O Grito do Sangue

16. In Utero

Uma lágrima caiu dos olhos verdes de Esther assim que ela terminou de ler a matéria principal da Red Magazine.

- Casar? O Lennie vai se casar com a Lolla? - a garota murmurava sem acreditar - Uma simples fã que ele não conhecia... Era só isso que eu representava pra ele?

Rick que comprara a edição da revista e mostrou a amiga apenas a olhava com tristeza. Depois de tudo que sua amiga contou sobre a noite maravilhosa que teve com o rockeiro, com certeza ler tudo aquilo deve te-la chateado muito e a única coisa que poderia fazer naquele momento era abraçar a amiga.

Esther voltava para casa com a revista nas mãos, quando decidiu tomar um sorvete na Sorveteria Polar, que fica na frente da igreja de seu pai, onde ela ia todo final de culto com suas amigas.
Ao adentrar a sorveteria, um silêncio se fez presente. Numa das mesas estava sua agora ex- amiga Sarah junto de Monica.

-Por favor, um sorvete de chocolate - disse Esther ao atendente que a olhava com desprezo

Ao pegar seu sorvete e pagar se encaminhou a parte externa da sorveteria onde ainda conseguiu ouvir a voz de Monica:

- Essa vagabunda acabou com a vida do meu namorado.

Namorado? Então era ela a garota que Rick se referia que escolheu mal? Por que ela disse namorado? Será que eles estão juntos?
Uma pontinha de ciúme percorreu o coração de Esther, afinal ela gostava muito do Rick e aquela garota certamente o proibiria de vê -la mais cedo ou mais tarde, e Rick era a única pessoa que ela ainda podia contar.
Ao chegar em casa, o tratamento de seus pais em nada mudou.

-Boa tarde pai, boa tarde mãe.

Sem resposta .

Passou-se um mês e as férias de verão estavam acabando e Esther voltou a Box Elder High School, uma escola considerada modelo para jovens cristãos.
No primeiro dia de retorno, Esther pôde sentir que as coisas não seriam nada fáceis, risos abafados e dedos apontados era o que ela recebia, além é claro, da hostilidade dos professores. Suas ex-amigas não falavam mais com ela, nem sequer perto dela chegavam. As garotas que antes a admirava por ser a filha do pastor, agora murmuravam ofensas quando ela passava.
Era uma sexta-feira, por volta das 6:00pm quando ela saía da escola e Peter, o garoto que Penny havia dado seu primeiro beijo no intervalo da escola há alguns meses, a parou na rua deserta atrás do colégio.

- Oi, Esther - disse o garoto

-Oi Pete, como está? - respondeu a garota

- Com tesão, será que rola uma chupeta ali no cantinho? Saudade da sua boquinha, quero sentir ela no meu pau agora - disse o garoto puxando violentamente Esther pelos cabelos enquanto a segurava pelo braço - ou eu preciso virar um rockstar pra ganhar um boquete?

- Me solta - gritou Penny desesperadamente na esperança que alguém a ouvisse naquela rua deserta

- Todo mundo sabe que você é uma vadia. Todo mundo viu você nos jornais - continuou Peter enquanto a puxava ainda mais violentamente pelos cabelos e agora tentava abrir sua blusa do uniforme

Penny fechou os olhos mas subitamente sentiu que Peter a soltava, quando abriu os olhos e se deparou com Rick dando um "mata- leão" em Peter, que quase o desmaiou.
Em seguida, ela se viu amparada por Benjamin e Bernard enquanto Rick batia descontroladamente em Peter.

- Já chega, Rick, vai matar o rapaz! - gritou Benjamin afastando seu amigo do abusador.

- É o que esse imbecil merece - gritou Rick cuspindo no rapaz que sangrava no chão

Pete era sobrinho do Xerife, que volta e meia era chamado para resolver os problemas que Peter arrumava.

- Vamos, vou levar você em casa - disse Rick abraçando a amiga.