez...

É engraçado pensar como essa palavra define minha vida...


Talvez eu me livre, talvez não.


Talvez eu fique, talvez não.


Talvez eu viva, talvez não....


E assim sigo, sem certeza de nada. São desconhecidas as probabilidades e desconheço o que me aguarda no futuro. Tudo que sei é que errei em me mudar para cá. Também não sei se, quando eu sair - ou se eu sair - daqui quero voltar para aquela casa, e encarar novamente as visões do dia do assassinato. Sempre vou me considerar o culpado por aquela noite. Foi assustador. Foi horrível e, com certeza, não quero provar daquele medo outra vez, assim como não quero pensar nisso novamente.

A porta se abre e por ela o médico penetra o cômodo segurando sua habitual prancheta e seus óculos retangulares. Seus pés caminham até mim e jisung com calma, acho que ele está com meus exames em mãos, mas sua expressão é alarmante, e é disso que eu tenho medo.

- Já saíram o resultado do exame? - pergunto, reparando em como ele se retém. - S-sim, já saíram. - o tom que ele usou ao falar me soou diferente. - E então? - Han o incentiva a prosseguir. Ele divide seu olhar entre mim e o papel em suas mãos, e ao ver seu rosto tão diferente, sinto-me ainda pior, como se estivesse aguardando a pior resposta da minha vida.

- Eu espero que você não se abale tanto... - ele diz, tentando me preparar para algo.

É um ótimo começo de conversa, Dr. Kim

- Dr. Kim, você está me deixando nervoso. Diga logo. - Han insiste. - É-é complicado. -


- Fale. - o vejo respirar fundo pela pressão. Só não quero que minha vida esteja em perigo... - Você está grávido, faz duas semanas e poucos dias...

Quando as palavras saíram de sua boca sem volta, eu não quis mais estar vivo. Meus olhos se molharam com a aparição de lágrimas e permiti que elas despencassem deles sem impedimento, espalhando por minha roupa as gotas pesadas e amargas de minha dor. Eu sinto de maneira clara a maneira que meu ego foi abalado. Estou com medo quanto a tudo isso.... Por grande parte da minha vida, vivi sentindo medo de sair em busca da felicidade e ter enormes desapontamentos. Talvez seja sequelas de um relacionamento traumático, que, por credulidade, tentei levar adiante e acabei internado no hospital. Naquele dia, vivenciei da pior maneira o sofrimento da minha família, o pior era saber que aquelas lágrimas eram consequências de erros meus. Não sei como reagir, apenas desabo em silêncio diante do meu médico, que me enxerga com compaixão, vendo apenas como a dor é capaz de destruir uma pessoa.

- I-isso não pode ser verdade... - uma tonalidade seca de voz saiu de Han. Ele parece tão em choque, pensar nele deve ser um dos outros motivos pelo qual meu coração doe veementemente.

- Eu sinto muito pela horrível experiência que teve neste hospital, Sr. Lee. Não queríamos que fosse assim... - lamenta o médico, ele se curva como um sinal de vergonha e respeito. - Vou deixá-los a sós. - Ele anuncia e se volta para fora, Han vem ao meu encontro. Sinto meu corpo ser envolvido com seus braços. Parece tentar plantar alguma luz no cômodo que me ilumine, mas tudo que enxergo é escuridão, e talvez uma realidade muito diferente...


Your Body Your Soul || Hyunlix Onde histórias criam vida. Descubra agora