5. Amigos serão amigos até o fim

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Naquela semana após o ocorrido Esther cumpria seu jejum e castigo rigorosamente trancada em seu quarto.
Fora proibida de sair do quarto durante 1 mês, exceto para ir a escola, além de jejuar 12 horas por dia e ler a bíblia pelo menos 2 horas por dia seguidamente.
Ela cumpria o castigo calada não por culpa, e sim para conseguir colocar o plano de ver Lennie em prática.
Ela sabia que o último show da turnê seria em Denver, no Colorado em 45 dias e a data coincidentemente era a mesma do Retiro Levita Feminino anual de Utah.
Esse era o encontro mais esperado entre as meninas que gostavam de música de adoração. Desde os 10 anos de idade, que era a idade mínima para participar, Esther não perdia um encontro.
Esse ano, porém, Esther tinha outros planos...

Esther discou pela terceira vez o número da casa de Sarah, e ao ouvir a voz da amiga, ela desligou novamente. Não era com Sarah que ela queria falar.
Aliás desde o último domingo ela tem sentido sua amiga cada vez mais distante na escola, afinal provavelmente seus pais devem ter falado com os pais dela e isso pode ter prejudicado a amiga.
Novamente Esther disca o número da amiga e a voz que ela tanto esperava atende o telefone do outro lado da linha

- Alô?

-Oi Rick, é a Penny tudo bem?

Rick olhou para os lados se certificando que estava sozinho na sala e continuou:

-Tudo bem. Eu soube do que aconteceu! Os seus pais vieram aqui e me acusaram de ter te influenciado - contou ele rindo

-Desculpe, Rick... - ela disse envergonhada

-Ei, Penny! Nunca se desculpe por ser você mesma! Estou orgulhoso de você! Não ligo para o que falam de mim nessa merda de cidade, você sabe!

Esther sorriu e sentiu seu coração se aquecer com o que ouviu do outro lado da linha e disse orgulhosa

-Obrigada, Rick. Você é incrível.

-Ah, aliás eu estou saindo da casa dos meus pais essa semana. Eu e os meus amigos da oficina alugamos um apartamento no centro.

- Que legal! Torço pra tudo dar certo! Escuta - disse ela se apressando pois seus pais poderiam voltar da igreja a qualquer instante - preciso falar com você pessoalmente, e a sós. Tem como?

- Claro

- Ótimo! Assim que eu sair da escola amanhã, me encontre na mercearia do sr. Leping.

- Te vejo lá, Penny. respondeu o amigo.

Esther desligou o telefone e sorriu.

Três dias atrás, Esther havia visto uma placa contratando um ajudante de meio período na mercearia do Sr. Leping

-Bom dia, sr. Leping! Vi que está contratando.

- Sim, cachinhos - ele a chamava assim desde que ela era pequenina- conhece alguém pra me indicar?

- Na verdade conheço sim, sr. Leping: eu mesma!

O velho chinês fitou Esther de cima a baixo e questionou:

-Tem certeza? Por que?

- Bom, sr. Leping, aprendi em casa e na igreja que o trabalho dignifica o homem!

Espantado pela resposta, o mesmo falou:

- Então pode começar na segunda-feira, Cachinhos! Ou melhor, srta. Parker!

- Até segunda - respondeu Esther rindo vitoriosa.

Ao chegar em casa, cumpriu rigorosamente seu castigo, e na hora do jantar anunciou após a oração:

- Mamãe, papai, John, tenho uma novidade!

Os três olharam para ela. Desde o último domingo Esther e sua família não haviam trocado nenhuma palavra além de bom dia.

O Grito do SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora