"Se você ama, deve deixar ir"

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Eu estava na pequena sala que era o "quarto de Tom". A casa era pequena e havia sido invadida a pouco tempo, esse era o real motivo pelo qual o quarto portava uma pequena cama de casal, um sofá pequeno na frente da cama e um tapete simples. No quarto havia um banheiro também, pequeno mas o suficiente para Tom sozinho. Estava sentada no sofá olhando a janela com olhos brilhantes. Encolhida com os braços abraçados com minha pernas dobradas. Eu estava com o mesmo pijama que usei durante o longo e torturante tempo que estava com Brian.

A cicatriz em meu joelho ainda não havia cicatrizado totalmente, não deixaria isso atrapalhar minha rotina.

Tom entrou e fechou a porta atrás de si, ele se jogou na cama com a cara em seu travesseiro. Olhei pra ele por segundos, mas voltei minha atenção para a vista da janela. A casa era um pouco longe da cidade assim como na antiga, haviam diferenças entre as duas moradias. Tom percebeu que eu estava hipnotizada olhando para a janela.

"Você gosta de sair?" Ele perguntou com sua voz fria e grossa.

"Gostava" corrigi sua pergunta o olhando e revirando os olhos voltando minha atenção para a janela.

"O que você quer dizer?" Ele perguntou meio irritado antes que eu percebesse que havia mexido com a fera.

"Nada...demais" Respondi com a voz em tom de tristeza.

"Pode parecer idiota pra você" disse reciosa com seu olhar de ironia "eu sinto falta de sair" disse gesticulando com as mãos.

Eu estava nervosa em questão de conversar sobre isso com Tom. Ele poderia se irritar facilmente e me tratar como antes novamente e esse era meu medo principal.

"Sai" ele disse simples.

"Hã?" Murmurei olhando para ele surpresa com sua resposta.

"Pode sair!" Ele completou como se não se importasse.

Confesso ficar feliz com a suas falas, eu realmente queria ir embora. Sentir o ar voar sobre meu rosto, folhas ao chão no outono , curtir o verão de férias, ver a lindas flores aparecerem na primavera e fazer bonecos de neve no inverno. Abri um leve sorriso ao pensar em como seria divertido me livrar de Tom. Ele havia feito um inferno em minha vida, eu realmente queria voltar para casa. Eu estava me sentindo bem pela primeira vez em muito tempo.

"Está sorrindo?" Tom perguntou com peso na voz e rindo um pouco me acordando de pensamentos alheios

"Você...você me deixaria ir pra casa?" Sorri esperançosa mas sentindo aquele sentimento de bem estar sumir pouco a pouco surgindo as dúvidas se deveria ir ou não.

"Bem...sim" ele respondeu sério e ainda com seu peso na voz e dessa vez com um olhar duvidoso que eu estava feliz e ocupada nisso para desvendar seu olhar.

"Tom...não está brincando né? Não vai atirar em mim enquanto estiver indo!" Me levantei do sofá ficando de frente para Tom.

"Argh! Eu já disse que você pode ir embora pare de insistir em achar que estou mentindo!" Ele se irritou levantando e ficando sentado.

"Porra você é legal em um segundo e no outro você é ruim?! Eu não te entendo!" Gritei. Por incrível que pareça ele ficou quieto apenas com as mãos no rosto.

Senti meus olhos arderem de emoção, eu apenas queria chorar de alegria e esquecer o que havia sofrido enquanto Tom me mantinha consigo. Eu estava feliz, mas não sentindo mal por deixar Mel. Logo me despreucupei pois Bill e ela estavam apaixonados, meu maior medo era Tom matá-la por seu irmão ficar "fraco".

"Amanhã você vai...está tarde eu não iria querer que te sequestrem denovo e você quase morra" senti meu coração a flor da pele com as palavras de Tom, ele disse que eu estava podendo ir embora, mas eu iria no dia seguinte por medo de me sequestrarem novamente.
Ele estava se mostrando importar-se comigo, isso me preocupava.

Minhas roupas não queriam fechar na mala e sentei em cima dela tentando fechá-la por inteiro. Eu estava começando a ficar irritada e xingar a mala por se recusar a fechar. Fechei a mala e me sentei no chão ao lado da mala me sentindo vitoriosa, até perceber que Tom estava na porta me olhando com um olhar de desconfiança e surpresa.

"Vamos logo esquisita!" Tom saiu da porta com as chaves de seu carro.

Tom estava realmente um pouco irritado, ele não queria que eu fosse. E eu estava ficando chateada, eu não sabia quem seria a sua "garota" daqui pra frente. Se ele fosse achar que passaria a madrugada toda com ele estaria enganado. Eu não deixaria ele mandar em mim novamente. Apenas aceitava por medo de morrer aos 20 anos, mas agora eu estava livre pra fazer o que quiser.

TOM's POV:

O fato de Esther ir embora me deixa irritado. Ela vai me deixar, até posso entender seu lado, eu fiz várias coisas contra ela apenas para erguer meu ego e descontar raiva. Me arrependo de dizer que ela poderia ir, mas isso vai deixar ela feliz. Talvez se Bill quiser Mel também pode ir, mas duvido muito que ela vá. Fiz de sua vida uma vida infeliz, um verdadeiro inferno onde eu sou o governador, o diabo. Esther provavelmente me odiava. Tentar ser legal com ela nos últimos dias não deu muito certo, eu realmente queria que ela ficasse. Talvez ela quisesse que eu não fosse quem eu sou, ou até mesmo que eu não existisse. Antes ela cuspia palavras em mim e sempre batia de frente, agora eu a fazia tremer a espinha apenas por chegar perto.

"Coloque sua mala aqui" olhei só redor ao ver Bill na porta da garagem. Estávamos lá fora e eu pedi para que Esther colocasse a mala no banco de trás.

Bill fez sinal pra mim e eu me aproximei com cara séria.

"Você tá bem?" Ele suspirou.

"Parece que eu estou bem?" Perguntei um pouco irritado.

"Você não quer que ela vá...né?" Bill perguntou adivinhando meus pensamentos.

Apenas o encarei com olhar de quem não se importa.

"Se você gosta dela, deve deixar ela ir" Ele respirou fundo e colocou sua mão no meu ombro.

Meus olhos começaram a arder e a lacrimejar, era dor de ver alguém ir embora. Esther de certa maneira me importava e eu me sentia ruim pra ela. As lágrimas desceram de meu rosto ao encara-la de longe encostada no carro esperando com a porta aberto. Eu não a deixaria ir, mas Bill estava certo.

Dei um tapinha no ombro de Bill e fiz sinal com a cabeça, em seguida andei até o carro onde Esther entrava e eu dava partida.

A pior parte foi sentir meu coração acelerar e um sentimento ruim dominou minha mente. A raiva me fez derramar algumas lágrimas enquanto dirigia, a visão embaçada por olhos marejados como os meus me fez se sentir horrível.

Parei o carro perto da casa de Esther a fazendo se duvidar o porquê. Eu estava furioso pelo fato de Esther ir embora, eu não a impediria naquele momento. Eu estava com mão sobre a testa e derramando lágrimas silenciosas.

"Saí do carro!" Murmurei fazendo Esther ficar confusa.

"O que?! Por que?!" Ela perguntou surpresa e confusa.

"SAÍ DO CARRO!" Repeti em um tom mais alto e forte pra ela revelando os meus olhos cheio de lágrimas e meu rosto molhado.

Sem dizer nada Esther pegou sua mala e saiu do carro imediatamente. Dei partida saindo e fazendo barulho pelo radiador com a velocidade do carro aumentando. Última coisa que vi sobre Esther no momento foi pelo retrovisor, a velocidade da partida do carro fez uma rajada de vento fazendo seus brilhantes e cheirosos cabelos ruivos voarem sobre seu rosto, havia um pequeno corte por culpa de Brian em seu rosto delicado de pele pouco pálida.

Me acalmei um pouco enquanto dirigia, senti que Esther guardaria rancor de mim e pensei em voltar. Eu já havia expulsado ela, não poderia voltar atrás. Ver Esther ir embora foi uma grande dor no meu peito. Bill estava certo, ele apenas não avisou que doía a mais que uma facada.

Nunca me senti assim, Esther é a única que mexeu comigo...


* * *

Vem babado por aii

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐎 𝐂𝐀𝐎𝐒 - Tom Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora