17. I Remember You

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- A entrevista foi um sucesso e as fotos ficaram ótimas, não é amor? - disse Lolla encostando a cabeça no ombro de Lennie enquanto saíam do prédio da Red Magazine.

Mas Lennie mal prestava atenção no que ela dizia. Passou a última noite em claro ensaiando cada palavra que disse naquela maldita entrevista. A vontade dele era mandar todos a merda e acabar com essa patifaria de casamento arranjado.

- Amor, vamos almoçar na Rodeo Drive? - Lolla insistia em chamar a atenção dele

- Lolla, na boa, estou querendo ir tomar um drink na Rainbow e depois ir pro hotel, sozinho. - disse Lennie

- Amor, são 11 horas da manhã! - exclamou a modelo

- Lolla por favor, pare com essa voz melosa e pare de me chamar de amor. Você nunca me chamou assim. Entenda, que eu só estou fazendo isso pela Sharon's Ghost. - disse Lennie soltando as mãos de Lolla e caminhando apressadamente a sua frente em direção ao bar.

- Uma dose de wisk, dupla e sem gelo - disse Lennie ao bartender

- Dia difícil, Lennie? - respondeu o jovem rapaz de cabelos castanhos

- Tão difícil quanto aturar esse som aí - disse virando o copo e apontando para os auto-falantes que tocavam I Remember You do Skid Row.

"Nós passamos o verão com as cortinas fechadas
Queria que sempre fosse assim
Você disse: Eu te amo, querido - sem um som
Eu disse que daria minha vida por apenas um beijo
Eu viveria por seu sorriso e morreria por seu beijo"

Lennie não conseguia parar de pensar em Penny. Aquela menina mexeu com algo dentro dele que nenhuma outra mulher sequer havia chegado perto.
Era muito injusto que ele não pudesse vê-la de novo. É muito injusto o preço que a fama estava cobrando dele : casar com alguém que não ama, viver uma mentira para sustentar o sonho de seus melhores amigos é um peso as vezes muito pesado.

" O show Business é uma merda" - pensava

- Ei, mais uma por favor- disse novamente para o garçom

Já era mais de 11:00 pm quando saiu cambaleante do clube e perdido em seus pensamentos após incontáveis doses de wisk.

- Quer companhia?

Lennie olhou para o lado de onde vinha essa voz e se deparou com uma jovem loira de uns 22 anos que estava indo em direção aos clubes. Provavelmente uma stripper ou prostituta, ou ambos.
Ela vestia uma saia colegial xadrez e um corpete - como as roupas que Penny usava quando se conheceram - seus cabelos loiros marcavam um rosto jovem, porém marcado pela vida nada fácil dessas garotas. Ela não era a Penny, mas aquela altura isso não importava mais. Ele só queria acabar com a dor que sentia naquele momento. Ela não era a Penny, mas poderia fingir que era.

- Vem comigo, Penny - disse pegando aquela mulher pelas mãos e adentrando o primeiro hotel que pôde reconhecer naquela rua cheia de pessoas.
Ali era Los Angeles, a luxuosa selva onde cada qual com sua tristeza e seu vazio. E todos tentando preenche-lo com bebida, sexo, música e drogas. Havia uma Los Angeles para cada alma triste e solitária.

Ao chegar no quarto, Lennie jogou a mulher na cama e violentamente tirou suas roupas beijando todo seu corpo.
A garota, em êxtase correspondia a cada toque do músico.

- Penny - dizia com a voz embargada - você é demais Penny

- Meu nome é Julia - disse a mulher sendo interrompida pela mão de Lennie em sua boca- hoje você é minha Penny

Lennie abaixou as calças e nem sequer se deu o trabalho de tirá-las. Ao penetrar a garota, com insessantes movimentos de vai e vem o rockeiro arrancava suspiros e gemidos da mulher que gozava e suspirava em seu ouvido enquanto arranhava suas costas e beijava seu pescoço.
Lennie retribuía cada carícia com suas mãos,que brincavam incessantemente com os cabelos da garota enquanto a beijava.
Após se derramar de prazer no corpo da garota, Lennie a abraçou e disse exausto e suado

- Eu te amo, Penny - e adormeceu a envolvendo em seus braços

Eram 10:00 am quando o sol começou a incomodar os olhos de Lennie. Sua cabeça parecia que ia explodir e ele criava coragem para abrir os olhos.
Não fazia a menor idéia de onde estava e se assustou quando sentiu um movimento em cima de seu braço direito, ao abrir os olhos se deparou com uma mulher nua que dormia tranquila.

- Merda! - exclamou o rockeiro

- Bom dia, Lennie Sharon- disse a voz da moça que espreguiçava ao seu lado sonolenta e sorridente.

- Bom dia, o que aconteceu? - perguntou o rockeiro

- Para mim a noite mais maravilhosa da minha vida - disse sem conter a alegria - já você parece que teve uma noite bem ruim e uma decepção amorosa com a Penny

- O quê? - toda a ressaca parecia ter passado ao ouvir esse nome - O quê disse?

- Você me chamou de Penny a noite toda, querido. Mas não se preocupe isso é muito comum na minha profissão - disse tentando disfarçar um olhar triste

- Eu sinto muito, não quis... - Lennie tentou consertar a situação

- Não se preocupe, Lennie - disse com um sorriso - Essa Penny é uma mulher de sorte, se você faz com ela como fez comigo, ela jamais vai conseguir te esquecer. - respondeu a jovem loira

- Quanto lhe devo? - perguntou o músico tentando desconversar

- Olha, sou fã da Sharon Ghost, o prazer foi todo meu, literalmente.

Lennie alcançou sua carteira, pegou uma caneta na mesa de cabeceira e preencheu um cheque de quatro mil dólares.

- Por favor, não conte a ninguém sobre o que aconteceu hoje, tudo bem?

A garota olhou boquiaberta para o cheque em suas mãos e agradeceu Lennie com beijo que não foi correspondido como ela imaginava.

- Obrigada, vou tomar um banho e me vestir.

- Fique o tempo que quiser - disse Lennie se vestindo - O quarto vai ficar pago até o check in das 14 horas e muito obrigado.

Lennie saiu do hotel, dando uma boa gorjeta para o recepcionista ao certificar que o jovem o registrara com o nome de Jhon Smith.

Ao adentrar o seu próprio quarto de hotel, o telefone tocava

- Pronto - disse Lennie

- Onde esteve? Precisamos urgentemente sair para visitar os imóveis - dizia Lolla histericamente ao telefone

- O quê? - Lennie só queria dormir e esquecer esse inferno

- Se arrume, estou pegando um táxi para o seu hotel, daí saímos para encontrarmos o corretor em West Hollywood.

"Vai a merda" - pensou

- Tudo bem - disse Lennie desligando o telefone e desejando que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo.

O Grito do SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora