Penny ouvia o médico com uma expressão incrédula. Como assim grávida? Ela não conseguia absorver a idéia de ter um bebê, o filho de seu ídolo crescendo dentro dela. Quando teve os pensamentos interrompidos pelo médico:
- Esse final de semana estarei fora da cidade em um congresso em Washington, aliás saio daqui duas horas- disse o homem sorrindo- Mas assim que eu voltar passo na Igreja para parabenizar seus pais. Não esqueça de entrar em contato com minha secretária para possamos começar o pré-natal. E mais uma vez, parabéns ao casal.
Dr. Mcload atendia plantões semanais no Brigham City Community Hospital, mas o médico morava em West Jordan, por isso certamente ainda não estava a par dos últimos escândalos.
- Preciso fugir de casa urgente, meus pais vão acabar comigo! - dizia a garota para Rick enquanto se afastavam do hospital
- Venha morar comigo! No domingo você completa 18 anos e seus pais não podem te impedir de nada. - disse Rick tranquilizando a garota.
- Obrigada, Rick- ela disse ainda aérea por tudo o que acabara de ouvir - vou pra casa agora.
Esther andava pelas ruas da cidade sem acreditar tudo que estava acontecendo. Como ela iria agir? Não tinha emprego, e certamente ninguém além de Rick em Brigham City lhe estenderia a mão, principalmente se ela saísse de casa.
Se ela contasse aos pais, ela nem faz idéia de como eles iriam agir, além do mais, mesmo que eles a aceitassem, esse seria o último lugar que ela gostaria de criar um filho...
Um filho... Ela já estava pensando no filho... Ela precisava tomar uma atitude.
Ao chegar em casa, recolheu as cartas na caixa de correio e entrou. Estava sozinha em casa. Deixou as cartas em cima da mesa quando uma delas chamou a atenção:Karl Friedman
Sunset Boulevard 765, sl234
Los Angeles - CASeu coração gelou naquele momento. Seria Lennie tentando falar com ela? Ela virou a carta e nela dizia
Igreja Adventista do Sétimo Dia
Rua Elder S/n
Brigham City - UT"Ainda erraram o nome da Igreja" - pensou rindo
Não contendo a curiosidade, Esther abriu o envelope e se deparou apenas com um cheque de 5 mil dólares, escrito no verso do mesmo: "doação".
Ela se lembrou da conversa que seu pai e esse Friedman tiveram ao telefone, o alemão mencionava mesmo uma doação. Pelo visto aquele homem estipulou seu valor em 5 mil dólares.- Se meu pai diz que sou uma prostituta, e o Lennie também está me tratando como uma, então nada mais justo que o pagamento fique comigo - disse para si mesma guardando o cheque no bolso da saia junto com o envelope pardo.
A garota subiu para o quarto, pegou sua mochila que estava esquecida desde o dia que voltou de Denver e ao abrir conferiu o envelope grande dentro dela: ainda havia ali 1000 dólares que sobrara do dinheiro do colar, ela juntou o cheque dentro do envelope e guardou novamente na mochila.- Agora temos 6 mil dólares, querido - disse passando a mão na barriga.
*********
No domingo, Penny acordou cedo. Ela sonhava com esse dia a vida toda, o dia em que finalmente seria maior de idade. Mas esse sonho desde sua volta de Denver mais se parecia com um pesadelo. Não teve parabéns, não teve festa, não teve presentes.
Ela caminhou até o quarto de Jhon e abriu a gaveta de sua mesa de cabeceira e lá a garota encontrou uma foto que seus pais tiraram do primeiro dia de aula do garoto:O ano era 1990 e o menino chorava grudado na saia da irmã quando ela se abaixou na altura dele
- Querido, indo para esse lugar - disse Esther apontando para a escola- você pode ser tudo o que você quiser!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Grito do Sangue
Mistério / SuspenseEsther, ou Penny, como gostava de ser chamada era uma adolescente criada com rigor por seus pais na pequena Brigham City no Estado de Utah. Nas férias de verão de 1997 a inocente Penny foge para a cidade de Denver, no Colorado em busca de um único o...